Oral (Tema Livre)
249-1 | O insólito ficcional e a função poética da linguagem | Autores: | Rafael Campos Quevedo (FAMA - Faculdade Atenas Maranhense) |
Resumo A emergência do insólito do seio de uma situação ficcional reconhecida como representação de "um mundo que é exatamente o nosso, aquele que conhecemos" (Todorov, 2008, p. 30) é deflagradora da inevitável perplexidade a que é conduzido o leitor que passa a ter seu horizonte de expectativa posto em xeque e, a partir de então, encontra-se na zona de hesitação quanto à natureza do elemento desagregador surgido na narrativa. Esse tipo de experiência, que é própria do fantástico segundo Todorov, embora pressuponha o “estranhamento” ao nível da natureza dos eventos ficcionais (que contrasta com as convenções da lógica e da realidade) não tem como requisito o estranhamento ao nível do significante. Em outras palavras, pouca relação parece ter sido feita entre o fato de que a hesitação decorre, sobretudo, de um tipo de configuração que é dada à mensagem e que, por esse motivo, a função poética (Jakobson) mantém com o efeito do fantástico uma relação de cumplicidade que merece ser deslindada. Tendo como corpus excertos da obra de Franz Kafka e de alguns filmes de Federico Fellini serão analisadas as relações entre função poética da linguagem e emergência do insólito tendo em vista não o sentido estrito contido na noção de Todorov acerca do fantástico, mas sim uma noção mais ampla que contempla um tipo de experiência estética desagregadora e “desconfortante” e que, a nosso ver, é própria da obra dos dois autores mencionados. |