XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1067-1


Oral (Tema Livre)
1067-1O SOBRINHO DO TIO: A PRESENÇA DE J. M. DE MACEDO NO ROMANCE MACHADIANO
Autores:Ewerton de Sá Kaviski (UFPR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ)

Resumo

O objetivo da presente comunicação é mostrar como o narrador machadiano, assim como mapeado por Roberto Schwarz, é, enquanto forma literária, forjado a partir do aproveitamento feito por Machado de Assis de certa parcela da tradição literária brasileira. Para tanto, pretende-se traçar e analisar algumas relações, já sugeridas em linhas gerais por Temístocles Linhares e Flora Sussekind, entre esse narrador machadiano, principalmente o de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), e o sobrinho-narrador de dois romances de Joaquim Manuel de Macedo, A carteira de meu tio (1855) e Memórias do sobrinho de meu tio (1867-68). A hipótese aqui é a de que as questões centrais determinantes do narrador machadiano, como formuladas por Roberto Schwarz em Um mestre na periferia do capitalismo (1990), estão previamente figuradas, ainda que com resultados diferentes de fatura, nesses dois romances de Macedo. A idéia é evidenciar, a partir da leitura de Roberto Schwarz, certo caráter cumulativo que a obra machadiana possui quando articulada com as experiências ficcionais anteriores. No fundo, está embutida em nosso objetivo a idéia de discutir algumas das formulações críticas de Roberto Schwarz de modo que se redirecione a discussão não para os acertos machadianos, mas para o aproveitamento que a obra machadiana fez da tradição literária – o que, por tabela, pode reposicionar, do ponto de vista crítico, a obra de autores considerados menores em nosso sistema literário pelo mainstream da crítica literária como é o caso de Joaquim Manuel de Macedo.