Oral (Tema Livre)
554-1 | Lima Barreto lê Anatole France: pacto entre narrador, autor e leitor | Autores: | Milene Suzano de Almeida (USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) |
Resumo Para Nicolau Sevcenko (2003), Lima Barreto é, no Brasil, quem melhor realiza a “ironia redentora” de Anatole France. Barreto também é incluído dentro do grupo dos anatolianos, espécie de novo profissional liberal das letras, segundo Sergio Miceli (1977). Mas, como ligar os dois autores a partir de suas obras? Antes de qualquer associação mais abrangente, proporei aqui um exame de Lima Barreto leitor de Anatole France, a partir das referências encontradas na obra de Barreto com alusão ao escritor francês. Essas referências permitem vislumbrar alguns procedimentos literários comuns a ambos, quais sejam, o aspecto reflexivo do narrador em diálogo com seu tempo, a ironia como ação, o diálogo com outras obras literárias e científicas do passado e contemporâneas a ambos. As fontes vão desde crônicas, passando pelos diários, romances e sátiras de Barreto, nas quais haja uma referência direta a France, a seus personagens ou suas reflexões. Essa primeira aproximação servirá de base para a análise dos prefácios de algumas obras: Recordações do escrivão Isaías Caminha, Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, La Rotissêrie de la Reine Pédauque e Les opinions de M. Jérôme Coignard, particularmente no que diz respeito à discussão sobre os papéis do autor, narrador e leitor.
MICELI, Sergio. Poder, Sexo e Letras na República Velha (estudo clínico dos anatolianos). São Paulo: Perspectiva, 1977.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
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