Oral (Tema Livre)
268-1 | Roth e Wolff: Ecos Novecentistas | Autores: | Pedro Dolabela Chagas (UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) |
Resumo A comunicação abordará a manifestação, em obras da década de 90 do brasileiro Fausto Wolff e do norte-americano Philip Roth, de um modo consagrado de relação do romance com a realidade: o uso da ficção como estratégia de remissão à totalidade social, focalizada num momento histórico específico. Esta é uma perspectiva comum a Middlemarch, As Ilusões Perdidas e Guerra e Paz, para citarmos alguns clássicos do século XIX. Em Roth e Wolff, isso revela a permanência de dois elementos importantes do gênero romanesco: 1) o enlace entre a vida privada e a realidade sócio-histórica, colocando a ficção a meio caminho entre a criação livre e a remissão fática ao real; 2) a apropriação (entre a incorporação e a subversão) de modalidades não-literárias de discurso. No liame entre estes dois elementos, a leitura comparativa de Roth e Wolff permite avaliar a atualidade e a perseverança, no presente, daquele modo romanesco canônico – a remissão ficcional à totalidade social –, permitindo notar também certas diferenças entre o romance brasileiro e o norte-americano na representação crítica da realidade social, diferenças que revelam o romance em sua relação complexa com o habitus intelectual dos lugares onde é produzido: no Brasil, a tendência a fazer da representação da realidade social uma instância de investigação de uma identidade nacional ainda a ser estabelecida; nos EUA, a tendência a buscar nas teorias políticas fundadoras do país um fundamento identitário já longamente estabelecido, a servir de orientação para a interpretação do presente. |