Oral (Tema Livre)
752-1 | O insólito em “O cavalo que bebia cerveja”, de João Guimarães Rosa. | Autores: | Anderson Teixeira Rolim (UEL - Universidade Estadual de Londrina) |
Resumo No conto “O cavalo que bebia cerveja”, em Primeiras Estórias (1962), de João Guimarães Rosa, Reivalino Belarmino narra a história do exótico italiano Giovânio, ex-combatente de guerra, que, com ares de louco, vivia isolado numa chácara com seus cães. O narrador, empregado do italiano, inicialmente sente aversão por este homem de bizarros hábitos: além das costumeiras estranhezas de um estrangeiro, sempre pedia cerveja para dar ao cavalo beber.
Entretanto, e no que concerne ao relacionamento entre eles e às trocas culturais que efetivam, vale mencionar a lenta e profunda mudança no relacionamento entre o narrador sertanejo e o estrangeiro, que vai da xenofobia à amizade saudosa, e que sintetiza o familiar estranho que permeia a narrativa, numa mirada estrábica, entre Europa e sertão.
Assim, a partir das diferenças elencadas entre o autóctone e o estrangeiro, este trabalho pretende investigar unheimlich freudiano no conto em questão, considerando a representação do italiano exilado no Brasil após a segunda grande guerra, e também o desenlace revelador, como índices do insólito na obra. Para isso, verificar-se-á como este efeito se aplica na construção da imagem do exilado para o sertanejo e como as consequências da guerra podem suscitar, também no leitor, o insólito.
|