XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1074-1


Oral (Tema Livre)
1074-1Testemunho e “falso testemunho” na canção de Chico Buarque de Hollanda: leitura de "Não sonho mais", "Fado tropical", “Uma canção desnaturada ” e "Brejo da Cruz"
Autores:Luciana Fernandes Ucelli Ramos (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)

Resumo

Certo cancioneiro de Chico Buarque expressa, com rara lucidez e sensibilidade, bastante das experiências dos indivíduos que viveram a ditadura militar brasileira. Muitas de suas canções mostram as angústias, dores e perdas durante esse período. O compositor se presta ao trabalho de transmitir, ora como personagem, ora como observador externo, uma impressão do que foi ser um brasileiro sob a égide militar. Há, ainda, na canção de Chico, registros das tentativas de reação – disfarçadas, mas não tímidas; infelizes, mas por vezes bem-humoradas – então empreendidas. O engenho de tais composições, que aqui tomamos como testemunhais, ainda hoje é capaz de nos deslocar do posto de espectador estático da História ao posto de solidário e ativo sujeito, mobilizado por uma vontade crítica de transformação do estado das coisas. A obra de Chico é marcada ainda por episódios que não viveu literalmente e nem sequer testemunhou, mas que se constituem como retratos de vidas e situações que a História não nos possibilita visualizar. É por essa via que o “falso testemunho” – porque francamente inventado e, portanto, composto de objetos francamente estéticos – possibilita a aproximação com o universo íntimo do malandro, com a angústia dum feminino que, como bom observador, ele pinta, com a ousadia doutro feminino que ainda não existe, mas que, como bom criador, ele inventa. No ardil de Chico Buarque, a dançarina de cabaré e a prostituta ganham vida íntima, digna de alguma consideração; e o moleque favelado alcança visibilidade; e as violentas estatísticas da miséria brasileira ganham individuação e provocam pasmo, personificadas nas crianças que se alimentam de luz. No testemunho direto e no “falso testemunho”, a canção de Chico Buarque fala da experiência da dor, dor que a mera estatística não alcança. Para analisar canções como "Não sonho mais" (1980), "Fado tropical" (1972) e "Brejo da Cruz" (1984), buscarei um diálogo com ideias de, entre outros autores e obras, Foucault (em A ordem do discurso) e Freud (em O mal-estar na civilização).਀㰀⼀昀漀渀琀㸀㰀⼀瀀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀