XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1171-1


Oral (Tema Livre)
1171-1O viajante e a desmonumentalização da memória portuguesa.
Autores:Gislene Teixeira Coelho (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora) ; Gislene Teixeira Coelho (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora)

Resumo

A obra ficcional de José Saramago apresenta-se perpassada por questões que envolvem um constante deslocamento entre ficção e história, oscilando entre o discurso histórico e o literário. Para exemplificar essa discussão, teremos como referência as duas obras do escritor português: Memorial do Convento e Viagem a Portugal, em que Saramago revisita a nação-monumento como símbolo de construção e de rememoração histórica. A palavra arquivo ganha novas conotações a partir da leitura da obra de Saramago, discutindo os ideais de organização e unicidade que elegem a uni(vo/vera)cidade como diretrizes do exercício arquivístico. As obras convidam-nos a viajar pelas arestas do arquivo, conduzindo-nos por um labiríntico corredor de pastas não-nomeadas, esquecidas, empoeiradas e escondidas. O arquivo que se constrói na leitura da obra tem na pluri(vo/vera)cidade seu ideal de arquivamento, o que se faz através do confronto entre subjetividades distintas. Viajar pelas arestas significa perturbação, oscilação, desmonumentalização. Esse espaço de poder – o arquivo – é perturbado no confronto com a alteridade, que se apresenta como um elemento fantasmagórico que está ao mesmo tempo dentro e fora do arquivo,o que suscita um sentimento de mal-estar diante de suas fraturas e resíduos, sensação nomeada por Jacques Derrida como “mal de arquivo” em seu conhecido trabalho Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Palavras-chave: arquivo, nação-monumento, desmonumentalização, pluri(vo/vera)cidade.