XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:1121-1


Oral (Tema Livre)
1121-1A EXPRESSÃO DO CONTEMPORÂNEO NA ESCRITA DE SI:RELENDO WALTER BENJAMIN
Autores:Daise de Souza Pimentel (UFES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO)

Resumo

Se nos anos 60, com Foucault e barthes, o reino do autor foi abalado, na produção literária contemporânea o movimento do "retorno do autor" se apresenta como forte tendência, verificável em várias obras de autores brasileiros como "O falso mentiroso: memórias", de Silviano Santiago, "Budapeste", de Chico Buarque, "Nove noites", de Bernardo Carvalho e "Berkeley em Bellagio", de João Gilberto Noll, entre outros mais recentes. Todos eles põem em questão o papel do autor – e também o gênero literário autobiografia – ao fazer autoficção. Essa reinvenção do jogo entre o sujeito empírico e o ficcional decorre das mudanças na produção de subjetividades e do surgimento de novas formas textuais, consequências da relação com os meios tecnológicos e, principalmente, digitais. E a literatura, veículo privilegiado para a expressão das subjetividades, tem tentado se reinventar com essa expressão do vivido, a ficcionalização de passagens da vida de um “eu”, que se diz autor e personagem. Outros meios como a TV, o cinema e a internet e, sobretudo a internet, constituem-se em campo fértil para a transmissão das “experiências” de agora: impressões, desejos, fatos corriqueiros da vida de um eu que quer ser notado e, mais ainda, ser reconhecido. A discussão sobre a exposição do sujeito e de suas experiências reais nas páginas de um livro, como também nas telas virtuais, ocorre muitas décadas depois dos célebres ensaios de Walter Benjamin “Experiência e pobreza”, de 1933 e “O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov”, de 1936. Para Benjamin, a crise da narrativa foi consequência da perda da comunicabilidade da experiência na modernidade, era da informação e da técnica. Neste trabalho, proponho a releitura do pensamento benjaminiano sobre a experiência a partir das tentativas de síntese de algumas das minhas recentes leituras acerca do sujeito na atualidade e o modo como ele se reapresenta neste cenário. Nas expressões literárias hodiernas é no “espaço biográfico”, secundando Leonor Arfuch, que se promove o encontro com o eu e com o outro daquele que escreve. Esse encontro também ocorre em outros espaços propícios à expressão das subjetividades como o espaço midiático, que por sua própria estrutura, permite a visibilidade tão desejada por grande parte dos anônimos e invisíveis sujeitos da contemporaneidade.