XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:741-1


Oral (Tema Livre)
741-1A subversão dos retratos: vertigens espaciais em Mar paraguayo, de Wilson Bueno
Autores:Nádia Nelziza Lovera de Florentino (EEPLCS - Escola Estadual Prof. Luiz Carlos SampaioUFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

Resumo

Mar paraguayo, publicado em 1992 por Wilson Bueno, é um romance repleto de particularidades estéticas e de inovações literárias. Nas oscilações entre Espanhol, Português e Guarani, o trânsito de línguas, expresso no próprio título do livro, tem como principal finalidade o apagamento de toda e qualquer fronteira. Podemos, então, pensar o mar paraguayo como a representação de um espaço metafórico no qual ocorre uma degradação cultural transposta na linguagem. Nessa perspectiva, propomos neste trabalho uma associação entre as reflexões de Willi Bolle (2004) a respeito da construção de uma paisagem nacional em Os Sertões de Euclides da Cunha e Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa e a subversão dessa paisagem na demarcação espacial oscilante do romance de Wilson Bueno. Portanto, podemos considerar que, em linhas gerais, a paisagem nacional em Grande Sertão: Veredas e Os Sertões constrói-se na relação a um contexto histórico e possui demarcações nítidas e bem contornadas: a paisagem é estável e positiva. Em contrapartida, Mar paraguayo reconfigura essa paisagem nacional apresentando uma paisagem difusa e sem fronteiras definidas e que se afirma mediante caracteres considerados, em sua maior parte, como negativos: o erro, a marginalização, o hibridismo, dentre outros.