XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Resumo:940-1


Oral (Tema Livre)
940-1Clarice Lispector tradutora, traduzida e pensadora da tradução, do Estado Novo ao Governo Geisel: (re)pensando a(s) ética(s) tradutológica(s).
Autores:Jean-claude Miroir ((UNB) - Universidade de Brasília)

Resumo

A atividade tradutória de Clarice Lispector inspirou uma linha de pesquisa bastante recente nos estudos claricianos. Dois pesquisadores brasileiros distinguem-se nessa área: o professor André Luis Gomes da Universidade de Brasília (UnB) e o professor Edgar Cézar Nolasco da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Assim, o presente trabalho, com base nesses autores, apresenta uma análise tradutológica aplicada à pratica de tradução de Clarice Lispector de um ponto de vista diacrônico, ou seja, de 1945 – sua primeira (auto)tradução para o italiano de Perto do coração selvagem (1943), em colaboração com o poeta italiano Ungaretti – até a data da morte da Escritora-tradutora 1977, no fim da linha dura da ditadura e no início da abertura política no Brasil. Dentro dos limites desse estudo analisaremos: (1) o discurso de Clarice Lispector sobre sua própria prática de tradução de peças de teatro, com sua co-tradutora Tati de Moraes, e as relações de poder que se estabelecem entre elas e os diretores das peças traduzidas; (2) o discurso de Clarice sobre as traduções de suas próprias obras, uma delas norte-americana considerada “boa” (ética) e a outra, francesa vista como “ruim” (anti-ética), segundo ela; (3) os conceitos de hospitalidade, de estrangeiro, de perdas e de ganhos, na tradução dos nomes próprios (antropônimo, topônimo) da tradução do francês para o português de A Rendeira de Pascal Lainé, realizada por Clarice Lispector em 1975. Esses três aspectos da análise tradutológica aplicada à pratica de tradução, analisados no meio acadêmico, evidenciam três processos cognitivos duplos e distintos da escritora-tradutora, como ler/interpretar, criticar/refletir, traduzir/escrever, associados a vários tipos de economias, como teoria vs prática, traduzível vs intraduzível, autor vs tradutor, tradução vs imitação, nacional vs estrangeiro. De que maneira essas inteligências pragmáticas se articulam nas éticas tradutológicas: acerca da “ética da tradução (paciente)” bermaniana (2002) ou da “ética do tradutor (agente)” na perspectiva de Anthony Pym (1997)? Palavras-chave: Clarice Lispector, Antoine Berman, Anthony Pym, tradutologia aplicada, éticas tradutológicas.