Oral (Tema Livre)
905-1 | Nacionalidade versus cultura nos discursos da ficção e da historiografia | Autores: | Christian Schwartz (UP - Universidade Positivo) |
Resumo Esta comunicação propõe uma aproximação teórica entre ficção e historiografia – ambas apenas versões textualizadas da história, conforme as teorias literárias e historiográficas mais recentes. O aprofundamento do tema exige, inicialmente, uma leitura cuidadosa de Linda Hutcheon e, ainda, um mergulho nos escritos sobre história de Friedrich Nietzsche e Michel Foucault. Para este último, são as práticas discursivas das ciências humanas que, em última análise, “constroem” ou “constituem” as culturas, as sociedades, a própria História. É evidente, no entanto, que alguns desses discursos prevalecem sobre outros. Posto de outra forma, via de regra é um certo “conhecimento” – que até pouco tempo atrás exigia-se fosse “científico” – o que determinará que representação ou mimese deve prevalecer, enfim, que “olhar” sobre o mundo terá hegemonia em determinada época. De uns tempos para cá, a perspectiva dominante é, sem dúvida, a da cultura. Radicalizando ainda mais essa linha de raciocínio, o processo em si de apreensão da “realidade”, especialmente do passado, só será possível, argumenta-se, se mediado sobretudo pela linguagem. Tal perspectiva, explorada anteriormente na defesa de minha dissertação de mestrado (“Ficção, história e ideologia no romance pós-moderno: uma leitura de O Legado da Família Winshaw”, UFPR, 2007), e agora retomada na tese de doutorado em História Social que desenvolvo na Universidade de São Paulo, será, na presente comunicação, contrastada com outras historiografias, a partir de noções como a do “ídolo das origens” e de oposições como “causas versus condições” e “gerações versus civilizações”, conforme Marc Bloch – além de menções breves a conceitos de outros dois expoentes da Escola dos Annales: Fernand Braudel (“longa duração”) e Jacques Le Goff (“história lenta” e “sentidos da história”). O que se discute, em última análise, e constitui parte importante da tese em desenvolvimento, é a validade ou não, hoje, dos discursos de nacionalidade – pela pena tanto de ficcionistas quanto de historiadores ligados às mais diversas vertentes. |