XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:924-1


Oral (Tema Livre)
924-1O MITO DE HERMES NA POESIA DE MANOEL DE BARROS
Autores:Sueli Maria Oliveira Regino (UFG - Faculdade de Letras) ; Sueli Maria Oliveira Regino (UFG - Faculdade de Letras)

Resumo

Entre o século I e II, muitos livros atribuídos a Hermes Trismegisto foram reunidos sob o título geral de Corpus Hermeticum. O hermetista do século II buscava nesses livros a confirmação de verdades desconhecidas, esperando que os conceitos ali contidos pudessem se confirmar mutuamente. Essa expectativa fez com que um dos princípios da Lógica clássica, o “terceiro excluído”, entrasse em crise, pois, nesse processo, percebeu-se que diferentes conceitos poderiam se mostrar verdadeiros, ainda que parecessem contraditórios. Sob essas condições, parecia assentado que os livros continham códigos misteriosos e que também poderiam esconder outros significados, diversos daqueles que se mostravam aparentes. Herdeiro do hermetismo do século II, o pensamento hermético moderno se desenvolveu como forma de reação ao modelo lógico ocidental, firmemente estruturado sobre os conceitos de identidade e não contradição. Na concepção hermética de mundo, os pares de opostos se apresentam interpenetrados, vinculados por uma similitude interna que os torna coesos. Gilbert Durand (1993) propõe uma atualização da metodologia hermética, pretendendo, à luz da hermenêutica simbólica, uma interpretação totalizadora da realidade. Para Durand, Hermes, mediador e iniciador exemplar, é uma divindade da problemática da alteridade. Seu mito, ligado à alquimia, se estrutura em torno de temas como a potência do ínfimo, a harmonização dos contrários e a condução das almas. De acordo com Durand, o mito de Hermes emergiu no século XX, opondo-se aos modelos mecanicistas do positivismo e oferecendo ao homem moderno a oportunidade de recuperar o primitivo pensamento simbólico como objeto de percepção interna, escapando das imposições do modelo lógico. O objetivo deste trabalho é analisar sob a perspectiva da mitocrítica de Gilbert Durant, a recorrência de mitemas que sugerem a presença do mito de Hermes na produção poética de Manoel de Barros entre 1937 a 1989, período abarcado em Gramática expositiva do chão: (Poesia quase toda) (1996). Além do jogo da ocultação e do desvendamento, da harmonização dos contrários e da valorização do ínfimo, também podem se configurar como mitemas a multiplicidade do ser e a metamorfose contínua, ligados ao caráter múltiplo do Hermes alquímico e intimamente relacionados aos processos iniciáticos. Sob os auspícios de Hermes, o mediador, deus ligado à Obra alquímica, aos mistérios das letras e aos ritos iniciáticos, Barros posiciona-se entre o leitor e a linguagem de uma poesia crítica, que se dobra sobre si mesma, buscando sentido no interior de seu próprio espaço vital. ਀ Palavras-chave: Poesia contemporânea; Manoel de Barros; Mitocrítica; Hermes Trismegisto, Gilbert Durand.਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀