XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1002-1


Oral (Tema Livre)
1002-1Entre o devaneio e a compulsão à repetição da (memória da) morte: o inominável e o estranho n’A morte sem nome, de Santiago Nazarian
Autores:Wellington Furtado Ramos (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

Resumo

Proponho uma articulação entre Literatura e Psicanálise para promover a leitura do romance A morte sem nome (2004), de Santiago Nazarian, por meio das noções de devaneio, compulsão à repetição e pulsão de morte, advindas do empreendimento teórico freudiano, aliadas à questão da verossimilhança em Antonio Cândido (2009) e à questão da (im)possibilidade da palavra em O Inominável (2009), de Samuel Beckett. Em Além do princípio do prazer (1920), Freud redefinirá o estatuto da pulsão na teoria psicanalítica, ao estabelecer a pulsão de morte. Para tanto, ele revisará a compulsão à repetição como manifestação do sintoma, por meio de exemplos de cenas observadas, bem como pela busca de aspectos teóricos que pudessem dar conta desse acontecimento. Antes disso, em O estranho (1919), Freud verifica a existência de um eterno retorno do mesmo como uma das manifestações do estranho, sobretudo aquele relacionado à fatalidade e que se aproxima da compulsão à repetição. Segundo Santos, “o que causa estranheza não é propriamente o que é novo, mas algo que retorna. O que deveria permanecer oculto é o recalcado. A sensação do estranho é provocada pelo que há de familiar mas não reconhecido (SANTOS, 2002, p. 89). Ao considerar as formas mais comuns de manifestação do estranho, por meio da análise do conto “O homem de areia”, de Hoffman, Freud extraiu os elementos que causam a sensação de estranho no leitor, inserindo suas considerações no campo da Estética. Essa leitura é profícua para análise do romance A morte sem nome, como se pode confirmar por meio da observação de Santos (2002), ao comentar a análise de Freud sobre o estranho: “muitos dos fenômenos que causam estranheza estão relacionados ao retorno dos mortos, espíritos e fantasmas” (SANTOS, 2002, p. 91), na medida em que Lorena, uma suicida-serial que cria um inventário com as memórias de sua morte, narra os acontecimentos por meio da repetição como modus operandi: no plano de conteúdo – por meio da repetição da morte – e no plano de expressão – pelo uso de reiterações, anáforas e repetições de unidades lexicais e construções frasais – construindo, dessa forma, o estranhamento do romance que escreve com o seu próprio sangue, desde as escolhas temáticas até a forma da narrativa.਀ Referências:਀䈀䔀䌀䬀䔀吀吀Ⰰ 匀愀洀甀攀氀⸀ 㰀椀㸀伀 䤀渀漀洀椀渀瘀攀氀㰀⼀椀㸀⸀ 吀爀愀搀⸀ 䄀渀愀 䠀攀氀攀渀愀 匀漀甀稀愀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䜀氀漀戀漀Ⰰ ㈀  㤀⸀  CANDIDO, Antonio. A personagem do romance. In: CANDIDO, Antonio [et al.]. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2009.਀䘀刀䔀唀䐀Ⰰ 匀椀最洀甀渀搀 ⠀㄀㤀㄀㤀⤀⸀ 㰀椀㸀伀 攀猀琀爀愀渀栀漀㰀⼀椀㸀⸀ 吀爀愀搀⸀ 猀漀戀 愀 搀椀爀攀漀 搀攀 䨀愀礀洀攀 匀愀氀漀洀漀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀㨀 䤀洀愀最漀Ⰰ ㄀㤀㤀㘀⸀ ⠀䔀搀椀漀 匀琀愀渀搀愀爀搀 䈀爀愀猀椀氀攀椀爀愀 搀愀猀 伀戀爀愀猀 倀猀椀挀漀氀最椀挀愀猀 䌀漀洀瀀氀攀琀愀猀 搀攀 匀椀最洀甀渀搀 䘀爀攀甀搀Ⰰ 瘀⸀ 堀嘀䤀䤀⤀ FREUD, Sigmund (1920). Além do princípio do prazer. Trad. sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. XVIII)਀一䄀娀䄀刀䤀䄀一Ⰰ 匀愀渀琀椀愀最漀⸀ 㰀椀㸀䄀 洀漀爀琀攀 猀攀洀 渀漀洀攀㰀⼀椀㸀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䔀搀椀琀漀爀愀 倀氀愀渀攀琀愀Ⰰ ㈀  㐀⸀ SANTOS, Lúcia Grossi. O conceito de repetição em Freud. São Paulo: Escuta; Belo Horizonte: Fumec, 2002.਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀