Oral (Tema Livre)
438-1 | Passageiros em trânsito: o entrelugar do gênero em Desonra de J.M. Coetzee. | Autores: | Gracia Regina Gonçalves (UFV - Universidade Federal de Viçosa) |
Resumo Na esteira do pensamento pós-estruturalista, os estudos de gênero vieram questionar a construção da subjetividade relativamente aos papéis desempenhados pelo indivíduo dentro de seu código social. Este fenômeno tem implicado uma hierarquia que, ao estabelecer privilégios, por exemplo, no caso do masculino, por outro lado, solidificava deveres; ou ao imputar deveres, tais como a maternidade, mascarava-os em mito. Paralelamente, a literatura contemporânea tem acompanhado, ou mesmo antecipado, uma crise na identificação destes papéis, que se tornam constitutivos da personagem-homem ou mulher. No processo de deslizamento que caracteriza o sujeito, não se pode desconsiderar o seu contexto sócio-cultural, no qual o poder dita e/ou segue regras ao longo do tempo. Neste trabalho, pretendo focalizar a reversão de papéis de gênero na constituição das personagens de Desonra (1999) de J.M. Coetzee. Acredito que a obra suscite uma reflexão profunda sobre as noções de masculino e feminino, uma vez enquadrados numa sociedade nuclear pós-colonial da África do Sul, levantando a banalização destas categorias, fator cada vez mais disseminado no século atual, bem com suas imbricações com os estatutos das diferenças no campo racial. Estudos de Judith Butler, Michel Foucault, Homi Bhabha e Michael Pollak, entre outros, compõem o aparato teórico desta reflexão. |