Oral (Tema Livre)
729-1 | JOSÉ DE ALENCAR E A CONCEPÇÃO DO PAPEL DA LITERATURA NA SOCIEDADE BRASILEIRA | Autores: | José Dino Costa Cavalcante (UFMA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) |
Resumo José de Alencar sempre refletiu – seja no início de sua trajetória como romancista ou nos anos finais de sua vida (anos de 1870) – o papel do escritor na sociedade brasileira. Quando da publicação de A confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães, o autor de Iracema lançou uma série de artigos no jornal Diário do Rio de Janeiro em que expunha suas ideias sobre o valor da obra e sobre o papel do ficcionista. Na década seguinte, já com a publicação de vários romances, como O guarani, A viuvinha, entre outros, e com a representação de várias obras teatrais, passa a discutir, na imprensa, os objetivos da arte literária. Discute, por exemplo, com o crítico português Pinheiro Chagas, afirmando que a língua deve ser entendida como "a nacionalidade do pensamento" assim como a pátria deve ser vista como a nacionalidade do povo. Estava claro para o autor cearense, já nessa época, que o escritor nacional deveria criar condições para que a língua usada nos textos literários pudesse abarcar a então crescente sociedade brasileira – o que será amplamente debatido nos textos dos modernistas de São Paulo. Em 1875, em polêmica com Joaquim Nabuco, Alencar, em longos e freqüentes artigos, no jornal O Globo, volta a refletir sobre o papel do escritor nacional, afirmando que as condições encontradas por sua geração determinaram um diálogo com a literatura francesa, uma vez que a pátria de Alexandre Dumas Filho apresentava-se mais desenvolvida no aspecto cultural. Para ele, o grande legado seu era ter sido um dos primeiros obreiros da "futura literatura nacional". Esta comunicação pretende discutir o papel que o romancista José de Alencar teve na formação da literatura brasileira: suas relações com a imprensa, o debate com outros grupos de autores, a proposta de abarcar um cenário amplo do Brasil, com o chamado romance regionalista, o resgate da história, o papel do índio da constituição da sociedade brasileira, a presença do negro, como no drama Mãe; enfim, de que maneira o romancista pensa a literatura nacional, inclusive dentro do chamado processo de intercâmbio internacional, já que muitas obras publicadas no Rio de Janeiro, então Corte do império brasileiro, alcançavam um significativo (pelo menos para a época) número de leitores em outros países, como Portugal, por exemplo. Para tanto, as ideias de Antonio Candido servirão para entender o cenário sócio-histórico da época e o legado do autor de Lucíola, dito de outro modo: contribuirão para entendimento da confluência sociedade e literatura. |