ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:903-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">903-1</td><td><b>Os eternos: o filho e a ficção de Cristovão Tezza</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Victoria Saramago Pádua </u> (STANFORD UNIVERSITY - Stanford University) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>Em seu premiado romance <i>O filho eterno</i>, Cristovão Tezza aborda o que fora até então um tema sobre o qual assumidamente não se dispunha a escrever: o de seu filho com Síndrome de Down. Tal omissão, de fato, não destoaria no conjunto da obra de um autor especialmente interessado na articulação de diferentes vozes, em que quase nenhum espaço fora aberto à exploração de traços autobiográficos. Nesse contexto, fazer da delicada relação com o próprio filho a matéria-prima de um romance significa não apenas enveredar pelo terreno da  escrita de si , mas também estabelecer um novo paradigma no âmbito interno de suas obras anteriores. A proposta deste trabalho é precisamente a de pensar o lugar d <i>O filho eterno</i> e os problemas colocados pelo livro nestas duas esferas. Ainda que inúmeros elementos comuns ao protagonista do romance e à biografia de Tezza sejam facilmente identificáveis, considerar o livro uma autobiografia seria problemático, na medida em que há desde o início um rompimento com o pacto autobiográfico, na acepção de Phillippe Lejeune: não há identidade de nome entre o protagonista e o autor, e tampouco um compromisso com a referencialidade se faz explícito. No espectro das formas híbridas, assim, a linha da chamada autoficção, entendida por Serge Doubrovsky como  ficcionalização de fatos reais , apresentaria caminhos interessantes para abordar a obra, uma vez que legitimaria as estratégias narrativas e ficcionais empregadas por Tezza sem negar as referências ao factual. A questão se torna mais complexa, contudo, se for levada em consideração a obra de Tezza como um todo. No que concerne a sua ficção, a preocupação com o diálogo de diferentes vozes e com a construção de discursos alheios ao que se poderia tomar por uma certa voz do autor é uma constante. Tal procedimento, ademais, vai ao encontro da obra teórica de Tezza, centrada nos trabalhos de Mikhail Bakhtin e em alguns de seus conceitos, tais como dialogismo, polifonia e as diferenças entre os discursos poético e romanesco. Somem-se a isto, por fim, as próprias declarações de Tezza a respeito d <i>O filho eterno</i>, nas quais afirma e justifica seu estatuto ficcional em detrimento dos aspectos autobiográficos. A guinada para a voz autoficcional, nessa situação, mostra-se especialmente significativa e mesmo radical, pois o que está em jogo é não exatamente um rompimento com seu projeto ficcional e teórico anterior, mas sim uma incorporação dessa voz autoficcional ao projeto em questão. Ou seja, trata-se de apresentar sua voz como um discurso ficcional entre outros, o que, por si só, pressupõe uma rediscussão do que se possa entender por discurso romanesco no interior da obra de Tezza. Se, por um lado, esse alinhamento do autoficcional ao ficcional parece solapar a ideia de uma  escrita de si , por outro reforça o caráter híbrido inerente à autoficção. E é precisamente neste terreno instável que se situam as reflexões aqui propostas. </font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>