XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:623-1


Oral (Tema Livre)
623-1ESTORVO, DE CHICO BUARQUE, UMA LEITURA ALEGÓRICA
Autores:Tânia Maria de Mattos Perez (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo

Os romances contemporâneos têm frequentemente trabalhado com a temática urbana, focando questões da (des)identidade, da fragmentação e da solidão dos sujeitos diante de um mundo violento, globalizado e marcado pela sociedade de espetáculo. Neste trabalho, propomo-nos a fazer a leitura de Estorvo (1991), de Chico Buarque. Suspense, violência, erotismo, degradação social e morte perfazem a escrita buarquiana, com ares de romance policial. O enredo gira em torno da história de fuga do personagem-anônimo, um misto de sonho/pesadelo e realidade a partir da visão de um estranho do outro lado do emblemático “olho mágico” do apartamento. Assim, a narrativa de Estorvo brota da visão, da imaginação e da memória do narrador-personagem em plena crise existencial e moral. Buscamos respostas para os enigmas do texto buarquiano, seguindo os passos narrativos e tentamos decifrar os signos: as palavras, as imagens, os símbolos e as alegorias apresentados no romance. Para tanto, utilizamos como apoio teórico os pensamentos ou a filosofia histórica e estética da alegoria barroca, defendida por Walter Benjamin em seus livros, mas, em especial, no seu livro-tese, Origem do Drama Barroco Alemão. Assim, tentaremos demonstrar de que maneira o modo de ser barroco se assemelha qualitativamente ao modo de ser do indivíduo na era moderna ou pós-moderna e como o romance de Chico Buarque pode ser lido como uma representação alegórica, pois traz em seu bojo alguns elementos que compõem o espetáculo do luto, a melancolia condizentes com o Trauerspiel alemão.