XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:378-1


Oral (Tema Livre)
378-1O ideário poético de Paul Valéry
Autores:Brutus Abel Fratuce Pimentel (ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica)

Resumo

O objetivo desta comunicação é apresentar e discutir a poética do poeta e pensador francês Paul Valéry (1871-1945), isto é, suas concepções de poesia, do que deve ser o poema e o fazer poético, presentes, sobretudo, nesta obra de teoria, crítica e memórias literárias, as Variedades, e nesta obra de fragmentos filosóficos e epistemológicos, os Cadernos. Em parte herdeira do Classicismo e do Simbolismo, das concepções de seu mestre Stéphane Mallarmé, mas sobretudo resultante de sua própria prática como poeta, a poética de Valéry principia criticando a noção de “inspiração”, considerando que o poema não deve ser o resultado de um “sonho”, mas de uma “vigília”, não deve ser o resultado de um processo irracional e inconsciente, improvisado e automático, mas de um processo racional e consciente, planejado e reflexivo, um processo de construção intelectual. Uma construção intelectual cujo ideal é a realização do que Valéry denomina de “poesia pura”. Essa expressão designa não meramente uma poesia religiosa e mística, mas o estado de poesia absoluta do poema que é um todo simbólico coeso, sem excessos e sem carências, no qual cada palavra é justificável, não passível de ser resumido ou traduzido em prosa narrativa, mas passível de ser interpretado continuamente. Todavia, esse poema permanecerá sempre irrealizado; sua função é ser um ideal, a meta à qual deverá tender todos os esforços, todos os poemas reais e necessariamente incompletos do poeta. A poética de Valéry, sobretudo a partir do conceito-limite de “poesia pura”, torna-se, por conseguinte, uma reflexão sobre a própria língua. A língua, primordialmente considerada como uma invenção coletiva de uso prático, compõe-se de palavras cujos significados e usos variam de acordo com os contextos; num poema, num contexto poético, isso frequentemente se radicaliza: as palavras adquirem outros significados e usos, muito mais diversos e inusitados do que supõe o senso-comum e a mentalidade filosófica tradicional na busca por delimitar rigidamente os conceitos, por formular definições perfeitas e absolutas. A partir dessa perspectiva, Valéry, semelhante a Ludwig Wittgenstein e parte da Filosofia Analítica, conclui que vários dos problemas filosóficos e existenciais não são verdadeiramente problemas, mas contra-sensos, resultados de uma má compreensão da lógica ou dinâmica da língua, de “automatismo verbal”. O seu ideário poético revela, portanto, um outro propósito: o fazer poético, a prática que almeja realizar a “poesia pura”, também deve conduzir, na consciência do poeta, à eliminação desses contra-sensos filosóficos e existenciais. Para Valéry, o “automatismo verbal” deve ser superado.਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀