Oral (Tema Livre)
720-1 | A metáfora e o estranhamento | Autores: | Jucimara Tarricone (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo Uma das contribuições possíveis ao debate acerca do estranhamento é o revisitar das reflexões teóricas de Paul Ricoeur sobre a leitura e a compreensão de um texto. Na hermenêutica desse pensador francês, o tema da distanciação merece uma nota à parte. Tal atividade crítica permite o embate dialético entre a proximidade e a distância no interior da interpretação. Neste processo de leitura, a oferta do mundo exposta pelo texto é apropriada pelo leitor para fazer, daquilo que lhe é estranho, o seu próprio mundo. É por meio da distanciação, porém, que este reconfigura suas convicções e lança-se às variações imaginativas propostas pela poesia e pela ficção. Compreender um texto, portanto, é postar-se perante o mundo da obra para entendê-lo e, por extensão, entender a si mesmo. A leitura é assim, para Ricoeur, pharmacon, “remédio’’, por meio do qual o leitor busca a significação ao tentar superar o estranhamento do texto em uma nova proximidade; proximidade esta que elimina, mas ao mesmo tempo resguarda, a “distância cultural’’ e tenta incorporar a alteridade textual na ipseidade ontológica do leitor. Esse ponto de encontro entre o mundo do texto e o do leitor pode se iniciar por meio da metáfora, criadora de uma nova referencialidade. Discutir a referência e o metafórico aí inscrito como desencadeador de uma ação interpretativa é um dos objetivos propostos em meus comentários, bem como ressaltar como a prática da crítica literária procede em relação a essa dinâmica de leitura. |