XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:900-1


Oral (Tema Livre)
900-1Literatura e tradução: as imagens e o imaginário
Autores:Andréa Coutinho (UCB - Universidade Católica de Brasília)

Resumo

Pensar na tradução do texto literário é pensar, ou por aproximações ou por afastamentos em duas "criações". Segundo Walter Benjamin - “A tradução é uma forma. Para compreendê-la como tal, é preciso retornar ao original. Pois nele reside a lei dessa forma, enquanto encerrada em sua traduzibilidade". Sendo assim, haveria uma "criação-primeira", o texto original, e uma "criação-segunda", o texto traduzido. No entanto, o que está sempre ausente das análises sobre o processo de tradução na literatura, é o princípio de transformação que rege a consciência de duas estéticas diferentes que, movidas pela percepção de imagens, criam imaginários muitas vezes distintos. Nessa perspectiva, a literatura, sobretudo a de ficção científica, num tempo tecnológico, é fonte de análise para a tradução a partir do estudo da criação de diversas personagens. Caracterizadas e adjetivadas essas personagens transformam-se em imagens não inertes como, por exemplo, Victor Frankenstein, Frankenstein, de Mary Shelley, e o Dr. Jekyll, O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson, pois suas diversas traduções provocam rupturas que estabelecem diferenças que fazem aparecer algo novo. Assim, o objetivo deste trabalho é estudar como, surgidas na literatura, muitas personagens tomaram formas dessemelhantes a partir de um processo de tradução, que perpassa para outras mídias, provocando nova caracterização e adjetivação de imagens. Busca-se, então, não o encontro da diversidade, muito menos o da unidade, mas o da multiplicidade. Como afirma Mikhail Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da Linguagem, “aquele que apreende a enunciação de outrem não é um ser mudo, privado da palavra, mas ao contrário um ser cheio de palavras interiores. Toda a sua atividade mental, o que se pode chamar o “fundo perceptivo”, é mediatizado para ele pelo discurso interior e é por aí que se opera a junção com o discurso apreendido do exterior. A palavra vai à palavra”