ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:247-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">247-1</td><td><b>Corpo-memória,cena-palavra:dramaturgia e depoimento pessoal</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Patricia Leonardelli </u> (UNICAMP - Universidade de CampinasUNICAMP - Universidade de CampinasUNICAMP - Universidade de CampinasUNICAMP - Universidade de Campinas) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>Depoimento pessoal é uma expressão que se firmou já há alguns anos no volátil quadro de terminologias técnicas que se esforçam para definir os múltiplos mecanismos de criação do artista da cena contemporânea. Propomos uma revisão de perspectiva acerca das atribuições da memória, amparados pela filosofia pós-estruturalista e pelo pensamento bergsoniano, que interfira diretamente na dimensão original de tal conceito, e sugira possíveis interlocuções potentes pra a criação dramatúrgica na condição pós-moderna/pós-dramática. No campo das artes performativas, a relação do intérprete-criador com o tempo é profundamente caótica para os padrões com os quais costumamos organizá-lo no cotidiano. Se os processos de criação não permitem uma perspectiva cronológica do tempo, também não se pode trabalhá-los como uma abstração de todo relativa aos seus operadores processuais internos, inteiramente livre das arbitrariedades do psiquismo e da consciência. No tempo da criação, o passado irrompe como a força que recupera e revela os subsídios pelos quais o sujeito se oferece aos estímulos do processo. Esses materiais são a fonte de seu depoimento pessoal, são o próprio sujeito transbordando da pele em ações, sons, palavras, e reconstruindo sua história pelas circunstâncias da ficção. Mas onde termina a suposta verdade como experiência originária e começa a fantasia da recriação do vivido? Quais processos permitem se construir um relato mais mimetizado ao real e quais outros assumem a fábula como máscara? Ou a fantasia como escudo para sublimar o irrepresentável, o traumatizado e oculto? Essa problemática, nos parece, condensa parte fundamental das questões sobre o trabalho do performer. A memória, quando trabalhada em função da construção do depoimento pessoal (a disposição dos conteúdos históricos do performer para a criação) exige um trânsito criativo, intenso e, por vezes, acelerado entre os conhecimentos apreendidos e em apreensão, a ponto de um se misturar de tal forma ao outro que já não se pode falar em núcleos fechados de experiência armazenada, mas em fluxo de contaminações. Criar vidas que não existem, construir existências paralelas, depoimentos pessoais fantásticos organizados e dispostos na forma de uma personagem tradicional, ou destroçar o ego e esquizofrenicamente reparti-lo em diversas personas com depoimentos distintos, pelos quais fala, por trás e junto, o artista-criador, são maneiras diferentes de organizar o depoimento. Ou mais. É o próprio sujeito-artista que se desfaz e se reinventa na criação e estruturação do depoimento a cada apresentação. Mais do que em qualquer outra atividade humana, é o artista da cena que se põe em devir como profissão, se dilui e se reconta infinitamente cada vez que depõe para formar sua obra. E porque não pensarmos de forma semelhante a respetito dos devires de um dramaturgo? Tomando a noção de depoimento pessoal como a história pessoal recriada e delineada pelas especificidades técnicas de cada processo de criação, podemos repensar e também provocar a problemática de produção dramatúrgica em contextos de criação mais complexos: um deslocamento de memórias do autor organizado também por condições singulares, as condições técnicas, éticas e estéticas próprias de cada processo de criação para além de suas contingências cotidianas. </font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>