Oral (Tema Livre)
436-1 | A CONVOCAÇÃO DO LEITOR NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESTÉTICA DESESTABILIZADORA DE REGRAS PRAGMÁTICAS | Autores: | Maria Antonieta Jordão de Oliveira Borba (UERJ/CNPQ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROUERJ/CNPQ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROUERJ/CNPQ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROUERJ/CNPQ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO) |
Resumo A literatura instaura um jogo entre fictício e imaginário, o que permite lhe conferir um caráter específico de signo (Iser: 1966) capaz de gerar discursividades em campos disciplinares os mais diversos como História, Filosofia Sociologia, Psicanálise. Caracteriza-se, ainda, por uma forma de expressão que reorganiza as regras pragmáticas norteadoras das ações dos sujeitos em sociedade. O discurso ficcional da literatura se apropria da verticalidade hierárquica pela qual normas de conduta são dispostas socialmente – desde as mais aceitas até as mais negadas –, sem se limitar, contudo, a reproduzi-las. Ao tematizar essas regularidades, a literatura apresenta embates entre visões de mundo, que podem remeter para valores éticos, políticos, religiosos, através de uma estética que, na reorganização de sua linguagem, se revela como estética suspensiva. Justamente por assim ser, cria vazios em meio aos conflitos que ela própria instaura. Dessa forma, quando a literatura tematiza aspectos extraverbais, culturais, semiológicos, deixa-os na potencialidade do vir a ser. Nesse entendimento como espaço em que o autor cria a realidade da literatura por vazios , também nós, sujeitos da recepção, nos vemos provocados a preenchê-los e, portanto, a construir a literatura por reflexões que avaliam acordos culturais consolidados, formas de inserção em sociedade, crenças aceitas, relações interpessoais etc. Essas ocorrências de trânsito entre obra e leitor são teorizadas por Wolfgang Iser em seu livro The act of reading: a theory of äesthetic response (Iser:1978). A partir desse quadro nocional, o trabalho “A convocação do leitor na construção de uma estética desestabilizadora de regras pragmáticas” discutirá a multiplicidade de visões de mundo presentes na novela "O Alienista" em face do contexto do Brasil do século XIX, considerando as ocorrências da Vila de Itaguaí como metáfora de ocorrências históricas de maior amplitude. Este propósito implicará, por sua vez, o exame das estratégias artísticas da linguagem de Machado de Assis, de modo a indagar o conceito de realismo, tendo em vista as tensões inscritas num enredo que convoca o leitor a refletir sobre heterogeneidades éticas, políticas, teológicas, religiosas. Nessa vertente interpretativa, o objetivo é pôr em debate formas pelas quais a literatura pode deixar de se constituir como depositária de acontecimentos para se revelar como discurso que dialoga com as textualidades pragmáticas por ela incorporadas. |