XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:689-1


Oral (Tema Livre)
689-1MONGÓLIA E A ENCENAÇÃO DA ESCRITA
Autores:Márcia Valéria Zamboni Gobbi (UNESP - Universidade Estadual Paulista)

Resumo

Em consonância com um dos objetivos do simpósio – o de discutir o romance contemporâneo como forma narrativa que incorpora em sua tessitura questionamentos em torno da natureza da representação literária -, propõe-se uma análise de Mongólia (2003), de Bernardo Carvalho, a partir da hipótese de que o exercício metaficcional, que aparece articulado ao desenvolvimento da trama do romance, é significativamente facilitado por serem os seus protagonistas não só narradores, mas também escritores. Assim, à medida que “contam a história”, esses narradores excedem a função de narrar não só na medida em que confirmam a impossibilidade do discurso absolutamente “neutro” (denunciando sua presença pela emissão de juízos visíveis, por exemplo, na própria adjetivação ou nos comentários digressivos sobre situações específicas do enredo), mas principalmente pelo fato de que esses juízos e digressões tem como objeto o próprio ato da escrita, a própria construção da narrativa. Estratégia narrativa consciente, elaborada, sofisticada, a metaficção tem como uma de suas consequências mais imediatas a empatia criada com o leitor, que se vê incluído no tempo/espaço do fazer ficcional, já que partilha com o narrador escritor suas hesitações, suas dificuldades em conduzir o fio da escrita – e isso o leva, efetivamente, a refletir sobre a própria criação ficcional, sobre o modo como a literatura se insere no mundo, sobre como leva os dados do real, das contingências históricas, a um nível de reelaboração que, longe de afastar arte e mundo, ativa formas de relação e de compreensão insuspeitas, realizando a função precípua da literatura: fazer ver melhor o homem e o mundo, a história e o homem nela.਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀