XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1161-1


Oral (Tema Livre)
1161-1A obra literária de Liev Tolstói entre ficção e não-ficção
Autores:Natalia Cristina Quintero Erasso (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo

Ouve-se dizer, com frequência, que Liev Tolstói passou por uma profunda crise espiritual por cuja causa abandonou a literatura para dedicar-se a compor sermões. Harold Bloom, por exemplo, afirma que Tolstói “who moralized both abominably and magnificently, has little original to say concerning the pragmatics of literary representation. What might be called his theory of such representation is outrageous enough to be interesting” (Bloom, 1986, pag. 7) e surpreso com o aparecimento de Khadji-Murát,disse que, felizmente, “Tolstoy seems at moments to have found his way back to an art that never quite was, even in the remote past, and yet something in us wants it to have existed” (idem), e fica então a impressão de que Tolstói tivesse realizado sua obra literária apesar dele mesmo. Contudo, resulta interessante pensar que as obras primas da maturidade de Tolstói (como a citada Khadji-Murát) são fruto não da vitória do talento literário sobre o homem obcecado pela ideia, mas a expressão do “equilíbrio entre ethos e pathos” (idem), cuja busca permanente constitui a “linha de enredo” (Buchkánets, 20-?, pag. 3) da vida de Tolstói e de sua maior obra escrita: os diários. Neles, como em nenhum outro lugar, fica evidente a indivisibilidade entre vida e obra porque, como afirmou o próprio Tolstói sobre seus diários, “eles são eu” (Tolstói, 2009, pag. 193).