XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:686-1


Oral (Tema Livre)
686-1“UM ESTRANHO CINEMA SEM IMAGENS”?: OS ARTEFATOS CINEMATOGRÁFICOS NOS ROMANCES DE JOÃO GILBERTO NOLL, RUBEM FONSECA E EDGARD TELLES RIBEIRO
Autores:Barbara Cristina Marques (UEL - Universidade Estadual de Londrina)

Resumo

Se o fenômeno das adaptações cinematográficas ou das transposições da literatura para os meios audiovisuais sustenta, há muito, a relação entre o cinema e literatura, surge na contemporaneidade, com vigor considerável, a prática inversa, isto é, a escrita de textos literários contaminada pela linguagem e pelos dispositivos técnicos do cinema. Assim, este trabalho tem por objetivo avaliar a relação que a narrativa brasileira contemporânea tem nutrido com a arte cinematográfica a partir de três romances que traduzem, cada um a seu modo, esse diálogo que a literatura vem mantendo com as técnicas comumente associadas ao cinema. Bandoleiros (1985), de João Gilberto Noll, Vastas emoções e pensamentos imperfeitos (1988), de Rubem Fonseca, e O criado-mudo (1991), de Edgard Telles Ribeiro são emblemáticos nesse sentido pelo modo com que a narrativa ajusta-se aos artefatos cinematográficos através de recursos como a montagem, o enquadramento, os deslocamentos de focalização, os cortes de cenas e diálogos, e o olhar do narrador como espécie de câmera. Nesse sentido, dentro de uma visão mais ampla, o que pretendemos discutir aqui são os questionamentos quanto ao fazer artístico na contemporaneidade a partir da relação entre literatura e cinema, que, uma vez demonstrado o divórcio entre o canônico e o periférico, busca novas alternativas estéticas e soluções técnicas de narração.