ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:1173-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">1173-1</td><td><b>FACÍNORAS/ MATADORES/ SICÁRIOS: A VIOLÊNCIA E O CONTATO COM A ALTERIDADE EM MINEIRINHO, ROSARIO TIJERAS E O INVASOR</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Fernanda Andrade do Nascimento Alves </u> (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2> É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora. [...] Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo (LISPECTOR, 1964, p. 101). Esse fragmento pertence à crônica/conto  Mineirinho , publicada por Clarice Lispector após o assassinato pela polícia do  facínora cujo apelido dá título ao texto. De bandido procurado pela polícia, ele passa a personagem emblemático de um texto clariceano  e será sua representação literária, e não sua evidência real, a mobilizada neste trabalho. Interessa-nos a relação significativa que se estabelece entre a cronista, representante de um  nós , que integra a classe média-alta, e o  outro , pertencente a um mundo marginal. Desejo de ser o outro: de passar da condição de quem faz parte de um  nós seguro e protegido pela lei  a polícia que mata  para o lado marginal, transmutando-se naquele que foi alvejado, naquele que teve seu corpo marcado pela violência e pela  justiça do Estado. Embora passados mais de 40 anos da publicação desse texto de Clarice, a inquietação em relação aos fatos narrados e aos questionamentos levantados parecem ainda ser um sentimento que invade a leitura e causa desconforto. Outra razão possível para a permanência da inquietação  para além do talento da escritora ao tratar de temas como este  talvez resida no fato de que o lapso temporal e histórico parece não ter aplacado nem diminuído a distância entre o  nós e o  outro , muito menos tornado mais simples ou clara a relação entre  ordem e  marginalidade . Assim, continuam presentes problemas apontados naquela época  o aumento da marginalidade, o recrudescimento da violência e também da repressão por parte do aparato policial  e atualmente eles se somam a outros, que pretendemos explorar. A analogia que desejamos traçar aqui  uma vez que o foco do estudo não é o texto de Clarice  tem como fundamento a representação literária do  refugo (BAUMAN, 2005): a colocação em cena de sua carne e de seu corpo  e, muitas vezes também, a possibilidade de alçar sua voz  em romances contemporâneos que reverberam uma discussão já feita por Lispector décadas antes. Tanto "O invasor", do brasileiro Marçal Aquino, quanto "Rosario Tijeras", do colombiano Jorge Franco, põem em cena um sujeito marginal, mais especificamente um matador  ou sicário, como são chamados os matadores de aluguel na Colômbia. Com certo risco, aproximamos aqui duas realidades, a brasileira e a colombiana dos anos 1990/2000, postas em diálogo com o cenário social da década de 1960, por acreditarmos que há pontos de contato entre elas, que uma leitura comparada pode levantar questões enriquecedoras para a temática da configuração da violência das obras literárias em questão e que a inclusão do texto clariceano no diálogo significa ter em nosso horizonte de leitura a ética e a solidariedade que seu olhar de cronista vislumbrou. CNPq</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>