XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:246-1


Oral (Tema Livre)
246-1Alcances da subordinação da vida à obra em A rainha dos Cárceres da Grécia, de Osman Lins.
Autores:Carolina Duarte Damasceno Ferreira (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo

Já nas primeiras páginas de A rainha dos cárceres da Grécia, o narrador desse instigante livro de Osman Lins volta-se contra a concepção de uma obra gerada somente pela linguagem, questionando os excessos das correntes teóricas que desconsideram a figura do autor. Seu posicionamento, marcado por certa afirmação da autoria, pode sugerir que, ao interpretar o romance de Julia, ele lança mão da crítica biográfica. A tentação ao biografismo, entretanto, embora irrompa em algumas passagens, é rechaçada pelo professor de Ciências Naturais, que evidencia o quanto a vida da escritora é subordinada à sua obra, e não o contrário. O propósito deste trabalho é mapear os alcances dessa subordinação, em duas etapas distintas. Inicialmente, será mostrado como a ênfase na obra leva o narrador a estabelecer uma relação especular entre Julia e seu romance, transformando-a em uma figura ficcional. Em um segundo momento, a proposta será sugerir alguns efeitos que essa ficcionalização da autora pode ter sobre a interpretação do texto literário.