Oral (Tema Livre)
1122-1 | Memento mori (dialogismo satírico-filosófico em As Intermitências da Morte, de José Saramago)
| Autores: | Sandra Aparecida Ferreira (UNESP/FCL-ASSIS - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo Nascemos, vivemos e morremos. Essa verdade, comum a todas as culturas humanas sobre a Terra, será satiricamente revista por José Saramago em As Intermitências da Morte.
Se a morte, por um lado, já significou um rito de passagem, uma grande cerimônia pública; por outro, é certo que sua herança milenar foi profundamente abalada pela modernidade, já que a sociedade ocidental tenta cada vez mais prolongar a vida, não envelhecer, apartar-se da morte e, principalmente, não pensar nela, esquecê-la.
É justamente contra esse movimento de supressão da morte que investe, em tom simultaneamente satírico e filosófico, o romance de Saramago citado. Para tanto, dialoga com mitos e alegorias de grande lastro, a exemplo da Dança Macabra medieval, cuja ressonância é perceptível em múltiplos domínios estéticos (música, cinema, pintura, literatura, história em quadrinhos etc.).
O propósito desta comunicação é refletir sobre as ressonâncias dialógicas entre As Intermitências da Morte e a tradição temática da personificação da Morte, sublinhando as notas estéticas e éticas por meio das quais Saramago revisita essa tradição, à luz de uma sátira filosófica essencialmente moderna.
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