ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:589-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">589-1</td><td><b>A correspondência de Caio Fernando Abreu: escrita e testemunho do homem do fim do século XX</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>José Roberto Silveira </u> (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>Propõe-se a leitura da correspondência de Caio Fernando Abreu como registros confessionais que testemunham sobre os acontecimentos que marcaram o homem nas três últimas décadas do século XX. O montante epistolar do escritor  editado e publicado por Ítalo Moriconi (2002)  agrupa o relato em primeira pessoa, no calor do acontecimento, em diálogo constante com o outro, pontuando, numa escrita íntima e confessional, observações sobre si mesmo, e operando, assim, como registro, testemunho e documento informativo sobre o tempo histórico. As cartas são importantes documentos que mapeiam territórios e guardam na linguagem, conteúdo e caligrafia, os rastros de circunstâncias e circunferências da escrita. O mapeamento corresponde ao diário de bordo do escritor, fadado a escrever sobre quase todos os momentos, registrando seus sentimentos e avaliações sobre aquilo que vivencia, experimenta e observa e que transforma em literatura. Com grande riqueza de detalhes, a correspondência do autor expõe, em sua extensão  lida como o romance de uma vida  , a compreensão do tempo e do espaço onde se trava o embate do autor-personagem com destinatários-personagens, com sua grande pátria-mãe, e, principalmente, consigo mesmo. O tempo de Caio F. é o tempo da opressão, do ensaio da liberdade, e dos pódios  sem beijo de namorada . Ao se corresponder constantemente com inúmeros amigos e escritores, por um período que engloba as décadas de 70, 80 e 90 do século XX, suas cartas escrevem uma  outra história da ditadura militar, do ensaio da redemocratização, das  Diretas já , dos planos econômicos frustrados, da alta da inflação, e da eleição e impeachment de Collor. Suas missivas são, principalmente, o relato e testemunho dos sobreviventes da década de 80, que, entre destroços e entulhos restantes da ditadura militar, passam a conviver com a epidemia da Aids. Em resumo, Caio Fernando Abreu faz do território epistolar lugar para se ensaiar sobre relacionamentos, viagens; sobre o Brasil, sua política e sociedade; sobre o surgimento e alargamento da AIDS, suas complicações para a vida íntima e para a saúde pública; e ainda refletir de forma crítica a respeito da literatura, da construção do texto, da relação entre vida e escrita, e da profissão de escritor no Brasil. Dessa forma, as cartas se tornam lugar privilegiado para a expressão e discussão de questões que emergem do sentimento íntimo e pessoal do autor e tangenciam questões históricas, políticas e sociais do tempo em que elas são confidenciadas. Esta leitura crítica ainda nos permite uma discussão e reflexão sobre questões teóricas e epistemológicas a cerca do gênero epistolar e do próprio conceito de literatura e testemunho, na profusão de espaços biográficos e espaços literários.</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>