Oral (Tema Livre)
999-1 | A BIBLIOTECA MÓVEL ANÍSIO TEIXEIRA EM CAETITÉ-BA:
leituras e leitores rurais
| Autores: | Zélia Malheiro Marques (UNEB - Universidade do Estado da Bahia) |
Resumo Este texto relaciona-se às leituras de leitores rurais acompanhadas pela Biblioteca Móvel Anísio Teixeira, em Caetité, alto sertão baiano, e produzidas através de encontros de leitura realizados, no período de janeiro a abril de 2008, através da pesquisa intitulada “Entre viagens, leituras e leitores: a itinerância da Biblioteca Anísio Teixeira”, a qual se vincula ao GRAFHO/PPGEduC/UNEB (Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade). Tendo como objetivo compreender como as práticas de leitura desenvolvidas por essa Biblioteca têm ou não constituído leitores, a investigação focalizou leituras e leitores dos espaços culturais como a Escola Janir Aguiar, antiga escola rural multisseriada e a Casa Anísio Teixeira, na sede de Caetité. Assim, entre espaços urbanos e rurais, as narrativas produzidas serviram para pensar as leituras imbricadas entre os dois ambientes, tanto o urbano, quanto o rural. Dessas narrativas pessoais e sociais do leitor, o diário, como registro dos trabalhos desenvolvidos, constituíram estratégias que possibilitaram discussões sobre a constituição leitora. Do ponto de vista teórico, a pesquisa foi ancorada em estudos de autores que discutem a formação e a leitura, a partir da abordagem (auto) biográfica. De natureza qualitativa, a pesquisa apontou as práticas de leitura da Biblioteca Móvel Anísio Teixeira como atividades que procuram desenvolver leitores não somente a partir dos impressos, mas em diálogo com as leituras culturais oriundas da oralidade local. Grupos sociais como a família e a escola aparecem como espaços entrelaçados, sendo a família, uma espécie de guardiã das histórias pela possibilidade de haver troca de experiências entre si. Do espaço rural em que parte dos encontros foram realizados, fez-se possível constatar as ausências dos mínimos benefícios públicos, mas também pôde-se falar em presenças ao observar leituras e leitores pelo viés da linguagem poética, seja pelas brincadeiras e apresentações teatrais, seja pela produção textual em que as leituras culturais parecem querer ocupar o espaço vazio identificado. Alguns leitores deixam visível a ideia de leitura pela idealização. Ao identificar, no entanto, ações comunitárias, como a iniciativa de criação de espaço de cultura no lugar em que funcionou a escola multisseriada, faz-se possível perceber o interesse dos leitores por uma leitura não somente para a utilidade, mas também como pertencimento e lazer; uma leitura que busca novas ações nesse sentido de expressão e de valorização da vida. |