Oral (Tema Livre)
1165-1 | TAMBORES E ORIXÁS. A DIÁSPORA AFRICANA E A INFÂNCIA TORNADA POSSÍVEL: EL RE ES VERDE, DE INÉS MARÍA MARTIATU E DUBLÊ DE OGUM, DE CIDINHA DA SILVA. | Autores: | Susana Carneiro Fuentes (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroFAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Apoio à Pesquisa) |
Resumo A partir do conto "Dublê de Ogum", da autora afro-brasileira Cidinha da Silva, e do conto "El re es verde", da autora afro-cubana Inés María Martiatu, procurarei analisar a infância na diáspora africana em sua tensão entre culturas, em espaços que se negociam e onde é possível à criança o processo de tomada de consciência de sua origem, em seus interesses e íntimas aspirações.
Em "Dublê de Ogum", veremos a construção de identidade de uma criança alimentada pelos heróis da TV, estes inseridos em uma cultura branca ocidental. E, no entanto, a sua não alienação à esta cultura na resposta surpreendente: seus heróis são desconstruídos e surgem em novo contexto, sob o contorno das religiões de matrizes africanas. Na narrativa, a criança, um menino, entra em negociação com a realidade através do jogo, to play, to enact, to perform, e através da escuta atenta de um outro que restitui ao menino o elo com a cultura de origem e os orixás.
No conto "El re es verde", a protagonista é uma menina que experimenta em sua vida e educação o conflito entre a palheta musical da cultura europeia e as cores de suas raízes da cultura afro-cubana. Acompanharei como, uma vez seu desejo colocado em movimento, ela reinventa a escala ocidental em ritmos e timbres da cultura popular.
Assim, em cada conto é possível perceber a força da invenção de si mesmo, a transformação do lugar do indivíduo no contexto social a partir da apropriação/recriação de imagens. E, na infância, o encontro com a dignidade a partir da compreensão de uma origem em comum. O resgate da memória a partir de uma escuta que é também escavação: uma arqueologia das imagens ainda latentes mas que permeiam o sujeito e o fazem coincidir com a prática cultural de uma identidade negra nas Américas em permanente diálogo com a contemporaneidade.
|