Oral (Tema Livre)
796-1 | A representação literária dos processos assimilatórios na modernidade: Rosa, Gorki e Kafka
| Autores: | Gregory Magalhães Costa (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) |
Resumo O presente trabalho visa analisar, à luz de Zygmunt Bauman e Ronaldo Lima Lins, os aspectos decisivos da literatura na modernidade e o modo como seus grandes autores os plasmaram nas obras literárias. É destacada a condição dos oprimidos e sua representação artística na forma de ambigüidade expressiva. A interpretação e comparação de “O Processo” de Franz Kafka, “Caim e Artióm” de Máximo Gorki e “Grande Sertão: veredas” de João Guimarães Rosa embasarão e ilustrarão as teses tecidas. O primeiro foi um dos protótipos do judeu socialmente desenraizado, situação que só aparece de forma metafórica em sua obra; o segundo fez parte das minorias russas dos bossiak, podendo representá-las de forma mais formidável e realista; já no terceiro, os personagens estrangeiros, sociologicamente, são os refugiados do processo assimilitório europeu. A isomorfia entre a forma literária e a estrutura social, principalmente, a expressão do drama civilizatório e de assimilação cultural, serve de linha-mestra da crítica forjada. O debate esclarecerá até onde cada um dos processos, os europeus e o brasileiro, são aculturantes ou transculturantes, nos termos de Angel Rama e Cornejo Polar. No caso sertanejo a imposição civilizatória sobre o interior gera uma dupla contaminação, nos dois europeus gera o abandono e uma problemática humana praticamente insolúvel. No mundo atual o termo catarse significa mais a libertação comunal do que a expurgação do mal de um corpo físico.
Os textos de apoio sobre as obras abordadas, como o de Walter Benjamin sobre Kafka, de Antonio Candido sobre Rosa, de Otto Maria Carpeaux sobre Gorki, darão substância ao estudo. Será utilizado um método analítico-interpretativo para formular uma visão nova da formação da era moderna à pós-moderna, entendendo a globalização como fator decisivo de passagem da primeira à segunda por gerar a aceitação das diferenças, porém também da exploração. A pura aceitação das diferenças acarretará em mera tolerância ou em solidariedade? Pergunta sem conclusão fixa. Buscaremos então uma visão da possibilidade de seu aproveitamento para alcançar uma coletividade solidária. Na literatura a libertação se dá na comunhão leitor-autor pela mediação do texto poético. Focalizaremos as relações de poder da modernidade e as conseqüências que o fato gerou tanto para os poderosos quanto para os explorados. O que difere a atitude de cada lado da moeda? Como a ação assimilatória é transformada em arte literária? Como diferentes autores de expressão trataram esta mesma questão? São os principais problemas analisados para que o debate provoque os esclarecimentos provisórios, procurados hoje pela ciência, amadurecida ao reconhecer que não pode revelar verdades absolutas, assim, não pode substituir Deus. Mas talvez a ciência possa revelar realidades de forma mais completa. Deste modo, a pesquisa será feita cruzando vários tipos de saberes como os literários, críticos, sociais e pedagógicos, articulando o ético e o estético, para, por este amplo espectro, demonstrar uma leitura possível que aponte o caleidoscópico panorama moderno e seus desdobramentos. Partiremos, portanto, do entendimento da literatura e do conhecimento como um todo integral para se chegar a uma conclusão mais precisa, satisfatória e original.
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