Oral (Tema Livre)
206-1 | A Pele Gráfica e o Poema só: Manual da Ciência Popular de Waltércio Caldas e a Frase de Álvaro de Campos (Vou atirar uma bomba ao Destino)
| Autores: | Marcus Motta (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo Esta comunicação propõe relacionar o Manual da cultura popular do artista plástico Waltércio Caldas e um poema de um só verso do heterônomo pessoano Álvaro de Campos. O intuito é apresentar um estado de pensamento, em progresso, sobre o aparato do ordinário como destino da arte ― entendendo por ordinário a intimidade com a existência (vida ou arte), sem a prova definitiva sobre o que é existir (vida ou arte). Trata-se, portanto, de expor de um programa teórico localizado em ambos os artista, na medida em que eles reconhecem um tipo de saber que compete à arte (literária ou plástica).
Nesse sentido, a comunicação toma um poema de um só verso de Álvaro de Campos (e outros versos de acordo com a sua medida) e o compara aos objetos de arte do Manual de Waltércio Caldas, averiguando o saber que compete à arte e, se esse saber, não aponta para a idéia de que o destino da arte é, agora, o ordinário (o excepcional do comum). Assim sendo, a comunicação pretende apresentar a riqueza teórica em aceitar aquela forma de conhecimento da arte (literária ou plástica) sobre o seu destino, comparável ao nosso, e sustentar a hipótese de que, nisso, está implícito tanto a morte da arte, quanto a sua superação em rastros breves, cínicos e céticos, a artisticidade do comum.
Em suma, trata-se de saber o porquê, e como, o conhecimento da arte cunha uma atenção ao ordinário, um tipo de destino, e de que forma, tal fato, promove um ambiente de pensamento que assume o baixo mundo. Mundo, no qual tudo é menor em vivência e também em profundidade, sendo isso, e apenas isso, que permite, continuamente, refletir sobre arte, sem bases seguras, ensaiando a própria autoridade e convicção, explicitando a própria deficiência de fundamentos.
Em outras palavras: a comunicação procura apresentar a própria natureza do saber da arte, provenientes de um poeta e de um artista plástico, expondo questões artísticas que, de diversos modos, suscitam a necessidade de algo que poderíamos denominar de conteúdos ontológicos náufragos; momentos de partidas, chegadas e abandonos da arte (literária ou plástica).
Palavras-chave: poema, ordinário, destino, saber, arte |