Oral (Tema Livre)
1181-1 | CONTORNOS NABOKOVIANOS RUSSOS | Autores: | Graziela Schneider Urso (USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) |
Resumo Apesar de amplamente reconhecido no exterior como um todo e cada vez mais redescoberto e em voga na Rússia em particular, o Nabókov russo em russo ainda é quase anônimo no Brasil.
À procura do(s) nabokoviano(s), a presente comunicação intenta realçar sua face russa, ou seja, que o autor não apenas nasceu e cresceu na Rússia, consagrou-se primeiro como autor russo e escreveu por mais de 20 anos nesse idioma, mas também que esses contornos continuaram manifestos em toda a sua obra: os leitores brasileiros costumam não saber que muitos dos livros que lêem, traduzidos para o português do inglês, foram concebidos em russo e vertidos para o inglês, geralmente pelo próprio autor ou por seu filho Dmitri, sob sua supervisão.
O processo de deslocamentos físicos e a mudança da língua de criação de russo para inglês compõem identidades culturais e artísticas complexas, já que escreveu em russo e inglês, mas, de forma bem marcada: depois de produzir vasta e expressiva obra em língua russa passa a escrever quase que exclusivamente em inglês.
Há uma cisão quando pára de criar em russo e passa a criar em inglês, e recriar em russo, mas continua a escrever poesia em russo e a (auto)traduzir para esse idioma: a poesia e a (auto)tradução são sua conexão artístico-literária com a língua russa.
Sua Terra e sua Língua continuam em sua ficção. O constante estado de impermanência, “neither here nor there” leva a intermitentes processos de re-negociação de identidade, culminando em um estilo, linguagem e escritura nabokoviano muito sui generis: nem russo, nem inglês, nem francês, mas seu russo, seu inglês, seu francês (con)fundindo-se em uma linguagem híbrida, “deslocante”, movediça, flutuante, pêndula.
Assim, Nabókov nos oferece substância e essência em várias esferas e camadas para nutrir e incitar que a busca pelo(s) nabokoviano(s) continue, ad infinitum, com novas (re)descobertas e perspectivas, novos aportes e (re)leituras. |