ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:504-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">504-1</td><td><b>Meu nome não é ninguém: os excluídos em Cidade de Deus</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Martha Sertã Padilha </u> (UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>A exclusão é um dos assuntos recorrentes entre nossos escritores contemporâneos. Esse tema não é, aliás, novo para a literatura. O título mesmo desse trabalho evoca a célebre passagem da <i>Odiseia</i>, em que Ulisses sobrevive e salva seus companheiros de um inimigo mortífero exatamente, ao omitir sua identidade, anulando-se como pessoa. Bem diferente é a situação dos excluídos da vida real, que reivindicam o reconhecimento de sua identidade e exigem ser vistos como gente. Hoje a fala dos excluídos se superpõe à de Ulisses:  Meu nome não é ninguém . Podem ser citados inúmeros exemplos de autores que, sensíveis a esta realidade, retrataram a figura de excluídos, desde o século XIX e atravessando o século XX. Porém, na atualidade mais recente, percebe-se uma forma diferente daquela tratada no final do século XIX, ou ao longo do século XX, que mostrava pessoas e ambientes de forma mais velada, com certo pudor que a ficção sabe camuflar e a dignidade humana merece. Agora, as portas do submundo foram escancaradas, com narrativas como <i>Cidade de Deus</i> (Paulo Lins: 1997), <i>Estação Carandiru</i> (Dráuzio Varela: 1999), <i>Meu nome não é Johnny</i> (Guilherme Fiúza: 2002) e <i>Falcão: meninos do tráfico</i> (MV Bill e Celso Athaydel: 2006). A noite e seus encantos, os becos, o submundo, a criminalidade abrem suas portas e apresentam-se assim como são, sem meias-palavras. Esse trabalho pretende estudar o processo de exclusão no romance <i>Cidade de Deus</i>, que se passa na favela, na periferia de uma grande cidade. O contraste, a tensão é visível desde a localização geográfica até os temas que perpassam a obra: a imundície, a pobreza, a penúria de bens simbólicos, a ausência do poder público e da legalidade, o vício, a droga, o tráfico de drogas, a ilegalidade, a contravenção, o crime organizado, a corrupção policial, a violência, a barbárie e a pornografia. Pretendo analisar a obra sob o prisma dos filósofos idealistas do século XIX, sobretudo em relação às suas abordagens sobre o sentimento trágico, que, além estar presente nas relações, sentimentos e inquietudes do homem moderno, se agudiza na realidade dos excluídos. Nesse sentido, procurarei os vestígios de tragicidade que podem ser verificados nas situações descritas e nas relações entre os personagens. Por se tratar de um romance escrito no final do século XX, esses traços não poderiam deixar de estar presentes, caso contrário, não representaria a realidade de seu tempo. Tanto os bandidos de <i>Cidade de Deus</i> quanto seus trabalhadores vivem numa tensão nervosa, maximizada, momento após momento. O ambiente é tenso, as situações são tensas, assim como as relações entre os personagens. Enfim, tensão, descarga emocional, expectativa, medo dominam a narrativa. Em alguns momentos, no entanto, percebemos uma suspensão na narrativa, em que não mais predomina a intensidade dos fatos, a tragédia, mas o sentimento da gravidade e medo, a densidade trágica, o trágico. São esses momentos que pretendo captar, a partir do pensamento de alguns teóricos alemães do século XIX, analisando a passagem do estudo da tragédia para a filosofia do trágico. </font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>