Oral (Tema Livre)
969-1 | DE FAMÍLIAS E ÁGUAS: AS IDENTIDADES ATLÂNTICAS DE DE BERNARDINE EVARISTO EM LARA | Autores: | Sebastião Alves Teixeira Lopes (UFPI - Universidade Federal do Piauí) |
Resumo Lara (1997) é o primeiro romance poético de Bernardine Evaristo. Em 2009, Lara é republicado, agora revisado e expandido em cerca de um terço em relação ao material anterior. Seu romance é considerado semiautobiográfico. Como a autora, Lara, personagem principal da narrativa, é inglesa, filha de pai nigeriano e de mãe inglesa. Narrada em forma poética, perpassando continentes, gerações e culturas, trata-se de uma comovente estória de busca, descobertas e impossibilidades, memórias e esquecimentos, história oficial e reescritura histórica. Para o presente ensaio, sobre as identidades atlânticas de Bernardine Evaristo em Lara, transito por basicamente três vertentes da crítica literária: pós-moderna, pós-colonial e afrodescendente. Parto de alguns argumentos preliminares: a) Através de uma narrativa com ampla inspiração autobiográfica, Lara resgata e ressignifica parte da história dos negros na Inglaterra; b) através da revisita ao Atlântico Negro, a autora demonstra que o passado não passou, ou seja, continua importante e se fazendo presente nas identidades e posicionamentos sociais da Europa, África e América contemporâneas; c) o hibridismo cultural, com seus conflitos e fricções, é um fenômeno social antigo, que faz parte da história da humanidade, impedindo a existência das ditas culturas ou nacionalidades puras; e d) identidades são construções móveis, dinâmicas, instáveis, em eterno processo de ressignifcação. Como suporte teórico recorro a Papastergiadis, Bhabha, Gilroy e Hall, dentre outros. |