XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:432-1


Oral (Tema Livre)
432-1Velha Totonha e Dadade: O papel das narradoras orais e a representação do personagem iletrado nos romances "Menino de engenho", de José Lins do Rego, e "A menina morta", de Cornélio Penna
Autores:Antônio Cézar Nascimento de Brito (UNB - Universidade de BrasíliaPROJEÇÃO - Faculdade Projeção) ; Ivone Borges Monteiro (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo

Este trabalho centra-se em questões relacionadas ao modo como a representação do personagem iletrado se configura na narrativa de José Lins do Rego e de Cornélio Penna, especialmente nas personagens Velha Totonha, em "Menino de engenho", de José Lins do Rego e Dadade, em "A menina morta", de Cornélio Penna. Esses dois romances foram publicados em momentos decisivos para a literatura brasileira, quando os romancistas das décadas de 1930, 1940 e 1950 elaboraram uma nova representação do país, oriunda da constatação do subdesenvolvimento, problematizando as contradições da formação histórica do Brasil. Entre os limites com os quais se depararam os intelectuais, a representação do outro de classe, especialmente o personagem iletrado, aparece como constante na maioria dos romances publicados nesses períodos. Pretende-se neste trabalho abordar essa problemática, discutindo o papel que as narradoras orais assumem na narrativa de "Menino de engenho" e "A menina morta" como modelos utilizados pelos narradores desses romances e como isso pode ser relacionado com a internalização das contradições históricas na forma literária. Interessa também discutir a relação contraditória entre os conceitos Projeto Estético versus Projeto Ideológico, que orientou a produção literária das décadas citadas, originando um debate entre o que se costuma nomear pela crítica literária brasileira como Romance Social e Romance Intimista. Procuramos mostrar que em determinados momentos, esses dois conceitos, aparentemente contraditórios, podem se aproximar, internalizando na estrutura da narrativa o seu oposto.