Oral (Tema Livre)
911-1 | O estranho que hoje não se diz: mostra-se? | Autores: | Helena Franco Martins (PUC-RIO - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) |
Resumo Este trabalho responde à proposta do simpósio Estranhamento hoje explorando a vitalidade contemporânea de duas enfáticas vozes do século XX: Ludwig Wittgenstein e Samuel Beckett. Tomam-se como contrassignos as seguintes "divisas" amiúde associadas aos autores: de Wittgenstein, "nada está oculto" (Investigações, 435); de Beckett, "nada a expressar" (Três diálogos com George Duthuit, I). O dito de Wittgenstein é muitas vezes tomado como marca de renúncia à distinção, por ele antes sustentada, entre aquilo que se pode dizer e aquilo que, inefável, apenas se mostra (Tractatus, Prefácio, 6.522). O dito de Beckett, por sua vez, é frequentemente visto como indício de uma visão cética da linguagem, que a condena a uma espécie de maldição da autorreferência. Vou argumentar contra alguns aspectos dessas duas respeitáveis leituras, sustentando que, de forma a meu ver um pouco debilitante, elas tendem a ignorar, ou talvez a apaziguar, um estranho que insiste em se mostrar, sem se dizer, na prosa poética dos dois autores.
(Trabalho desenvolvido no âmbito de projeto de pesquisa financiado pelo CNPq) |