Oral (Tema Livre)
1031-1 | Tramas de Noll: o hipertexto nolliano que se trama hipotexto | Autores: | Fabiula Neubern (UNESP - Fclar - UNESP) |
Resumo O presente trabalho se propõe a discutir aspectos da intertextualidade tendo como objeto de análise dois microcontos produzidos por João Gilberto Noll para publicação no jornal Folha de S. Paulo e, posteriormente, contidos em Mínimos, múltiplos, comuns. Os microcontos em questão, intitulados Zé na Margem e Afã, seriam então considerados hipertextos na medida em que trazem em seu conteúdo resíduos do (hipo)texto clariceano.
Genette, em Palimpsestos, fala-nos de uma outra ordem da hipertextualidade “em que B não fale de A, no entanto não poderia existir daquela forma sem A, do qual ele resulta...”. Assim, podemos pensar que o resíduo encontrado nos microcontos nollianos seria a configuração de um hipertexto, que manifestadamente ou não cita seu hipotexto. A problematização de nosso estudo dá-se no momento em que o hipertexto de Noll configura-se, também e ao mesmo tempo, como um hipotexto.
Marchezan (2006) afirma, em relação ao leitor que “trata-se de um leitor voltado para o texto literário, que volta a sua intencionalidade para a realização da arte literária, prática contemplada, inclusive, dentro das ousadias das configurações do texto literário contemporâneo, pelo hipotexto.” Assim, parece-nos que o leitor do hipotexto é a chave interpretativa que descortina o hipertexto enquanto entende e valida o texto-matriz. Em nosso caso, um tipo de texto que ao mesmo tempo remete a e funda possibilidades de referência.
Referências
GENETTE, G. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Extratos traduzidos do francês por Luciene Guimarães e Maria Antônia Ramos Coutinho. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2006. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/vivavoz/data1/arquivos/palimpsestosmono-site.pdf
MARCHEZAN, L.G. O hipotexto de Noll. In: Revista Brasileira de Literatura Comparada. Rio de Janeiro: Abralic, n.9, p. 229-42, 2006.
NOLL, J.G. Mínimos, múltiplos, comuns. São Paulo: W11 Editores, 2003.
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