ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:119-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">119-1</td><td><b>DE JAGUNÇOS FALSOS,  VERDADEIROS E BANDIDOS: GUERRA E LITERATURA</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Penna João Camillo </u> (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>Para além da tipificação cultural do malandro, ou moral-policial do criminoso, há quem sabe uma outra figura, que subsume as duas, e que nos permitiria talvez um olhar enviesado para historicizar a criminalização do malandro na cultura brasileira recente. Esta figura é o "inimigo". País considerado pacífico, a história do Brasil é, no entanto, pontuada por guerras fundadoras, cujos nomes Paraguai, Condestado, Canudos, para citar apenas alguns contra inimigos internos ou externos, assombram ao mesmo tempo que estruturam a nação. Nesta comunicação examinarei brevemente três livros centrais da literatura brasileira, os três centrados na guerra. São eles: "Os sertões" de Euclides da Cunha (1901); "Grande Sertão: veredas" de João Guimarães Rosa (1956); e "Cidade de Deus" de Paulo Lins (1997). Guerras sem dúvida diferentes, contra inimigos diferentes, diferentemente ficcionalizadas a partir de guerras históricas. O que teriam em comum as sucessivas campanhas armadas do governo contra a  Tróia de taipa habitada por religiosos no interior da Bahia, as guerras entre grupos armados chefiados por senhores locais no interior de Minas Gerais, e a guerra entre facções do narcotráfico no conjunto habitacional da zona oeste do Rio de Janeiro? A figura do inimigo interno: jagunço, ou bandido, isto, é  banido . As analogias vão muito além do conhecido binômio da pobreza brasileira: sertão-favela, mas seria preciso começar por ela, ou mais precisamente por uma história dos nomes. É sem dúvida uma grande ironia histórica o deslocamento onomástico que fez com que a  favela , que nomeava o morro nas imediações do arraial de Canudos, e suas 5.200 casas arrasadas, passasse a denominar as comunidades pobres em periferias urbanas brasileiras, na proliferação conhecida em larga escala, do  planeta favela . Ou então, a falsificação onomástica de Euclides ao nomear  jagunço os crentes de Antônio Conselheiro, criminalizando-os, mesmo que seja para, ao final, denunciar essa criminalização, e o extermínio que caracterizou o seu tratamento pelo estado brasileiro. Falsificação corrigida anos depois por Guimarães Rosa, ao colocar no centro de seu livro a formação dos bandos armados de  jagunços de fato, e a guerra entre  clãs rurais , para usar a expressão de Oliveira Vianna. Ou a guerra entre "bandidos" donos de boca na favela produzida pela política de remoção de favelas situadas na zona Sul do Rio de Janeiro durante o regime militar brasileiro.</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>