Oral (Tema Livre)
15-1 | DO CORPO-CÍBRIDO AO CORPO-SENSORIAL: AS REVERBERAÇÕES ÉTICAS E ESTÉTICAS NAS CARTOGRAFIAS DO CORPO-ARTE NO CONTEXTO DA CIBERCULTURA
| Autores: | Maria Aparecida Donato de Matos (ISERJ - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO - FAETEC) |
Resumo O mundo nos é particularmente nosso, porque o mundo que apreendemos é aquele que nos chega pelos sentidos. Cada elemento que participa do conjunto de coisas com as quais convivemos são sintagmas com os quais estruturamos as sentenças que nos possibilitam o sentido gestaltico dessa coisa que chamamos “mundo”, a partir da complexa estrutura da qual nos servimos para a nossa existência: o corpo.
Esse enigma, em constante devir, vem sendo observado, estudado, explorado e questionado desde os tempos mais remotos. Há um legado de registros, que data desde o Paleolítico, que nos permite pensar que há anos os seres humanos já se ocupavam do entendimento da nossa natureza, fosse com os aspectos objetivos ou com os aspectos subjetivos. Essa investigação com o passar do tempo e com as transformações ocorridas na capacidade da inteligência estendeu-se para outros domínios — físicos, metafísicos e psicológicos —, adquiriu um sopro, um ânimo (Psyché), e desdobrou-se em duas esferas distintas, porém complementares: a imanência e a transcendência.
Tantas formulações dotaram o corpo dos conceitos de identidade e singularidade, individualidade e sujeitabilidade e o compreenderam enquanto agente ativo e passivo, abrindo espaços para que os diferentes campos epistemológicos adotassem visões específicas, as quais trouxeram ao debate científico os fatores da percepção, sensação, cognição, emoção, ética e estética, conjugando-os ou distinguindo-os, ampliando as possibilidades de compreensão do humano no interior da relação corpo-tempo-espaço.
As implicações das vozes dessas ciências variaram entre o satisfatório e o insatisfatório no sentido de que muitas vezes os discursos autoritários e maniqueístas negaram a esse corpo o direito do seu estatuto e o reconduziram para patamares aquém da sua natureza, anulando ou suprimindo muitas de suas potencialidades, subjugando-o aos modelos éticos e aos padrões estéticos vigentes. Outras vezes, no entanto, potencializaram esse corpo para além da sua condição física e psíquica naturais, possibilitando-o avançar e ocupar espaços impensáveis, considerando-se a sua condição meramente humana. Essas observações foram registradas pelas diferentes esferas do conhecimento — arte, ciência, religião —, e nos permite um estudo sobre as escrituras desse corpo, e de seu sentido de mundo, em cada tempo, nas dimensões da poiesis e da aisthesis, ratificando e fortalecendo a idéia de que essa leitura acontece à medida que se conecta com os fatores que o envolvem e estabelece com esses uma relação de identificação e de reciprocidade. Esse universo de coisas percebidas, apreendidas e compreendidas institui um corpus sensório-particular, imprimindo-se em suas grafias ao mesmo tempo que se cartografa no espaço. Neste sentido, os sensores que delimitam os fusos e meridianos da relação homem-contorno existencial são o ponto de partida para o fenômeno, onde se conjugam o ético, estético e o poético. Este trabalho busca um estudo cuja proposta está na discussão estética acerca do corpo no contexto da cibercultura, numa compreensão corpo sob diferentes aspectos, num pensamento que seja capaz de colocar em diálogo os distintos vetores que o potencializam, o limitam e o delimitam, privilegiando os fenômenos da imaginação e da percepção, entralizando o debate noas cartografias do corpo contemporäneo.
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