XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:95-1


Oral (Tema Livre)
95-1A EDIFICAÇÃO DO POEMA EM DORA FERREIRA DA SILVA: DAS TRADUÇÕES DE JUNG E DE POETAS MÍSTICOS
Autores:Enivalda Nunes Freitas E Souza (UFU - Universidade Federal de Uberlândia)

Resumo

A proposta desse trabalho é observar os influxos das traduções de Dora Ferreira da Silva em sua poesia. Além de poeta premiada, Dora Ferreira da Silva também consagrou-se como tradutora de poetas de expressão da literatura universal, com destaque para Rainer Maria Rilke, poeta com o qual sua obra se estreita. Autora de uma poesia permeada pelo sentido do sagrado, a poeta lança mão tanto das tradições religiosas pagãs quanto das judaico-cristãs, fator que também está intimamente ligado à profissão de tradutora, haja vista suas traduções dos poetas místicos San Juan de la Cruz, Angelus Silesius e Johannes Tauler, e do psicólogo das profundezas Carl Gustav Jung. Em 1986, a poeta escreve em parceria com o teólogo Hubert Lepargneur, com quem já havia trabalhado sobre a poesia de San Juan de la Cruz, a obra Angelus Silesius, a mediação do nada. Nesse mesmo campo místico, em 1997, os dois ainda haveriam de escrever Tauler e Jung, o caminho para o centro. Angelus Silesius viveu na Alemanha do século XVII e causou embaraço no meio religioso com sua obra de inspiração religiosa Viajante querubínico. Pelos paradoxos de suas imagens, na tentativa de captar a Imago Dei no homem, o livro fere a leitura canônica tanto protestante quanto católica, deixando um legado de beleza poética e numinosidade humana que, à feição da obra de Tauler (1300-1361), se irmana ao pensamento de Jung. A união dos opostos, a alma deificada, o homem-Cristo, a hierofania de Deus na pedra, na flor e no animal caracterizam a poesia desses místicos e constituem a matéria do poema de Dora Ferreira da Silva. Da poesia dos místicos, a poeta ainda se vale de alguns procedimentos técnicos.