ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:317-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">317-1</td><td><b>MALONE E AS SEREIAS: O PARADOXO NA MODERNIDADE</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td>Cassiana Lima Cardoso (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; <u>Cassiana Lima Cardoso </u> (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>Pensar a ficção na modernidade: Eis o que se buscará nessa comunicação. A partir desse pressuposto, será desenvolvido um diálogo entre O Canto XII,<i>texto</i> da Odisseia<i>texto</i> de Homero, o conto O silêncio das sereias<i>texto</i>de Franz Kafka e a novela Malone Morre<i>texto</i>de Samuel Beckett. Jacques Ranciére, (2005, p.258) em sua obra A partilha do sensível<i>texto</i>chama-nos a atenção para uma interessante assertiva:  O real precisa ser ficcionalizado para ser pensado . Segundo o filósofo francês não se trata de dizer que tudo é ficção, trata-se de constatar que a ficção na era estética, inaugurada pelos românticos, definiu modelos de conexão entre apresentação dos fatos e formas de inteligibilidade que tornam indefinida a fronteira entre razão dos fatos e razão da ficção: Nesse sentido, escrever a história e escrever histórias pertencem ao mesmo regime de verdade. A novela-monólogo Malone Dies<i>texto</i> foi escrita originalmente em francês pelo irlandês Samuel Beckett, sendo, em seguida, traduzida para o inglês pelo próprio autor. Nela, tudo beira o insólito: estamos diante de uma escrita abissal, de uma literatura que não crê em si mesma e que leva às últimas consequências a indagação da palavra ou da narrativa como veículo de verdade. Nesta comunicação, tentaremos auscultar esse narrador que se apresenta como Malone, um velho nonagenário que fenece em uma cama de hospital e que nos intervalos, descreve suas coisas, restos de uma vida que não quer ou consegue recompor. Para tal visada, tomaremos a aporia como um princípio de composição de Malone Dies à medida que o narrador-autor experimenta o problema insolúvel de representar a vida na arte, ou confessa a própria incerteza em relação ao destino dos personagens ficcionais. (SOUZA, 2001) Em uma narrativa na qual experimenta-se, progressivamente, a dissolução da hierarquia entre criador e coisa criada, histórias que seguem inicialmente paralelas, pouco a pouco se imiscuem numa fusão cuja matéria é indistinta. Desta maneira, Malone, ele próprio, torna-se personagem nas mãos de um autor que encena, irremediavelmente, um gesto de adeus em sua ficção a todos os sistemas filósofos que tentaram esboçar qualquer princípio de verdade na tradição Ocidental. Assim como Kafka, Beckett produziu sua obra num espaço amplamente aporético: Malone Morre foi escrito no período pós-guerra, quando a catástrofe havia se revelado como algo concreto, em um cenário de perplexidade e desespero. Dessa forma, a instabilidade semântica apresenta-se como um traço constitutivo da obra ficcional na modernidade, apontando para um texto que já não se deixa entender como explicação de um estado prévio de coisas ou de uma teorização prévia que ele ilustraria, mas que acolhe, sem concessões, a incomunicabilidade da experiência, a dificuldade de articular experiência e palavra, a destituição da matéria narrável que sustém a história. A partir dessa premissa, tomaremos o paradoxo, como elemento fundamental na modernidade, na tentativa de mostrar que as sereias,- aqui como figuração da narrativa, como quer Blanchot (1984)-, imbuíram-se de sua própria insuficiência para prosseguirem sua jornada, seu jogo, suas encenações.</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>