XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:592-1


Oral (Tema Livre)
592-1A tradução no Império Português no fim do séc. XVIII: o exemplo da Arco do Cego
Autores:Alessandra Ramos de Oliveira Harden (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo

Esta comunicação tem por objetivo discutir algumas questões referentes às traduções publicadas pela Casa Literária do Arco do Cego, estabelecimento fundado em 1799 em Lisboa que tinha como um de seus fins específicos a publicação de traduções de textos estrangeiros em língua portuguesa. Considerando a profícua atividade dessa editora/tipografia (foram identificadas 83 obras publicadas entre 1799 e 1801, das quais pelo menos 45 são traduções), o estudo das publicações da Arco do Cego pode ser visto como forma de responder às seguintes perguntas: Que tipo de produção textual era tido como tradução? Quais eram os objetivos e os públicos dos textos traduzidos? É possível identificar uma agenda ético-política que orientava as decisões dos agentes textuais? Qual era o papel do tradutor nesse contexto? As reflexões acerca desses tópicos devem levar em conta a realidade do Império Lusitano nas últimas décadas do século XVIII. Esse período da história lusa foi marcado, no que diz respeito à produção intelectual, por fatores que influenciaram sobremaneira a prática da tradução: a presença ativa dos órgãos de censura; a não diferenciação entre textos literários e não literários; e o não reconhecimento dos direitos autorais. Subjacente a esta comunicação e aos trabalho de pesquisa que a originou está a crença na relevância das questões mencionadas acima para o debate acerca da ética tradutória inserida em uma perspectiva diacrônica, debate esse que se faz essencial para o avanço dos estudos de tradução de forma geral.