A ESCRITURA DENUNCIADA


Coordenadores
Profa. Dra. Vera Bastazin (PUC-SP)
Prof. Dr. Orlando Grossegesse (Univ. do Minho-Braga/Portugal)
Resumo: Partindo-se da concepção de que a crítica é uma das modalidades de gênero literário, o objetivo do simpósio é reunir pesquisadores cujo trabalho está voltado para o levantamento e a interpretação de significados da presença do discurso crítico na composição ficcional em língua portuguesa. Literatura, teoria e crítica devem compor os trabalhos colocados em discussão neste simpósio. Os textos ficcionais podem contemplar a literatura brasileira, portuguesa ou as de origem africana. Os textos de fundamentação para a abordagem da teoria e da crítica literárias estarão abertos, evidentemente, para uma bibliografia de caráter universal. Assim, a leitura da inserção do discurso crítico na narrativa ficcional será o foco das apresentações e a mola propulsora para os debates. Nossa expectativa é de que os trabalhos revelem o que se encobre ou é denunciado pela escritura literária. A proposta inclui, também, possíveis abordagens pelo prisma do cruzamento híbrido entre a construção do discurso crítico-reflexivo e a tessitura do discurso de criação ficcional. "

Subtema: Gêneros literários: fronteiras e ambigüidades

José Saramago: Uma proposta de leitura
por Andresa Guimarães

Resumo
Abordarmos, neste trabalho, as relações existentes entre os romances Levantado do chão (1980) e A caverna (2000), narrativas pertencentes a momentos distintos da escrita saramaguiana, mas que têm como fio condutor a questão do trabalho e do trabalhador, bem como as relações trabalhistas em dois momentos históricos distintos. O primeiro retrata a vida dos camponeses da região do Alentejo em Portugal no final do século XIX, em contrapartida, o segundo, enfoca o processo industrial e o capitalismo. A análise dos valores éticos e da condição social das personagens decorrentes do sistema em que vivem, das injunções da situação familiar e dos conflitos produzidos por essa situação de interdependência é objetivo deste trabalho. Para tanto, traçamos uma linha comparativa entre as duas narrativas em questão, apreciando os diferentes momentos em que foram produzidas, delineando, desse modo, o percurso da escrita saramaguiana e os recursos estilísticos empregados pelo escritor português para estabelecer a critica à sociedade, ao ser humano e à deturpação dos valores éticos.

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A hora da estrela e o Brasil de 70
por Carlos Figueiredo

Resumo
Esta comunicação procura discutir a produção da escritora Clarice Lispector na década de 1970 no Brasil. Para tanto, valer-se-á dos postulados dos Estudos Culturais por entender que tal aporte teórico contempla, de forma mais satisfatória, a relação entre a referida produção literária e o contexto político-cultural da época. A análise, desta forma, parte do texto literário enquanto matéria discursiva cultural e trata de forma específica das questões sociais e culturais que permeiam a obra. Procuramos mostrar, ainda, que a escritora esteve o tempo todo, de alguma forma, preocupada com os movimentos políticos e culturais que estavam acontecendo, a ponto de tirar proveito de tais acontecimentos para a construção de suas histórias que, talvez por isso mesmo, tenham um cunho mais realista. Cabe também enfatizar o questionamento a toda transformação cultural que o período propõe, a exemplo a presença do Regime Militar . Tal apresentação além do incentivo à pesquisa, presta uma homenagem aos 30 anos da morte da escritora e ao lançamento do livro A hora da estrela, pois se entende que o livro em estudo continua atualíssimo tanto na teoria quanto na prática da cultura brasileira.

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SETE MEIS, DAMÁZIO E RAEL: TRÊS VOZES, TRÊS MOMENTOS, UMA CRÍTICA.
por Celia Maria de Paula

Resumo
Ao longo da História do Brasil, violência e autoritarismo predominaram diversas vezes, seja pormeio das autoridades eleitas ou constituídas; pormeio das instituições; oupor meio das relações inter-pessoais e sociais e até mesmo na Literatura. Nestes contextos, muitospersonagensnão têm voz. Há algunsanos, coube aos EstudosLiterários (maisprecisamente àquelas áreas que lidam com a relação entre Literatura e Historia; Literatura e Sociedade) refletirsobre o espelhamento dessas relações na própria Literatura. Oumelhor: como a Literatura, porsuavez, lidacom a problemáticaconcernente à “(não) voz dos excluídos”. Este trabalho analisa os personagensSeteMeis, de O resto é silêncio, Érico Veríssimo, Damázio, o jagunço do conto “Famigerado” (Primeiras estórias), de Guimarães Rosa, e Rael, da obra Capão pecado, Ferrez. Emtrêsmomentosdiferentes da História e da Literatura brasileiras, autoresdiferentes construíram a expressão da “(não) voz do excluído” de formasingular e elucidativa.

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O hibridismo de gêneros em Herança, da escritora mato-grossense Hilda Magalhães
por Célia Maria Domingues da Rocha Reis

Resumo
Herança (1990), romance de Hilda Magalhães, premiado no Estado de Mato Grosso com a bolsa publicação José Décio Filho, apresenta uma entidade narradora e enredo que vão se construindo na estrutura física do romance, na fragmentação discursiva, nas epígrafes que precedem as suas várias partes, nas metáforas e alegorias da atuação dos personagens, na incorporação da música, poesia, artes visuais, lançando uma questão contemporânea sobre a teoria dos gêneros literários e sobre as artes de um modo geral: para onde caminham? Nos termos de Kostas Axelos (Métamorphoses, 1991), a autora faz uma experimentação de mundo, em sua poeticidade, acolhendo dualismos não em sua paradoxal existência, mas na sua complexa unidade: a inquietude habita o repouso, o permanente habita o passageiro e assim por diante. Aproximados na “errância”, na sua dicção e experiência eles seguem um caminho e o abrem, simultaneamente. Uma arte literária que, de outra forma, prescinde da simples narratividade, da realidade necessária de outrora, da obra cuja leitura garantia satisfação mais plena, para assumir-se como representação, que suscita prazer mas também julgamento do conteúdo, meios de exposição, acordos/discordâncias, nutrindo-se de sua própria atualidade, levando à discussão de que os limites entre arte, crítica, reflexão filosófica, não-arte, tendem a se diluir.

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Entre o biográfico, a crítica e a ficção: os papéis do sujeito em "Meu Amigo Marcel Proust Romance"
por Fernanda Mota

Resumo
Neste trabalho, propõe-se a discussão sobre entrecruzamentos de traços biográficos e ficcionais a partir da leitura de Meu Amigo Marcel Proust Romance, de Judith Grossmann. Ao considerar aspectos da biografia da escritora – depreendidos através de entrevistas e depoimentos sobre o romance mencionado – nota-se a inserção de seus múltiplos locais de fala na configuração da narrativa, sinalizando a presença, muitas vezes sob forma de ausências, de marcas biográficas e – a elas embaralhados – de outros campos discursivos, a exemplo da crítica literária. Nesse sentido, no romance supracitado, identificam-se ressonâncias dos diversos papéis exercidos pelo sujeito que o assina, assim como, em suas entrevistas e depoimentos, o traço ficcional e o crítico também podem ser percebidos. Tais papéis de Grossmann (o de escritora, professora de teoria da literatura e crítica literária) serão estudados considerando-se os seus enlaces, nos quais se esmaecem possíveis fronteiras entre a (auto)biografia, a crítica e o texto romanceado.

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Estórias de narrador
por Flávia Cristina Bandeca Biazetto

Resumo
Este trabalho objetiva estabelecer uma análise comparativa entre os contos “ Marcelina”, do angolano Luandino Vieira, publicado no livro A cidade e a infância (1985) e “ Mariazinha Tiro a Esmo” , do brasileiro João Antônio, do livro Malhação do Judas carioca (1976). As obras selecionadas, para a realização deste estudo, têm em suas temáticas um ponto convergente: colocam no centro de suas narrativas histórias de personagens que ficam às margens da sociedade, dando-lhes voz como uma forma de visibilizá-las. Para a realização desta comparação, foi selecionado um elemento estrutural da narrativa para ser enfocado: o narrador. A proposta é explanar o papel do narrador em tais textos, enfatizando a maneira como este componente narrativo apresenta e se relaciona com as protagonistas e as situações por elas representadas.

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Re-construindo o cidadão: a voz do oprimido como procedimento de denúncia em Viva o povo brasileiro.
por Guadalupe Estrelita dos Santos Menta Ferreira

Resumo
O foco da literatura brasileira vem mudando de posição ao longo do tempo. Na literatura colonial, textos de autores portugueses reforçavam a imposição cultural européia. No período romântico, o olhar se volta às questões nacionais, tendo no índio a representação máxima do herói brasileiro, que poeticamente, era recriado, idealizado, distante da sua realidade de povo explorado e oprimido. Após uma jornada permeada pelos caminhos da ciência e do positivismo, chega-se ao Modernismo,que luta por uma ruptura dos padrões estabelecidos pela cultura dominante, abrindo outras posssibilidades para a interação texto-leitor. A literatura pós-moderna, com sua fragmentação e representação, traz à tona temas relacionados ao Capitalismo, o consumo em massa, a rapidez das informações, perdendo-se da literatura e das artes, a noção de sujeito. Neste estudo, pretende-se analisar um tópico da obra Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, sob o prisma da construção estética da literatura como forma de denúncia. Demonstrar a relevância da inserção do discurso das minorias, principalmente na ficção em oposição à História, para que esta seja negada, e por meio de um procedimento "paródico", haja uma descontrução ideológica.

 
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O gesto literário exposto: a narrativa de Sérgio Sant'Anna
por Igor Ximenes Graciano

Resumo
Tendo como ponto fundamental o narrador problematizado (ou que problematiza seu papel), as narrativas de Sérgio Sant’Anna enfocam o processo criativo da escrita, de modo que no espaço da ficção mais se conjectura sobre as dificuldades e implicações da escrita inventiva do que se narra propriamente. Em obras como Um romance de geração (1981) e “O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro” (1982) observa-se a exposição do gesto literário. Afinal, entendida enquanto gesto, a escrita da prosa de ficção implica mais que um movimento autofágico, já que desde sempre trata-se de um ato público, uma ação que se “dá a ver” e que inevitavelmente atinge o outro, pressupondo sua compreensão. Sendo assim, cada vez que se referir ao gesto literário, o que se tem em vista não é o que resulta no objeto artístico acabado, mas o que ressalta em meio ao processo criativo, suas escolhas, seus limites. Reitera-se, com isso, que as narrativas de Sant’Anna trazem como tema sua própria (e por vezes dolorosa) feitura, em que o autor se autorepresenta como escritor, porém não para falar unicamente de si, e sim da sua relação com o mundo por meio do discurso ficcional. Ao ser representado, o gesto literário não é entendido em sua concepção reservada, secreta, mas como ato que desde seu íntimo se lança aos outros, os leitores, e que se constitui e é constituído à sombra das paisagens sociais, ainda que concebendo “irrealidades”.

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“Cidade de Deus”: do malandro ao marginal
por Janete Terezinha FERRON

Resumo
O objetivo desta comunicação é fazer uma reflexão acerca da representação do marginalizado, dos chamados “excluídos” a partir da temática da violência urbana . Para isso optou-se pela análise de Cidade de Deus (1997) , obra do escritor Paulo Lins. A s noções sobre dialética da malandragem de Antonio Candido (1993) são empregadas como ponto de partida para o desenvolvimento dessa temática e confrontadas com os argumentos de João César Castro Rocha (2004) referente dialética da marginalidade. Castro Rocha propõe uma nova abordagem, cuja proposta é a de que a “dialética da malandragem” e a “ordem relacional” estão sendo substituídas pela dialética da marginalidade e pela ordem conflituosa. Para o teórico, a “dialética da marginalidade” pressupõe uma nova forma de relacionamento entre as classes sociais, em que a figura em destaque não é mais o malandro, mas sim o marginal, aquele que foi excluído pela sociedade e que assume uma nova postura: de objeto, para sujeito do discurso. Nesse sentido, busca-se investigar como as personagens e os elementos da narrativa contribuem para a lógica do sistema das relações sociais e de que forma esses dados se articulam para a representação desse brasileiro.

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O discurso crítico (re)velado: a narrativa assombrada por vozes de Hilda Hilst
por LILIA LOMAN

Resumo
Tendo em vista o caráter ambivalente da escritura, entendida como processo inacabado, o objetivo desta comunicação é promover uma reflexão sobre as formas pelas quais o discurso crítico transparece através da narrativa ficcional. Para tanto, será proposta uma leitura desconstrutiva dos contos homônimos “Agda” de Hilda Hilst. A densidade da linguagem, característica da autora, serve aqui paradoxalmente como elemento de transluzimento: o texto é apresentado como um “espaço de assombramentos” onde o discurso crítico se vela e se revela dentre outras vozes que se entremeiam no teatro textual. Neste contexto, particular atenção será dada à relação de tais vozes críticas e o impulso de auto-destruição inerente ao texto. No diálogo entre os contos homônimos de Hilst, o discurso crítico será desvelado como expressão de tal “pulsão de morte textual” em uma constante lapidação da escritura pelo choque entre o poético e o referencial. Por fim, um questionamento será proposto a respeito da(s) identidade(s) possível/is da voz crítica subjacente ao texto ficcional: seria a voz crítica um dos espectros do autor “morto” no texto? Ou, ainda, lembrando Benjamin, seria ela parte da própria experiência estética, uma inquietude, um apelo para se voltar o olhar para o inanimado tornado animado, crítico?

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A problemática do gênero em "Os Pescadores" de Raul Brandão
por Magna Secchi Pierini

Resumo
“Os Pescadores” (1923) apresenta uma problemática quanto ao gênero caracterizando-se como sendo uma obra híbrida, pois apresenta traços da autobiografia ao narrar lembranças de lugares e fatos vivenciados pelo autor por meio da memória e da imaginação e assemelha-se à narrativa de viagem pelos relatos registrados como num diário e também pelo itinerário mítico percorrido ao longo da costa portuguesa. Além disso, faz referência à estética impressionista por meio do uso de termos específicos da linguagem pictórica e de intertextos sobre pintores e remete à poesia simbolista na utilização de uma linguagem peculiar, baseando-se principalmente na teoria das correspondências, na escolha e combinação das palavras e na sugestão de imagens através de efeitos sinestésicos, símbolos e metáforas. Elementos estruturais da narrativa poética também podem ser encontrados, como uma estrutura paralelística e a presença dos mitos, por exemplo. Todos esses componentes foram identificados partindo-se da análise da epígrafe da obra e de seus elementos formais. Assim, os respectivos gêneros ou estéticas mencionados serão contextualizados e discutidos por meio de teorias relacionadas a fim de analisar suas constituições nesse texto ficcional de Raul Brandão.

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Confluências discursivas em Niketche de Paulina Chiziane: faces e vozes na reeducação de uma escritura denunciada
por MARIA JOSE PEREIRA GORDO PALO

Resumo
A interação entre consciências femininas, na literatura africana, gera um lugar para o código da escrita, situando a língua como uma prática literária da oralidade. Como uma resposta crítica, a literatura moçambicana assume a idéia de pluralidade, de modo a revelar rupturas com as culturas portuguesas em trabalho ficcional, resultantes de sua relação com o espaço ideológico do Eu. Em conseqüência, a escritura denunciada passa a operar à semelhança de um espelho dinâmico de faces e vozes testemunhais das crises sociais sofridas pelos povos africanos, em particular, a poligamia; e a leitura literária, a constituir uma via de invenção de um espaço performático desejado à sua ficção no trabalho de formação de uma imagem da moçambicanidade. Chiziane instaura o diálogo lúdico do contar e ouvir histórias da poligamia, na fronteira entre os costumes antigos e a contemporaneidade, ao adentrar a esfera do Outro, pela via do simbólico, em presença nas formas rituais do relato histórico feminino: a dança Niketche. Evidenciar a intervenção e a interação feminina na escritura denunciada moçambicana por confluências discursivas em interação, pela via da experiência escrita-leitura, significa lapidar a reeducação do Eu pelo reencontro genuíno na multiplicidade das faces e vozes do Outro , é o presente objetivo deste estudo.

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Uma casa portuguesa
por Maria do Carmo Pascoli

Resumo
O artigo é resultado de uma pesquisa realizada na Universidade Nova de Lisboa, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Fernanda de Abreu, durante um estágio de doutoramento. O texto quer evidenciar, a partir de uma leitura de Emigrantes do escritor Ferreira de Castro, um movimento chamado “casa portuguesa” que defendeu um tipo de habitação popular, construído sob um receituário arquitetônico cujo fundamento preconizava um modo de ser e habitar caracteristicamente português. A institucionalização de um projeto arquitetônico, autenticamente nacional, estabelecia o estereótipo de uma rusticidade integrada à paisagem e a casa portuguesa se desdobrava, enquanto imagem, em uma visão de população campesina, plena de valores que muitos escritores portugueses tanto salientaram: dignidade, honestidade, força moral, robustez, como exemplos. A ficção de Ferreira de Castro faz um inventário da casa em que vive o pequeno proprietário rural e, por isso, nos fornece um contra-ponto para a interpretação dos valores “autenticamente portugueses”, que o discurso nacionalista pretendeu eleger.

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"Angústia": o romance no romance e as visões críticas de um personagem-escritor
por Michele Giacomet

Resumo
O presente estudo se propõe a analisar o romance Angústia de Graciliano Ramos sob o ângulo do personagem-escritor Luís da Silva e da possível escritura de um romance em seu interior. Acreditamos ter sido a utilização do referido procedimento – o romance no romance – presente na obra em análise, o que desencadeou novas articulações no espaço textual e, entre elas, a exposição do processo construtivo da obra. O romance passa a ser o assunto do próprio romance, espaço em que se examina, se discute e se questiona o fazer romanesco, a matéria e a linguagem literária. Atribuímos, então, um caráter inovador à obra de Graciliano Ramos, bem como acreditamos que estes questionamentos possibilitam e/ou possibilitaram uma renovação e, conseqüentemente, contribuíram para com a evolução do gênero romanesco.

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Quando a desfaçatez histórica incide sobre o texto ficcional: a denúncia das experimentações-limite expressa sob a forma literária
por Miriam Denise Kelm

Resumo
A comunicação apresenta alguns dos resultados da pesquisa que redundou na Tese de Doutoramento "Quando a mulher se inscreve em meio à guerra: contributos da voz autoral feminina na representação ficcional das guerras coloniais portuguesas" (PUCRS, 2006). A atenção volta-se especialmente para a discussão do papel desempenhado pela produção literária com base na temática do enfrentamento colonial. Tratar-se-á do modo como a crítica sobre opções ideológicas e políticas é parte estruturante e componente dos textos ficcionais, aproximando-os da histporiografia, seja para ajudar a compô-la, seja para uma reposição de fatos que se faz necessária, especialmente do ponto de vista das vivências circunstanciais femininas. Portanto, é sobre a crítica enquanto exercício hermenêutico em relação à historicidade humana, que escolhe o campo literário para se manifestar, que a comunicação versará.

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Paralelo ao Amor de Perdição
por Moizeis Sousa

Resumo
Embora tenha se singularizado como romancista, Camilo Castelo Branco, ao longo da sua extensa e variada produção literária, elaborou, paralelo ao texto ficcional, um discurso crítico, que aponta para uma poética acerca da ficção narrativa. Apesar de não ter escrito um tratado ou texto programático, o autor em questão disseminou na sua obra elementos que permitem a sistematização de uma teoria ficcional. Com efeito, o texto camiliano assume uma postura metaficcional, em que a ficção se celebra enquanto ficção, pautando-se pela reflexão crítica acerca dos modos de criação literária, sobre as complexas relações dessa criação com o público, bem como sobre os modos literários que lhe foram contemporâneos. Isto posto, o presente trabalho pretende estudar o romance Amor de Perdição, verificando a manifestação do discurso crítico-teórico presente no interior dessa obra e a possível contribuição desse discurso para a formulação da concepção de romance e/ou literatura adotada por Camilo.

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Dimensões de um romance moderno: artifícios da construção textual
por Patrícia Pedrosa Botelho

Resumo
A fim de compreender o papel do romance moderno e seus atributos durante a década de 60, este estudo visa a analisar criticamente a função da escritura para um autor que pertencia a um grupo de romancistas que procurava uma nova maneira de ver a arte, de pensar a Literatura e de renovar a linguagem. Estes escritores tinham por intento questionar a importância de um experimentalismo da linguagem que criasse novas formas de narrativa, deixando o romance de personagens relegado apenas ao século XIX. Para tanto, o téorico do nouveau roman francês Alain Robbe-Grillet, as teorias da representação discursiva de Mikhail Bakhtin, a genealogia da escrita segundo Jacques Derrida, a estética da criação verbal para Barthes e a teoria do efeito estético de Wolfgang Iser serão postos em diálogo com Augusto Abelaira, autor português do século XX, para que possamos formular sentidos para as dimensões do romance português contemporâneo. Sob esta perspectiva, serão trabalhadas a função do leitor e a importância da escrita no contexto histórico-literário da década de 60 em Portugal.

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