Oral (Tema Livre)
471-1 | O Cineasta, o Filósofo, a Escritora e seu Tradutor: presença do clássico japonês em autores do modernismo e do pós-modernismo ocidental | Autores: | Andrei dos Santos Cunha (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) |
Resumo Pretende-se identificar, inicialmente, no filme O Livro de Cabeceira [The Pillow Book, 1996], de Peter Greenaway, citações e pastiches do estilo de Sei Shônagon, autora de O Livro de Travesseiro [Makura no Sôshi, início do século XI]. Os elementos intertextuais presentes na obra cinematográfica dão nova significação (pós-moderna, universalista) ao livro da autora japonesa (comumente interpretada, ao mesmo tempo, como “clássica”, fundadora de uma literatura nacional, e “exótica”, do ponto de vista da literatura ocidental). Em segundo lugar, deseja-se também demonstrar como a história da recepção da obra de Sei Shônagon no Ocidente gerou uma série de “coincidências epistemológicas” entre os textos de um modernista como Jorge Luis Borges (seu tradutor para o espanhol); um pós-estruturalista como Michel Foucault (que cita um trecho de Borges, com ecos da obra de Sei Shônagon, como a inspiração decisiva para As Palavras e as Coisas); e a obra cinematográfica de um diretor pós-moderno, como Peter Greenaway. A presença do hipotexto O Livro de Travesseiro nas obras dos outros três autores cria a possibilidade de se propor um corpus que relê o clássico japonês em contexto contemporâneo, elegendo-o como precursor da liberdade formal buscada tanto pela literatura e pela filosofia como pelo cinema, na segunda metade do século XX.
Palavras-Chave: Sei Shônagon; O Livro de Travesseiro; Peter Greenaway; O Livro de Cabeceira; Jorge Luis Borges; Michel Foucault. |