Oral (Tema Livre)
1045-1 | VOZ DE CRIATURA | Autores: | Erich Soares Nogueira (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) |
Resumo
Parte de uma pesquisa mais ampla sobre a Vocalidade em Guimarães Rosa, a comunicação faz uma leitura da novela Buriti, em particular da trajetória da personagem Chefe Zequiel, cuja audição desmedida é capaz de captar absolutamente todos os sons noturnos do Sertão. A novela se encontra, justamente, no livro Noites do Sertão. Imerso numa vertiginosa e perigosa natureza por via dessa escuta, o Chefe Zequiel ouve, além dos conhecidos sinais da noite, outros sons que ele não consegue compreender e que lhe despertam pavor. Para Guimarães Rosa, essa personagem abre um espaço de investigação tanto de elementos insondáveis sempre presentes no seu sertão, quanto de uma linguagem que enfrenta o desafio de se aproximar ao máximo dessas vozes da noite.
Antes, porém, de seguir a trajetória de Chefe Zequiel, a comunicação apresenta a noção de vocalidade, analisando o trecho final do conto Meu o tio Iauaretê. Neste conto, há um personagem emblemático, cuja metamorfose em onça convoca a linguagem rosiana a elaborar uma “voz de criatura”. É essa voz entre a ordem do humano e a ordem do animal que, na sequência, é escutada e analisada em Buriti.
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