Oral (Tema Livre)
908-1 | Ânsia eterna: desdobramentos do insólito na narrativa de Júlia Lopes de Almeida.
| Autores: | Viviane Arena Figueiredo (UFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo O final do século XIX foi pontuado por narrativas que procuraram expressar o lado imaginário, englobando elementos que, por vezes procuraram fugir do sentido de realidade presentes nos trabalhos ficcionais considerados "tradicionais". Seguindo essa linha encontra-se Júlia Lopes de Almeida, escritora de grande sucesso na virada dos séculos XIX e XX, sendo considerada uma das primeiras ficcionistas a viver da arte literária, em uma época na qual o meio acadêmico, essencialmente masculino, dava pouquíssima atenção aos trabalhos literários de autoria feminina. Na maioria de suas narrativas, Júlia procura fugir do lugar comum, incorporando elementos que beiram o suspense, mesmo que apresentados de uma forma sutil, por meio de realizações imagéticas. Porém, em Ânsia eterna (1914), livro que reúne vários contos, a autora procura delinear perspectivas ficcionais que englobam não só o suspense mas, principalmente, o grotesco, pontuando sua arte com elementos intrinsecamente ligados às questões trágicas que acabam por invadir o senso de realidade. Apesar de criticado na época em que foi publicado, a coletânea de contos Ânsia eterna, mostra um lado mais ousado da escrita produzida por Júlia Lopes de Almeida, sem desviar o foco, entretanto, das questões sociais e morais sempre presentes em grande parte de sua obra. Convém ressaltar que alguns dos contos apresentados nesse livro, tais quais "Os porcos" e "A caolha" são até hoje lembrados no meio acadêmico, não somente por mostrarem um viés diferenciado da narrativa produzida por Júlia Lopes mas também por ser considerado um dos primeiros livros de contos que insere a questão do suspense aliados a elementos do insólito dentro da Literatura Brasileira. |