XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:537-1


Oral (Tema Livre)
537-1Prolegômenos para uma poética sexual latino-americana: a politização do corpo e do desejo em Caio Fernando Abreu e Jaime Bayly
Autores:Anselmo Peres Alós (UNILA - Universidade Federal da Integração Latino-Americana)

Resumo

Haverá uma poética do corpo e da subjetividade avessa à heteronormatividade no que diz respeito ao romance latino-americano contemporâneo? Caso haja, tal poética estaria calcada na homogeneidade dos recursos literários mobilizados para a textualização das experiências de vida de gays, lésbicas e travestis, ou estaria ela calcada na heterogeneidade de estratégias textuais? Como estes textos lidam com questões como o compromisso com a cultura nacional na qual foram geridos, bem como com a liminaridade entre: o literário e o não-literário; entre o nacional, o transnacional e o estrangeiro; ou ainda, entre a masculinidade, a feminilidade e a androginia? Como as fronteiras de gênero, raça, classe e orientação sexual são atravessadas, borradas, rasuradas e problematizadas no discurso romanesco? Quais as contribuições e limitações, no campo da crítica literária, de noções como homographesis, homotextualidade e homocultura? E, finalmente, como o atravessamento das fronteiras de gênero e a textualização de práticas sexuais subversivas e não-heterossexuais impactam nos discursos sobre o cânone literário, a cultura e o sentimento de pertença a uma comunidade nacional? A articulação de uma epistemologia queer permite pensar a textualidade como o lugar de encenação de uma ficção política que questiona os regimes heteronomativos do sexo e do gênero, e propõe uma estratégia de resistência baseada tanto nos corpos e nos prazeres quanto nas políticas de representação e reinvenção das masculinidades e das feminilidades. No exercício de aproximação comparatista realizado neste trabalho, busca-se evidenciar as contradições e impasses que emergem nos romances Onde andará Dulce Veiga? (1990), do brasileiro Caio Fernando Abreu, e No se lo digas a nadie (1994), do peruano Jaime Bayly. Será dado relevo, no gesto de leitura, a questões de raça, classe e gênero, bem como as potencialidades e os pontos problemáticos de uma poética queer como lugar de intervenção cultural, no qual são performativamente projetados novos arranjos de legibilidade social.