XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:965-1


Oral (Tema Livre)
965-1Audiodescrição – modalidade de tradução audiovisual:tradução ou adaptação?
Autores:Larissa Costa (PUC-RIO - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)

Resumo

O objetivo deste trabalho é discutir, a partir das principais características da audiodescrição, se esta deve ser mesmo pensada como uma modalidade de tradução ou se estaria melhor identificada como um tipo de adaptação, refletindo assim sobre os possíveis limites e entrecruzamentos dessas duas formas de reescrita e, mais recentemente, áreas disciplinares. A audiodescrição (AD) é um recurso de tecnologia assistiva cujo fim é tornar acessíveis os eventos culturais e educativos prioritariamente às pessoas cegas e com baixa visão, sejam elas congênitas ou adquiridas. No Brasil, a AD foi utilizada pela primeira vez em 2003, em um festival de filmes sobre deficiências. Outras iniciativas vêm ocorrendo desde então, mas apesar da boa aceitação do público, o uso desse recurso ainda é limitado. A presença da audiodescrição na academia ainda é incipiente, mas está atraindo novos pesquisadores, conquistando mais visibilidade e vem se consolidando como uma modalidade de tradução audiovisual. A inclusão da AD nos Estudos da Tradução, especificamente na tradução audiovisual, se deve, entre outros fatores, a questões político-acadêmicas que visavam fortalecer seu desenvolvimento e auxiliar na conquista de seu lugar na sociedade. Para tanto foi necessária a ampliação da tipologia proposta por Jakobson, já que na tradução intersemiótica por ele idealizada é prevista a tradução de signos verbais para signos não verbais, e a audiodescrição é um recurso que utiliza o movimento inverso — traduz signos não verbais em signos verbais. Se a definição do conceito de tradução consiste em uma tarefa complexa, que há anos ocupa os acadêmicos da área, abordar a AD enquanto uma atividade de tradução traz um novo desafio ao debate, já que há características específicas e exigências técnicas desse campo que devem ser levadas em consideração. O fato da tradução audiovisual, e consequentemente a AD, ser vista por muitos como um tipo de adaptação e não como tradução será meu ponto de partida para discutir um possível hiato entre significantes e práticas. A criação da área dos estudos da adaptação fomenta o intenso debate já existente, trazendo à tona a reflexão sobre uma possível busca de autonomia do campo da tradução audiovisual ou, ainda, possíveis rearranjos ou novas filiações.