Oral (Tema Livre)
415-1 | Golens contemporâneos: "Johny Golem", de Samuel Rawet | Autores: | Leo Agapejev de Andrade (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo No conto “Johny Golem” de Samuel Rawet (in O terreno de uma polegada quadrada, 1969), dá-se um diálogo entre a figura do golem – o autômato criado a partir do barro – e a humanidade como produtora de golens contemporâneos.
Johny Golem, um paciente judeu vindo “do bairro pobre”, é o objeto de uma pesquisa em psicologia comportamental que acaba por enlouquecer seu “criador”. A história de Johny G. parte e termina em náusea provocada “pelas possibilidades infinitas da estupidez humana”. Assim, a partir de um tipo social – o “idiota de aldeia” – presente nas narrativas vindas do universo cultural judaico da Europa oriental, Rawet ensaia um mergulho, por uma abertura feita pela náusea, na atemporal estupidez humana e seu lugar na sociedade. Esse mergulho, no entanto, é apenas apontado como questionamento ético com base na história de um pária social, Johny Golem.
É pelas margens dos valores sociais que Rawet repensa (desconstruindo) os lugares-comuns e exerce a liberdade imaginativa de que se vale para tal, por meio de aberturas da consciência ética para o inaudito, ou seja, para possibilidades não-previstas pelo lugar-comum, ainda que (de alguma forma) latentes nele.
“Johny Golem” aponta para a estupidez como lugar-comum que se mostra necessário problematizar. Para tanto, proponho a análise da figura do golem como emblema da personificação/vítima dessa estupidez humana atemporal e os descaminhos da humanidade embasada em tal lugar-comum.
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