Oral (Tema Livre)
425-1 | O SALTO DE ALICE EM TRANSPOSIÇÃO INTERSEMIÓTICA E INTERTEXTUAL: DAS ILUSTRAÇÕES DE JOHN TENNIEL À RELEITURA DE MARGARET ATWOOD. | Autores: | Sigrid Paula Maria Lange Scherrer Renaux (UNIANDRADE - Centro Universitário Campos de AndradeUFPR - Universidade Federal do Paraná) |
Resumo A obra Through the looking glass and what Alice found there (1871) de Lewis Carroll não foi apenas traduzida para diversos idiomas. Como objeto estético, ela também foi e continua sendo passível de recepção em várias mídias, como atestam as ilustrações de John Tenniel, encomendadas pelo próprio Carroll e, a partir de então, transposta e/ou adaptada em versões musicais, teatrais, fílmicas, além de ópera e televisão, tanto isoladamente como em conjunto com Alice’s Adventures in Wonderland (1865). Dentro deste amplo leque de opções de leituras intersemióticas, este trabalho se limita e tem como objetivo – a partir das abordagens teóricas de Claus Clüver e Walter Moser sobre transposição intersemiótica e intermidialidade e de Gérard Genette sobre intertextualidade – fazer uma leitura intersemiótica do salto de Alice, ao ela passar do mundo da realidade para dentro do mundo do espelho, como descrito por Carroll no texto-fonte e ilustrado por Tenniel; para, em seguida, também saltando sobre todas as outras transposições da obra em diversos gêneros e mídias, analisar a releitura que Margaret Atwood faz do mesmo episódio, no capítulo II de Negotiating with the Dead: a writer on writing (2002) – no qual discorre sobre “a duplicidade do escritor qua escritor” e “a questão de quem faz o quê no que concerne à escrita em si”. Interpretando o salto de Alice como a passagem do lado da “vida” para o lado da “arte”, a sugestão de Atwood, ao final, de que “o ato de escrever ocorre no momento em que Alice atravessa o espelho”, acrescenta uma nova dimensão – metafórica –, à leitura que faz do salto da personagem. A contraposição dessas duas artes e visões de mundo distintas – Tenniel inserido na história social, literária e artística do século XIX e Atwood na dos séculos XX e XXI – mas ambos os artistas debruçados sobre um mesmo texto, constituirá o desafio deste trabalho a fim de comprovar, uma vez mais, a infinda politextualidade do texto-fonte, e, simultaneamente, como o ato de recepção, interpretação e reação crítica, segundo Clüver, é moldado através das respectivas convenções de recepção vigentes, de atitudes ideológicas e de interferências intertextuais. |