Oral (Tema Livre)
1196-1 | Subjetividades líricas à margem do centro na poesia contemporânea brasileira e portuguesa | Autores: | Goiandira de Fátima Ortiz de Camargo (UFG - Universidade Federal de Goiás) |
Resumo Nesta comunicação, pretende-se discutir as representações da subjetividade na lírica brasileira e portuguesa contemporânea, tendo em vista a problematização, que daí se depreende, do conceito de eu-lírico dado pelos pressupostos da teoria e da crítica tradicionalmente consideradas. Observa-se na lírica brasileira e na sua contraparte portuguesa um sujeito lírico descentrado, que se descola do lugar a ele comumente consagrado e se desloca, se desterritorializa em subjetividades-outra, forçando, dessa forma, um repensar de sua natureza por parte da teoria da lírica. Aquele eu-lírico hegeliano, que ainda é reiterado em estudos como o de Staiger(1969), desde o século XIX – com Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé ou Whitmann – não assegura o entendimento do sujeito lírico contemporâneo. Ausente ou fragmentado, disperso, descentrado e móvel, à esmo pelas paisagens que o poema cria, esse sujeito busca outros modos líricos na memória intertextual, na alteridade da voz de outras personalidades poéticas ou de animais e ainda situando espaços à margem e reconstituindo-se nas coisas e nos fragmentos narrativos inscritos nos versos. Tendo isso em vista, esta comunicação, a partir da leitura de poetas brasileiros como Paulo Henriques Britto, Antonio Cicero, Micheliny Verunsck, e portugueses como Ana Luisa Amaral, Manuel de Freitas, José Tolentino de Mendonça, entre outros, pretende discutir o descentramento desse sujeito lírico para além do que mobiliza a teoria e crítica canônicas, como Hegel (1993) e Staiger (1969). Em nossas reflexões dialogaremos com Hamburger (2008), Collot (2004), Berardinelli (2007). |