XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:219-1


Oral (Tema Livre)
219-1OSCAR WILDE, A ÉTICA DA DECADÊNCIA E A ESTÉTICA DA MENTIRA
Autores:Luiz Guaracy Gasparelli Junior (UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)

Resumo

Oscar Wilde (1854-1900), escritor irlandês, mas de alma cosmopolita, sorveu da literatura a existência da vida. Mas nunca assumindo esse percurso, artificializou o mundo - incluindo si mesmo – a fim de ironizar sua vida, como na literatura. Sua escrita sempre foi primorosa no que se refere aos preceitos estéticos do final do século XIX, contudo sua funcionalidade ousava romper parâmetros, e ironicamente, servia-se da ficção para desconstruir a realidade. Partindo de seu ensaio “A Decadência da Mentira”, descortinamos, semiologicamente, a escritura autoficcional do escritor dândi, esteta por natureza, artificial por vocação. Seu ensaio-diálogo, enquanto manifesto platônico da literatura de sua época, é também um espelho, ora translúcido, ora opaco do homem por trás das críticas. Compreendemos Oscar Wilde como artífice, não somente da / para literatura, mas produtor de uma vida artificializada pela soberania da arte. Propomos, assim, uma análise de um ensaio, cujo autor nega a escrita do “eu”, a realidade e o mundo real. Enxergamos o fato de que Oscar Wilde foi o mais realístico autor, fiel à ideia de que a arte é pura inutilidade, uma mentira, enquanto desconstruía as relações entre ficção da arte e realidade da vida, lidando com o tênue universo ético de sua obra. Mas a forma como absorvia essa relação era, também, em sua biografia híbrida, autoficcionalizada. E essa autoficção torna-se, portanto, linguagem recriada na “Decadência da Mentira”.