Oral (Tema Livre)
1111-1 | O despertar erótico na literatura feminina oitocentista | Autores: | Cinara Leite Guimarães (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) |
Resumo A passagem do século XIX ao XX se configura como um momento de grandes transformações nas sociedades brasileira e estadunidense. As modificações advindas do processo de modernização das cidades estão diretamente relacionadas ao novo status da mulher, que passa a ser valorizada enquanto educadora e formadora do homem, mas ainda ser ter acesso ao espaço público. Na literatura, temas como a educação e o trabalho feminino, assim como o amor, o divórcio e a traição, entre outros, passam a fazer parte da escrita de autoras como Júlia Lopes de Almeida e Kate Chopin. Em suas obras, ambas representam protagonistas mulheres que se constroem como sujeitos do feminino, transgredindo o discurso social imposto ao seu gênero. Isso se dá, nas narrativas em análise, A viúva Simões (1897) e The awakening (1899), por meio de um discurso erótico, onde Eros simboliza uma força que impulsiona à vida. A representação do desejo feminino, que surge por meio da experiência amorosa, altera a forma como as protagonistas, Ernestina e Edna, respectivamente, vêem o mundo e a si mesmas, promovendo um despertar físico e emocional que está presente, nas obras citadas, por meio da descrição do corpo feminino. Portanto, pretendemos verificar como o corpo da mulher é representado na literatura oitocentista por escritoras de propostas literárias que ora convergem ora divergem, dados os distintos contextos históricos que cercam as protagonistas enfocadas. Entendendo o corpo não apenas em sua dimensão física, mas como um lugar de representação de embates sociais e, consequentemente, de formação da identidade, mais precisamente, de uma identidade de gênero, nosso principal questionamento será: podemos considerar a configuração cultural dos contextos relacionados a cada uma das obras um elemento importante na composição das personagens na perspectiva da representação do corpo? Ainda, analisaremos como os discursos erótico e social de alternam ao longo das narrativas, promovendo um embate entre o que é socialmente aceito e o que se configura como uma transgressão do perfil da mulher da belle époche. Para elaboração de nosso texto, tomaremos por base as obras de Xavier (2007), Hollanda (1994) e Richards (2002), entre outras, que nos darão subsídios para uma análise dentro da abordagem crítica feminista. |