XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1153-1


Oral (Tema Livre)
1153-1CONFLUÊNCIAS E CONCORRÊNCIAS NO MOSAICO CULTURAL LATINO-AMERICANO
Autores:Carlos Eduardo Louzada Madeira (UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO)

Resumo

No prólogo que escreve para a edição mexicana de Memórias póstumas de Brás Cubas publicada pela SEP-UNAM em 1982, diz o escritor Juan Rulfo: “No obstante las fronteras geográficas, lingüísticas e históricas que separan a esta gran nación del resto de América Latina, parece que hubieran establecido también barreras intelectuales, ya que hasta la fecha aún son muchos los hispanoamericanos ajenos a la literatura brasileña, y lamentablemente, muy pocos quienes se ocupan de estudiar las numerosas obras que aportan a nuestro continente una valiosa y amplia riqueza cultural”. Será ainda pertinente o diagnóstico do autor de Pedro Páramo? Em sentido inverso, estarão mais amadurecidos e desenvolvidos os estudos levados a cabo por brasileiros a respeito da tradição literária hispano-americana? Mantém-se hoje, em tempos de integração e mobilidade cada vez mais intensas, a premência de esforços no sentido de estreitar os espaços que se interpõem entre as produções brasileiras e as América Hispânica? E a América periférica não falante de português e espanhol, que espaço lhe cabe? Pode a dinâmica da investigação comparada se converter também em ferramenta integradora, ajudando a mapear o mosaico representado pelas diferentes vozes que se espalham pelo continente e tornando possível um olhar mais crítico sobre a heterogeneidade que o configura? Com o abandono gradual das práticas de cunho etnocêntrico, calcadas nas conhecidas análises de fontes e influências, os estudos comparativos vêm priorizando a matéria textual em detrimento dos sistemas hierarquizantes que invariavelmente subordinavam as chamadas literaturas periféricas aos modelos europeus e norte-americanos. Importam as narrativas em suas marcas específicas e criativas. Enfraquece-se também o velho nacionalismo, dissolvido hoje no seio de uma modernidade desterritorializante que impõe o estabelecimento de novos modos de ler a produção cultural.