Oral (Tema Livre)
1127-1 | Poesia e imantação | Autores: | Leonardo D'avila de Oliveira (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) |
Resumo A metáfora da poesia enquanto imantação, que remonta a Íon, na qual se figura que a “potência divina” que acomete o rapsodo se dá como uma imantação em um anel de ferro, o qual poderia, posteriormente, imantar outros iguais a si, não permaneceu como uma categoria estanque para se pensar a escrita. Muito pelo contrário, a mesma alusão ao magnetismo ressurge nos séculos posteriores em Marsilio Ficino, Angelo Poliziano e até mesmo nos textos latinos de Rimbaud como discurso poético metalingüístico, porém em contextos diversos e com significações completamente distintas. O mais curioso, porém, é que tal apelo à imagem platônica se deu predominantemente de um modo literal, o que leva à catastrófica conclusão de que justamente um escrito que propunha a superioridade e a perenidade das reflexões (dialégesthai) sobre a fala poética (Techne), esta última impessoal e fugidia, ressurge como pastiche em poetas posteriores e, em contrapartida, para ilustrar idéias diversas. Portanto, da forma mais paradoxal possível, observa-se nesse caso uma permanência na forma poética e uma completa contingência de conteúdo, o que leva a se repensar e rediscutir a temática das sobrevivências. |