Oral (Tema Livre)
1183-1 | Novas mídias folhetinescas – o folhetim televisivo do século XXI | Autores: | Marcela Silva do Nascimento (UERJ - Universidade Estadual do Rio deJaneiro) |
Resumo Quando em 1836, Sue publicou o primeiro folhetim, na França, a forma logo conquistou o público. Gênero novo, distinto do romance em volume, que se publicara até então, nascido das necessidades jornalísticas, o folhetim era um misto de romance e melodrama. Sua estrutura – que privilegiava o suspense (bem marcado pelo corte estratégico, no ápice da narrativa); as reminiscências e as retomados; o enredo pouco complexo e a linguagem coloquial – aproximou o público da narrativa em fatias e transformou o folhetim em um fenômeno de vendagem. Mas não era a estrutura folhetinesca novidade em seu tempo: o folhetim absorve gêneros. A novidade está, porém, na mídia utilizada – o folhetim passa, a partir do século XIX, a um veículo de grande circulação, os jornais. Desde seus primórdio foi o folhetim considerado gênero menor, mas sua importância vai além – tão além que chega ao século XXI e incorpora a si, mais uma vez, uma nova mídia: a televisão. Seriados, minisseriados, novelas: são todos frutos do folhetim; são todos frutos da ideia de um jornalista francês de aliar mídia e arte, literatura e jornal. A estrutura se mantém: o entretenimento em fatias, o corte no momento de maior tensão, a mistura de narrativa e dramaturgia, o melodrama e seus tradicionais “finais felizes”, as reminiscências e retomadas – enfim, todas as características folhetinescas encontram-se nesta nova forma de entretenimento. A arte brasileira, como sempre, não andou na contra-mão do sucesso: tanto no século XIX – quando veio a lume nosso primeiro folhetim (O filho do pescador, de Teixeira e Sousa, de 1843) quanto agora, quando nossas telenovelas e minisséries conquistam o mundo seguindo a mesma estrutura que nosso primeiro romancista seguiu no século XIX. Esta comunicação visa analisar o primeiro romance-folhetim brasileiro a fim de levantar na obra as estratégias do autor que aproximam, e muito, sua obra daquilo que vemos hoje nas telas das televisões. |