Oral (Tema Livre)
50-1 | Violência e Trauma: Mapas do Corpo Negro | Autores: | Roland Walter (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) |
Resumo Para Édouard Glissant duas características principais da literatura pan-americana são: um “sentido de tempo torturado”, e “um sentido violento de espaço”. Perseguida pela “natureza assombrada do passado”, que faz com que, nas palavras de Wilson Harris, “a brutalização do lugar e das pessoas” seja complexamente ligada, “a poética do continente americano”, segundo Glissant, busca “a duração temporal”, ou seja, uma história não fragmentada que revela o que aconteceu e por que, constituindo desta forma um elemento fundamental para a reconstrução da consciência individual e coletiva. Desde o sistema econômico de plantação, o corpo negro brutalizado tem sido um campo de luta onde a origem se quebra no silêncio gritante das histórias, paisagens, identidades e vontades violentadas. A literatura da diáspora negra destaca que o (ab)uso do afro-descendente, pela/na economia racializada e racista da violação institucionalizada, continua sendo uma das razões pela errância neocolonial de muitos afro-descendentes. As imagens da mente e do corpo negro fragmentados, alienados e mutilados têm suas raízes no trauma da escravidão — um trauma fundador que desencadeia uma busca circular e retrospectiva do passado; uma errância entre lugares e espaços, terras e mares em busca de lares. Esse ensaio examina como a violência imposta no corpo negro e internalizada pela mente negra é representada pela literatura da diáspora negra com o objetivo de curar o trauma do passado e seus efeitos no presente. |