Oral (Tema Livre)
362-1 | FRAGMENTOS DE LUZ, MEMÓRIAS DA DESTRUIÇÃO: W. G. SEBALD E FRANS KRAJCBERG
| Autores: | Gustavo Silveira Ribeiro (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) |
Resumo O trabalho pretende aproximar criticamente a obra de dois artistas contemporâneos: o escritor alemão W. G. Sebald e o artista plástico polonês (naturalizado brasileiro) Frans Krajcberg. Em ambos, a fotografia tem papel central, funcionando como um catálogo de catástrofes da natureza e da civilização. Se para Sebald, autor de uma prosa evocativa, misto de autobiografia, ensaio e reflexão filosófica, a fotografia revela - pela sua opacidade e pelo perturbador entrelaçamento entre palavra e imagem que realiza - os vestígios melancólicos de um mundo que continuamente se apaga, para Krajcberg a fotografia é um meio de expressão privilegiado para o registro que o artista faz, já há algumas décadas, das queimadas que dizimam florestas inteiras no interior do Brasil. Fixando em imagens abstratas, de cores fortes e formas inusitadas, troncos de árvores recém abatidas, pedaços retorcidos de plantas mortas, trechos de terra calcinada, o artista cria um conjunto de trabalhos (que inclui, entre outras coisas, esculturas e auto-relevos) que ele prefere chamar "memória da destruição", recusando o sentido do termo obra.
Os dois artistas serão lidos aqui a partir de um referencial teórico que inclui Walter Benjamin, Susan Sontag e Márcio Seligmann-Silva. O que se gostaria de apontar no trabalho desses artistas tem a ver com uma espécie de paradoxo que as enforma: ambos constroem textos e imagens de uma beleza estranha, sombria - mas ainda assim plena de vibração e vida - a partir dos restos e ruínas da natureza e da cultura. Esse entrelaçamento entre poesia e morte parece ser um dos pontos de contato (senão o principal) entre as suas obras. |