Oral (Tema Livre)
1177-1 | SILVIANO SANTIAGO: Os caminhos da crítica e da ficção. | Autores: | José Carlos da Costa (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná) |
Resumo
Em sua ação de ficcionista, Silviano Santiago supera e reestrutura os termos da ficção contemporânea, rompendo as fronteiras de gênero, em particular do conto e do romance. Sua obra ficcional, já com certa extensão, chama a atenção para as soluções adotadas na narrativa, em obras cujo repertório de práticas criativas é marcado pelos preceitos estéticos da contemporaneidade. Das estratégias empregadas pelo narrador resulta o embaralhamento das fronteiras entre crítica, ficção, autobiografia. É nesse sentido que Histórias mal contadas (2005), encenando um balanço de vida, em histórias mantidas pela memória de uma ampla e complexa rede de leituras, remetem à formação intelectual e aos projetos de crítica e ficção de Santiago. Desse universo crítico-ficcional, que refaz constantemente os próprios limites, emerge a hipótese que fundamenta esta pesquisa: A ação do ficcionista Silviano Santiago encontra espaço na reflexão cuidadosa, posto que intermediada à ficção, sobre temas como política, filosofia, cultura e sobre o próprio estatuto ficcional, é frequentemente invadida por um narrador autobiográfico que se faz personagem, em múltiplas formas, para se manifestar criticamente sobre os assuntos da narrativa ou sobre a vida das personagens, inclusive sobre o próprio narrador. A questão da relação do eu ficcional com o sujeito autoral que já estava em pauta, de maneira alegórica, em seus romances põe em discussão a relação entre sujeito ficcional e sujeito autoral. Desse modo, conduz a narrativa a uma conjunção de elementos ficcionais e outros de natureza diversa e diversificada, operando uma ação renovadora e fundadora na literatura brasileira. Neste momento, o que se apresenta é um estudo que aborda, em particular as inter-relações entre a atividade teórico-crítica e a produção ficcional de Santiago, tomando-se como referência geral suas obras de ficção, e estabelecendo um foco no conto Helô Dolly, de Histórias mal contadas (2005); refletindo sobre a configuração do estatuto da ficção e os modos da representação, nesse conjunto, promovendo o debate sobre as relações entre significação e identidade, observando a repercussão de concepções como “entre-lugar”, “contaminação’, “práticas textuais híbridas”, “devoração crítica”, “autoficção”, expressas em trabalhos críticos diversos de Silviano Santiago.
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