Oral (Tema Livre)
808-1 | Vanguarda russa e modernismo brasileiro: a literatura de invenção e as massas | Autores: | Mário Ramos Francisco (FFLCH/USP - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas FFLCH/USP) |
Resumo Na Rússia, em 1927, já estabelecido o regime socialista, Maiakóvski compõe o poema “Incompreensível para as massas” e, um ano depois, publica o artigo “Operários e camponeses não compreendem o que você diz”. No Brasil, Oswald de Andrade proferiria: “a massa ainda comerá o biscoito fino que eu fabrico”. Esta preocupação dos dois poetas com a relação entre a arte que produzem e seu público receptor em seus contextos específicos apresenta a vanguarda russa e o modernismo brasileiro como duas correntes artísticas que, a partir de sua condição periférica em relação à Europa (tomada aqui como berço dos principais movimentos de vanguarda), buscam equacionar invenção estética e problemática histórico-social a partir da reflexão sobre as influências recebidas do velho mundo. Poetas como Vladimir Maiakóvski, Velimir Khlébnikov, Oswalde de Andrade, Mário de Andrade e outros, ao repensar a criação estética assumiam a responsabilidade de discutir sob novo ponto de vista suas próprias culturas e acabaram por lançar sua criação artística para além da relação “centro/periferia”. As aproximações possíveis entre as duas literaturas mencionadas serão observadas tomando-se como base, principalmente na questão das culturas periféricas, os estudos de semiótica da cultura desenvolvidos por Iuri Lotman, seu conceito de semiosfera e, como ramificação deste, a ideia de “fronteira”. |