XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:240-1


Oral (Tema Livre)
240-1O ESTATUTO DA IMAGEM FOTOGRÁFICA NAS NARRATIVAS INTERSEMIÓTICAS DE W. G. SEBALD਀
Autores:Angela Maranhão Gandier (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo

Nas narrativas intersemióticas de W. G. Sebald, a imagem interfere como princípio formal e é responsável tanto pela coerência estrutural como pela originalidade das obras. O autor lança mão da permeabilidade que a literatura possui de atuar como eixo relacional aberto à interação com outras artes como a fotografia, a pintura, a escultura, o cinema. Importa ressaltar que em Sebald a memória possui um estatuto fundador e a fotografia, como imagem-memória, participa dos movimentos de existências que se interrelacionam em uma trama urdida a muitas vozes. Nesse sentido, o autor redimensiona sua biografia e a dos personagens apropriando-se delas como matéria ficcional. A seguir, estende um arco de correspondências entre a sua condição e a dos personagens igualmente desterrados, revelando-se assim uma delicada fusão entre ficção, depoimento e prosa ensaística. Os limites entre realidade e ficção perdem curiosamente seus contornos, por um lado, devido ao empenho crítico da voz narrativa que busca conferir objetividade aos relatos, e, por outro lado, graças à interpretação do outro e de si mesmo enquanto texto, ou seja, como criação. As narrativas ocupam-se da reflexão sobre a história da autodestruição do homem e a série de catástrofes, perseguições étnicas, genocídios, com especial relevo para a Segunda Grande Guerra e o Holocausto. Este motivo desdobra-se em outras dimensões igualmente relevantes como a indagação existencial sobre a incidência da ação do tempo no homem e nas coisas e a decomposição dos seres, na questão, enfim, da destinação do homem para a morte. As digressões e desvios, a oscilação da narrativa, o movimento igualmente oscilante em torno da inquietante presença das fotografias, tudo colabora para reproduzir o trabalho de rememoração no plano ficcional, de modo que as memórias e impressões explodem em flashes, lampejos, fragmentos de vivências. No arranjo geral das obras, a imagem fotográfica assume um papel fundamental. Veremos que a fotografia como imagem-memória, marcada com o selo da morte, interfere não apenas como um meio de acesso ao passado ou mero registro, mas como emblemas fantasmáticos do ressurgimento do passado. Em Sebald, portanto, o ato de leitura que a fotografia solicita é o de vê-la além das evidências, porque “o melhor revelador da fotografia deve provavelmente ser encontrado fora dela mesma” (P. Dubois). Partindo do roteiro que os teóricos Philippe Dubois, Georges Didi-Huberman e Vilém Flusser consagraram ao tema, além dos textos de Walter Benjamin, Roland Barthes e Susan Sontag, pretende-se examinar o estatuto singular da imagem fotográfica em duas obras sebaldianas, "Os Emigrantes" e "Os Anéis de Saturno". ਀  ਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀