Oral (Tema Livre)
1174-1 | O negro é um "outro": a representação dramática do negro no Brasil a partir da polêmica racial entre Nelson Rodrigues e o seu "sucessor" Plínio Marcos
| Autores: | Lucio Branco (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo O ano de 1969 traz uma polêmica racial entre Nelson Rodrigues e seu “sucessor” Plínio Marcos (título conferido pelo primeiro, assumido pelo segundo, e geralmente encampado pelo senso comum crítico) em crônicas publicadas na imprensa por conta da adaptação teledramática do clássico A cabana do pai Tomás, evento este negligenciado pelos debates que relacionam os dois autores tanto em âmbito acadêmico, jornalístico, e mesmo nas suas biografias “oficiais”. A interpretação do personagem-título da novela, a cargo de um ator branco pintado de negro, resultou numa crônica exaltada de Plínio reivindicando a criação de uma “lei santa” que proibisse os “atores tingidos em cena.” Com a reação negativa de Nelson ao posicionamento do seu “discípulo”, levantou-se, à época, um debate pertinente – cuja atualidade é verificável –, sobre a questão da representação do negro nas suas respectivas obras de ficção e na tradição da dramaturgia brasileira em geral. O confronto das perspectivas assumidas por cada autor, nessa polêmica, é revelador das coerências e contradições para com os seus projetos literários e a construção de suas personas midiáticas, na medida em que o negro é encarado como um “outro”, categoria ontológica genérica para a qual ambos detém seu olhar dramático de tipo humanista ao modo cristão. A intenção de não observar programas ideológicos pré-estabelecidos, traço comum aos dois autores, deve ser problematizada para se compreender o que pretendiam com esse debate, e como queriam se situar no panorama cultural brasileiro. |