Oral (Tema Livre)
761-1 | À PROCURA DE UM ROSTO DE MULHER,
NAS COLUNAS FEMININAS DE CLARICE LISPECTOR
| Autores: | Aparecida Maria Nunes (UNIFAL-MG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS) |
Resumo Tudo começou com um convite. Era o ano de 1952 e Rubem Braga, em parceria com Joel Silveira e Rafael Corrêa de Oliveira, resolvem lançar um semanário político. "Comício" teria uma página feminina e o nome de Clarice Lispector é lembrado. A escritora aceita o convite de escrever a coluna, mas com uma condição: valer-se de um pseudônimo. Surge então a colunista Tereza Quadros. E assim se dá a incursão de Clarice Lispector neste ofício de publicar narrativas em forma de conselhos, receitas e segredos para um público-alvo específico: a mulher do pós-guerra que sai de casa para o mercado de trabalho. O gosto pelo interdito, pelas entrelinhas e pelos pequenos detalhes imprescindíveis para a compreensão da literatura clariciana estão também nas quase 500 colunas que a ficcionista produziu entre as décadas de 1950 e 1960, sendo ainda a Helen Palmer do "Correio da Manhã" e a Ilka Soares do "Diário da Noite". Essa faceta de Clarice é pouco conhecida. Mas é justamente em meio às receitas de feminilidade e de como ser mulher que vamos encontrar um delicioso painel da cultura daqueles anos dourados e dos conflitos da alma feminina, sob o texto emblemático de Bernard Shaw sobre a atriz parisiense de teatro Sarah Bernhardt, como modelo de identidade para a leitora de jornal. |