Oral (Tema Livre)
302-1 | O léxico do cárcere: literatura, testemunho e resistência em Graciliano Ramos | Autores: | Luiz Carlos Gonçalves Lopes (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) |
Resumo Nos últimos anos cresceu o interesse que pesquisadores da área de Letras têm nas relações que se podem estabelecer entre o discurso literário e o discurso histórico, em especial, daquelas que envolvem o testemunho de catástrofes tais como a Segunda Guerra Mundial. No cone sul da América, esse interesse está quase sempre relacionado às ditaduras militares, que tiveram lugar a partir da década de 1960 do século passado ou a eventos similares, que remontam a primeira metade do século 20.
No Brasil há inúmeras obras literárias que permitem esse diálogo entre o discurso literário e a história. Com relação ao testemunho existe uma obra emblemática escrita a partir de 1936 por um dos maiores escritores do país. Trata-se do testemunho Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, livro que se situa num lugar intervalar que coloca em tensão os discursos literário, testemunhal e histórico.
O presente texto pretende discutir essa obra de Graciliano Ramos a partir da reflexão sobre como esses discursos se configuram na escrita do autor, abrindo espaço para um texto que se situa num local entre prática estética, política e testemunhal. Num primeiro momento pretendo analisar a obra do escritor alagoano tomando como conceitos operacionais o testemunho e o discurso literário, em seguida, discuto a encenação da violência que o texto coloca em primeiro plano para relacionar a escrita do testemunho a um ritual de resistência, que a meu ver se encontra como um vetor da escrita de Memórias do cárcere.
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