Resumo

Um legado crítico do século XX é a preocupação em estabelecer os modos e os limites com que se pode fazer o depoimento sobre a experiência singular (individual ou de grupo) e o registro dos eventos traumáticos. Esse gênero de representações suscita considerações éticas, sobre a “autenticidade” da representação e também sobre a “sinceridade” e legitimidade dos propósitos que cercam sua veiculação - seja no circuito da “alta cultura”, seja na mídia. Essas questões discutidas, entre outros, por Susan Sontag, em Diante da Dor dos Outros (2003), já eram suscitadas por Walter Benjamin, por exemplo, em O Autor como Produtor (1934), ao identificar a incorporação da linguagem da reportagem nos textos surgidos com a Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit). Essas referências criticas juntam-se, no trabalho apresentado, às considerações de Hal Foster sobre o papel do trauma na estética contemporânea para fundamentar a discussão sobre os desafios à avaliação da produção cultural que focaliza as experiências mais contundentes e conflituosas da atualidade. Diante destas, será pertinente o crítico insistir na tentativa de sua caracterização como arte? A busca pela legitimação cultural de sujeitos envolvidos com essa produção é um pedido de autorização da fala? Ou uma denúncia dos monopólios dos mecanismos de produção e legitimação cultural? Discuto esses problemas a partir da poesia e da prosa que enfocam as periferias brasileiras, examinando seus vínculos com movimentos como o hip-hop e suas relações com a mídia.਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀