Oral (Tema Livre)
624-1 | A textura da desanatomia: o mal e o corpo em Último Round, de Júlio Cortázar | Autores: | Bárbara Nayla Piñeiro de Castro Pessôa (UFF - Universidade Federal FluminenseUFF - Universidade Federal FluminenseUFF - Universidade Federal FluminenseUFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo O gesto vanguardista de ruptura com os limites da obra de arte enquanto instituição desligada da práxis vital engendra um estética do corte e do radical que linda com o excesso. Situando-se no marco da recuperação dos princípios da arte de vanguarda, Último Round (1969), de Júlio Cortázar, se arma como livro colagem no qual tanto as cenas de eroticidade e crime como as práticas de esquartejamento textual provocam nossa reflexão sobre a transgressão do corpo erótico na fronteira do desumano e a simultânea transgressão do corpo do Livro em sua unicidade e caráter de obra de arte. Pretendemos observar aqui a presença do mal, no sentido que lhe confere Georges Bataille, em A Literatura e o Mal (1957), como uma potência destrutiva vinculada ao próprio sentido da literatura como zona de perigo e privilégio do instante. Nosso olhar quer se deter no mal como impulso desestabilizador e de desejo que, através do princípio do informe, mina a arquitetura do texto, dando-lhe uma configuração acéfala, sem discurso reitor, um conjunto de papéis incapazes de oferecer-nos uma leitura orgânica. Nossa leitura pretende vincular as práticas de desanatomização e, até, aniquilamento do corpo, humano e textual, com o horizonte utópico da literatura como lugar de desvio do logos e felicidade. |