Oral (Tema Livre)
791-1 | Catatonia em movimento: a escrita de Maura Lopes Cançado em diálogo com a dança contemporânea | Autores: | Mariana Patrício Fernandes (PUC-RIO - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) |
Resumo A vida e a escrita da mineira Maura Lopes Cançado estiveram sempre situadas em uma linha de fronteira - experiência limite que ela reconhece como um muro em seu diário Hospício é Deus . Esse muro separa, ao mesmo tempo, o hospício (onde esteve internada boa parte de sua vida) e o chamado mundo dos normais, a realidade e a ficção. Sem se sentir pertencente a nenhum dos espaços delimitados por esse muro, a escrita de Maura é marcada pela experiência radical de distanciamento que a transforma em observadora meticulosa de sua própria vida e da vida dos personagens reais que a cercam. Sua maior fascinação são as pacientes catatônicas dos hospitais psiquiátricos, cujos corpos blindados parecem, estranhamente, resistir tanto à violência disciplinadora dos agentes do hospício, quanto a qualquer investida de significação ou de inserção no tempo e no espaço. O conto No quadrado de Joana descreve as tentativas de uma interna para criar uma nova linguagem desancorada do mundo ameaçador à sua volta. O presente trabalho pretende estabelecer um diálogo entre a experiência biográfico-ficcional da autora e o debate atual nos estudos da dança contemporânea. As frequentes aproximações das criações coreográficas com outras artes, como a performance, o teatro, e as artes visuais, e a utilização do texto e da palavra, como na obra da portuguesa Vera Mantero, questionam o paradigma da dança centrado na busca do puro movimento &(Louppe, 2000&), livres das amarras da significação que seriam exteriores ao corpo. |