XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1036-1


Oral (Tema Livre)
1036-1O olhar oblíquo da memória: uma economia do traço
Autores:Rodrigo Silva Ielpo (UFRJ - Universidade Federal do Rio de JaneiroUFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

Em seu livro Memórias Inventadas, Manoel de Barros nos fala de uma mulher que “via de maneira errada”. Segundo o poeta, ao olhar o mundo dessa maneira ela “despraticava as normas”, conseqüência do seu olhar oblíquo. Trata-se do mesmo olhar do qual nos fala o escritor francês Geoges Perec, olhar que desestabiliza a ordem habitual das coisas. Na obra desses escritores, essa “obliquidade” do olhar aparece como parte integrante do processo de nomeação do mundo, apontando para uma contaminação entre homens e coisas que se revela sob a forma de uma imagem-escritura. Esta surge assim como uma espécie de encontro a partir do qual o sujeito fabrica sua escritura ao mesmo tempo em que é fabricado por ela. Como Manuel de Barros nos diz na epígrafe de suas memórias, “Tudo o que não invento é falso”, até mesmo as memórias. Interessa-me aqui estudar esse deslocamento de uma memória como simples resgate do passado para uma criação do presente na forma de uma economia do “traço”, estabelecendo para isso um diálogo com as reflexões dessa noçao em autores como Jacques Derrida e Walter Benjamin.