Oral (Tema Livre)
243-1 | O Mito em Guimarães Rosa: Travessias Insólitas | Autores: | Eliane Batista (UEM/PG-UEL - Universidade Estadual de Maringá/UEL) |
Resumo “O mito é o nada que é tudo”. Disse Fernando Pessoa, em "Mensagem", já antecipando, pela antítese, a problemática que se instaura diante da complexidade do termo. A relação intrínseca entre mito e literatura advém desde a Antiguidade, uma vez que o "mythos" é entendido por Aristóteles como a gênese do enredo, o embrião temático da narrativa ficcional. Para Carvalho (2008), “o mito, no seu sentido clássico, esconde – enquanto narra, enreda – enquanto explica, confunde, - enquanto esclarece a respeito de anseios e receios eternos na alma humana”. A presença conflitante do mito na literatura nos leva ao encontro com o desconhecido, com o inusitado, com o impactante, com o insólito, sendo este entendido como uma manifestação da narrativa ficcional que provoca no leitor uma ruptura com os padrões estabelecidos. A nosso ver, essa relação torna-se ainda mais estreita quando nos deparamos com a narrativa de Guimarães Rosa, uma vez que para compreendê-la, segundo Turchi (2003), é preciso penetrar nas esferas do poético e do mítico, intimamente ligadas, uma vez que o princípio fundamental da linguagem poética é o pensamento analógico, que é o pensamento mítico. As personagens de Guimarães Rosa são retratadas, na maioria das vezes, imersas em situações insólitas, principalmente, no que se refere à existência de uma travessia altamente simbólica a qual praticamente todas estão fadadas, à travessia da existência humana. Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivo verificar a presença do mito como elemento gerador do insólito, especificamente no que se refere ao tema da travessia, em alguns contos de Guimarães Rosa presentes em "Primeiras Histórias" e "Sagarana". |