ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:1172-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">1172-1</td><td><b>BARROCO E MONSTRUOSIDADE</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Rodrigo Labriola </u> (UFF - Universidade Federal Fluminense) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>O artigo estuda os vínculos teóricos entre a estética barroca e a monstruosidade a partir do fato da palavra barroco (como objeto de pesquisa etimológica) estar enquadrada entre as definições enciclopedistas de Rousseau e Diderot (por um lado) e a conceituação histórica de Jakob Burckhardt (por outro). Isso não significa, porém, que não exista uma positividade no conceito de barroco (quando consideradas as múltiplas teorias que tentam dar conta da arte do século XVII), mas talvez que nelas deveria de ser igualmente considerada uma paulatina invenção modernista desse conceito, que acabou passando por uma verdadeira inflação nas ciências humanas da Europa e da América desde finais do século XIX, chegando inclusive até hoje. Ao contrário do que geralmente se pensa, o Barroco e o Iluminismo são de certa maneira complementários e, inclusive, inseparáveis. A racionalidade moderna se inaugura durante o Barroco, enquanto a objetividade moderna se entroniza com o Iluminismo; o que interessa, porém, do nosso ponto de vista, é que essa conjunção de razão e objetividade modernas está embasada numa operação de conceituação daquilo prévio e difuso (até esse momento) que o Iluminismo precisamente não era, ou não queria ser. Isso equivale a dizer que, pelo menos numa grande medida, o Iluminismo foi construindo a si próprio como acontecimento histórico a partir da construção simultânea daquilo que rejeitava.  O sonho da razão produz monstros , escreveu o pintor espanhol Goya numa das suas gravuras. Como sabemos, a utilização da palavra  barroco no sentido estético, aplicada às artes, está datada só a partir da segunda metade do século XVIII. Mas foi em 1611 que o lexicógrafo espanhol Covarrubias definiu pela primeira vez barrueco como substantivo, no Tesoro de la lengua castellana:  Barrueco, entre las perlas llaman barruecos unas que son desiguales, y dixeronse assi, quase berruecas, por la semejança que tienen a las berrugas que salen a la cara. Nota-se aqui a proximidade metonímica que se estabelece desde o início entre as pérolas e o rosto devido à comparação das berruecas com as berrugas (verrugas). As pinturas Mulher pesando pérolas e, sobretudo, Moça com turbante, realizadas por Jan Vermeer entre 1660 e 1666, vinculam também as pérolas ao rosto e indicam que esta associação semântica poderia ter sido comum no século XVII. Não é difícil derivar disso as relações estreitas entre o monstruoso, ou o que é deforme no rosto, e o barroco, como sugere Raúl Antelo. Pela sua vez, Guillermo Giucci descreverá o antecedente desta metamorfose bi-direcional (usada para definir o barroco) da beleza em monstruosidade e da monstruosidade em beleza, a partir de sua leitura dos cronistas das Índias, lembrando que  bizarro e  fetiche compartem uma mesma longínqua e misteriosa origem etimológica. Andando o tempo, a  deformidade o  excesso e o  desvio da norma no rosto das representações de cristos e santos, nas igrejas das colônias americanas, será um dos elementos básicos para determinar  por comparação aos rostos europeus  a mestiçagem como núcleo significativo das concepções americanas do neo-barroco.</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>