Oral (Tema Livre)
606-1 | ITINERÁRIO DE PASÁRGADA, DE MANUEL BANDEIRA: O ESCRITOR-LEITOR EM SUA OFICINA POÉTICA | Autores: | Fátima Cristina Dias Rocha (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo Em suas crônicas, cartas e ensaios, o poeta Manuel Bandeira exercitou a reflexão crítica sobre o próprio ofício. Em 1954, num momento em que os escritores modernistas - já canonizados e estabelecidos como modelos críticos -escreveram relatos autobiográficos, reavaliando o caminho percorrido, Manuel Bandeira publicou o singular Itinerário de Pasárgada: balanço de uma vida dedicada à poesia, o Itinerário mescla o registro confessional, da memória autobiográfica, à discussão e exposição de uma teoria da poesia. Encarnada em sua formação como poeta, a visão teórica de Manual Bandeira surge da leitura de si mesmo e de muitos outros poetas; da comparação e do desvendamento de influências, técnicas e tendências estéticas da poesia moderna; da análise das relações entre a arte verbal e outras artes, como a música e a pintura; da consideração de tudo o que contribuiu para a elaboração de uma concepção de poesia muito particular, que alia o improviso e a construção refletida, a inspiração e o domínio da técnica. Nosso estudo se detém nesse belo e comovido relato do escritor-leitor Manuel Bandeira - relato que se constrói com o "estilo humilde" e a simplicidade natural que constituem as marcas distintivas da poesia madura de Manuel Bandeira. No Itinerário de Pasárgada, destacaremos não apenas o processo de formação da experiência poética - forjado lentamente, desde a infância, passando pelo contato decisivo com a tradição literária e pelo convívio com a doença - mas também o papel do Itinerário como biografia de grupo, uma vez que a história da formação de Manuel Bandeira como poeta dá testemunho da história do movimento modernista no Brasil, escrevendo essa história. Confirmando ainda a afirmação de Davi Arrigucci Jr. de que a prosa do poeta funciona como um meio auxiliar na sustentação de sua poesia, percorreremos as crônicas, as cartas e os ensaios de Manuel Bandeira, neles surpreendendo as constantes referências cruzadas e os comentários paralelos acerca da concepção bandeiriana da experiência poética. |