Oral (Tema Livre)
84-1 | Emergência do Literário | Autores: | Jefferson Agostini Mello (USP - Universidade de São Paulo) ; Ricardo Gonçalves Barreto (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo Nesta comunicação, lançamos uma hipótese que se contrapõe a duas afirmações correntes em parte da crítica literária brasileira a respeito da produção ficcional contemporânea, a saber, 1) a de que atualmente não há lutas, tensões e disputas em torno de projetos estéticos; 2) e a de que a escrita literária está totalmente subsumida à lógica do mercado. A nosso ver, apesar da persistência do que alguns entendem ser o “fantasma do realismo”, de um lado, e do medo do mercado, de outro, o campo literário brasileiro tem se tornado cada vez mais autônomo, isto é, voltando uma atenção maior para os meios de expressão e para as modificações operadas na linguagem, e criando princípios estéticos, formas de recepção e estratégias de legitimação e prestígio no interior do próprio campo. No caso, as relações entre literatura e realidade social brasileira passam a engendrar a figura do "escritor que vive somente de e para sua obra", modelo a ser perseguido por aqueles que escrevem ficção e que representaria um "avanço" do ponto de vista social e cultural em nosso país. Mas, ao contrário de uma visão otimista ou “democrática” desse cenário, acreditamos que uma das consequências da expansão e diversidade do campo literário é o aumento não apenas das barreiras para o ingresso nas redes de maior prestígio, como também das disputas entre seus agentes. Nelas, hoje, os adeptos da mistura entre a literatura e outros discursos estariam em desvantagem. |