Oral (Tema Livre)
411-1 | O corpo grotesco em Marcel Proust e Pedro Nava | Autores: | Lisa Vasconcellos (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo Em seus escritos, tanto Marcel Proust como Pedro Nava têm por hábito usar metáforas e comparações grotescas, calcadas na fisiologia humana ou animal, para falar do que, a princípio, seriam tradicionais temas literários. Conceitos e imagens retirados do universo científico, mais especificamente do campo médico, área com a qual ambos tiveram estreito contato (Pedro Nava por conta de seus quarenta anos de prática como reumatologista, e Proust devido as suas conexões familiares e também à sua própria experiência de doente), são comuns na obra de ambos. Assim, na saga de "Em busca do tempo perdido" e também na coletânea memorialística de Nava, doenças, germes ou insetos são associados, por exemplo, aos motivos do desencontro amoroso, das decepções, da inveja ou da concorrência entre indivíduos. Essa inusitada estratégia literária cria um efeito de estranhamento pleno de sentidos, na medida em que, através de associações semânticas inesperadas e dos ecos por elas provocados, propõe novos olhares sobre aquilo que se considera os limites do humano. O presente trabalho visa justamente investigar esse fenômeno utilizando-se do conceito de estranhamento proposto por Chklóvski, no artigo de 1917, “A arte como procedimento”. |