XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:313-1


Oral (Tema Livre)
313-1Vivendo 1988: Intersecções entre Literatura e História como Projeto Político no Caso do Bicentenário da Austrália
Autores:Eduardo Marks de Marques (UFPEL - Universidade Federal de Pelotas)

Resumo

O continente australiano viveu, na década de 1980, um período de intensos debates sobre o papel da história e da historiografia na construção da identidade nacional graças aos preparativos das comemorações do bicentenário da colonização europeia, a acontecer em 1988. A partir desse debate, em boa parte instigado pelo governo central de orientação trabalhista -- de volta ao poder depois de quase 30 anos -- questões referentes à exclusão histórica do discurso das minorias (étnicas, de gênero e orientação sexual) na construção da história "oficial" australiana começam a surgir em historiografias "alternativas" mas, principalmente, fomentam o surgimento de dezenas de romances históricos (alguns deles encomendados pelo governo) que questionam a formação da identidade nacional australiana atingindo, assim, o público-leitor médio daquele país e, de certa forma, democratizando o debate. O presente trabalho -- uma versão extremamente reduzida de minha tese de doutorado em AUstralian Literature and Cultural History defendida na University of Queensland, em 2007 -- almeja colocar o gênero do romance histórico sob uma perspectiva diferente: aquela de um elemento político fundamental para a discussão dos pilares formativos de uma identidade nacional que é, essencialmente, multiétnica, ainda quer o discurso oficial ignorasse tal fato, e que culminou na redefinição do que se entende como história australiana. Em outras palavras: pode o romance histórico servir como veículo político de discussão histórica? E, caso afirmativo, quais os limites de tal projeto?