Oral (Tema Livre)
1147-1 | O corpo e a carta: uma leitura da correspondência de Mário de Andrade e Manuel Bandeira. | Autores: | Carlos Eduardo Galvão Braga (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do NorteUFRN - Universidade Federal do Rio Grande do NorteUFRN - Universidade Federal do Rio Grande do NorteUFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) |
Resumo Na Fenomenologia da percepção, Merleau-Ponty observa que "há, para o corpo, diversas maneiras de ser corpo, assim como, para a consciência, diversas maneiras de ser consciência". Tendo em vista essa disponibilidade primordial do corpo, que lhe confere sua plasticidade, podemos aventar a hipótese de que existe um corpo, distinto dos demais por sua maneira de ser, cuja configuração específica preside, na escrita da carta íntima – de amor ou de amizade –, à elaboração do dispositivo que dá origem à carta como realização textual. Com esta comunicação, queremos mostrar, de um ponto de vista fenomenológico, como se dá, nas cartas trocadas entre Mário de Andrade e Manuel Bandeira no período de 1922 a 1944, a "montagem" do copo de cada uma dessas "singularidades individuais". Esse processo é marcado, sob o aspecto da interlocução íntima que o materializa, pela confiança recíproca que logo se estabelece entre os dois correspondentes, mas sobretudo pelo empenho reflexivo comum e pelo desejo de construir, a duas vozes, uma dissidência crítica na qual, sem prejuízo das divergéncias, ambos possam vir a se reconhecer. Assim, acreditamos – é esta a nossa segunda hipótese – que a observação atenta desse processo possa iluminar, em nova perspectiva, a própria constituição do espaço literário nesse período crucial de sua formação. |