ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:104-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">104-1</td><td><b>CARTOGRAFIA(S) DE ORFEU NA POESIA BRASILEIRA</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Antônio Donizeti Pires </u> (UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>Tradicionalmente, o ciclo mítico de Orfeu constitui-se de quatro mitemas fundamentais: a) a fabulosa viagem ao lado dos Argonautas, em busca do Velocino de Ouro; b) o casamento infeliz com a ninfa Eurídice, que, vitimada por uma serpente, é logo perdida pelo poeta; c) a consequente catábase de Orfeu ao Hades, aonde vai para tentar resgatar a esposa do mundo dos mortos; d) por fim, a violenta morte de Orfeu, esquartejado pelas enciumadas bacantes da Trácia. Em todas as situações, sobressai o Orfeu portador da lira, cujo canto soberbo (música e palavra) encanta os monstros marinhos, os animais da Terra e outros elementos naturais, bem como os próprios deuses do mundo subterrâneo, Hades e Perséfone. Além destes aspectos, outros avolumam o  feixe de contradições que é Orfeu, pois se crê que ele teria sido fundador de um culto mistérico e iniciático que leva seu nome, o Orfismo: este, mais propriamente vincado por aspectos místico-religiosos, nem por isso deixou de imiscuir-se nas representações mais estritamente mítico-poéticas do bardo lendário. Assim, se em alguns momentos da literatura universal tais representações "mais puras" possam prevalecer, em outros é quase impossível deslindar-se, no vasto acervo literário e iconográfico que provém de Orfeu, o limite entre questões estético-poéticas e questões ético-religiosas. Isto se dá principalmente a partir da modernidade romântico-simbolista, quando o poeta se caracteriza como demiurgo, iniciado, vidente, tradutor, profeta, vate, eleito... e tem em Orfeu seu protótipo platônico-ideal. No Brasil, ainda que não haja tradição de estudos sobre Orfeu e sobre o Orfismo, é possível vislumbrar-se pelo menos três fases (ou modos) diferentes da aparição de Orfeu em nossa poesia lírica: no primeiro (que vai, grosso modo, do Barroco ao Parnasianismo), ele é apenas tema e motivo; b) no segundo (que pode englobar Simbolismo e Pré-Modernismo, abarcando os anos de transição de 1893 a 1923), já subjaz certa "cosmovisão órfica" na obra de alguns poetas; c) no terceiro momento (a partir dos anos 1940/50 até a esta parte), decerto por influxo da divulgação, entre nós, de poetas como Rilke e Fernando Pessoa, constata-se a configuração mais plena e efetiva de uma poesia realmente órfica e original, em vários matizes, que pode misturar elementos mítico-poéticos e místico-religiosos típicos do ciclo de Orfeu; ou acrescer a estes atributos católico-cristãos; ou emular Orfeu com o poeta moderno decaído, sem função na sociedade capitalista; ou ainda explorar uma imagética mais tradicional, em termos de tema e motivo, dos vários mitemas que compõem a trajetória do lendário poeta-amante. Esta proposta de comunicação pretende colaborar, através da seleção e da leitura comparativa de poemas de autores dos três períodos esboçados, para o estabelecimento de uma história e de uma cartografia do mito de Orfeu na poesia brasileira, em seus vários e até contraditórios significados estéticos e éticos.</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>