Oral (Tema Livre)
1019-1 | Oiro africano: uma ferramenta de dominação do Estado Novo português | Autores: | Flávia Arruda Rodrigues (PUC-RIO - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) |
Resumo O objetivo deste trabalho é apresentar o livro Oiro africano, escrito em 1929 pelo jornalista Julião Quintinha, como peça de dominação colonial do Estado Novo português. O livro foi um dos premiados pelo Concurso de Literatura Colonial da Agência Geral das Colónias (AGC), instância do governo lusitano encarregada do controle e promoção de atividades econômico-administrativas realizadas fora do território continental de Portugal, no início do século XX. Tal concurso foi promovido entre 1926 a 1974, e contemplou, com vultosas somas de dinheiro, artefatos literários que, como Oiro africano, fortaleciam a figura do dominador português em detrimento das populações e territórios locais. Formulações teóricas a respeito do estereótipo e da ambivalência como as de Homi Bhabha permitem compreender os mecanismos textuais de dominação contidos em tais livros. Julião Quitinha claramente se imbui da tarefa pedagógica que a empresa colonizadora portuguesa lhe reservara, publicizando a mensagem de que nada mais havia em África que sertões a serem ocupados. O trabalho pretende trazer à tona discussões sobre o momento colonial de (hoje) países como o Moçambique tratado em Oiro africano, uma vez que, a partir de Stuart Hall, devemos entender o pós-colonial dessas nações como continuidades. Oiro africano é um dos objetos de estudo da dissertação “Narrativas da dominação no Concurso da Agência Geral das Colônias (1926-1951)”, defendida por mim em 2010 no curso de mestrado em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que tem sequência, atualmente, no curso de doutorado em Letras da mesma instituição. |