XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:709-1


Oral (Tema Livre)
709-1O RIO QUE EU SOU: IDENTIDADE E IMAGINÁ(RIO) AMAZÔNICO
Autores:Ivone dos Santos Veloso (UFPA - Universidade Federal do Pará)

Resumo

O rio está em toda parte e tem uma efetiva participação na paisagem, na história e no imaginário da Amazônia, o que justifica a relação com a identidade da região. Entretanto, não creio que a identidade amazônica, seja algo dado, a-histórico, homogêneo, uma identidade raiz única (GLISSANT:1996), constituindo-se numa essência tipicamente amazônica, nem tão pouco que a construção identitária que mantém sua relação com o rio se paute apenas na imagem do homem ribeirinho como a visão tradicional e colonialista quis firmar. Afinal, crer numa identidade exclusiva, unilateral, coerente e constante é uma ilusão, principalmente, quando se pensa isso em um contexto colonizado por diversos povos (portugueses, franceses, holandeses, africanos, italianos, japoneses) que deixaram suas marcas impressas na cultura e, por conseguinte, no homem. Assim, acredito que a própria imagem dos rios amazônicos pode estruturar outras representações que, por sua vez, podem nos dizer que a identidade amazônica é heterogênea, facetada, múltipla, uma identidade rizomática que vai ao encontro de outras raízes (GLISSANT:1996).Nesse sentido, parto da ideia que a identidade amazônica pode ser entendida como uma identidade territorial (HAESBAERT:1999), isto é,aquela cuja alusão ou referência a um território, tanto no sentido simbólico quanto no concreto, é um dos aspectos basilares para a sua construção, de modo que a identidade se torna uma identidade territorial quanto o referente simbólico central para a estruturação dessa identidade parte ou transpassa o território.Para discutir tais questões, na comunicação ora proposta, me reporto aos poemas Rasuras e Viagem do poeta paraense Max Martins, que, a meu ver, podem ser lidos como representações dessa relação significativa entre o rio e o sujeito amazônico.