Oral (Tema Livre)
245-1 | FLOR-DA-PALAVRA: IMAGENS DA INFÂNCIA NA NARRATIVA DE CLARICE LISPECTOR
| Autores: | Mona Lisa Bezerra Teixeira (USP-DOUTORADO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) |
Resumo Na escrita de Clarice Lispector a relação entre os objetos e os personagens está ligada à experiência. Existe uma primazia da percepção através da originalidade, ocasionando em virtude disso, um prolongamento das sensações. E nessa atmosfera de traços reflexivos/especulativos vai sendo exposto o mal-estar que existe nas diversas esferas de relacionamentos sociais: no casamento, nas categorias diversas que compõem a família, no convívio problemático com pessoas distintas e, principalmente, no ser humano solitário em busca do entendimento acerca de sua existência. A experiência na narrativa clariciana tem uma particularidade de resistência que se filia ao protesto de T.W. Adorno a respeito da tecnificação moderna (em “Entre sem bater”, Minima Moralia) quando o filósofo observa que “entre os culpados pela morte da experiência encontra-se a condição de que, segundo a lei de sua pura eficácia, as coisas assumem uma forma que restringe a lida com elas à simples manipulação, sem um excedente que possa gerar liberdade de conduta, ou de tolerância pela independência da coisa, que sobreviva como germe de experiência por não ter sido consumido pelo instante de ação”. As características peculiares da narrativa moderna, no que se refere ao romance, permitem essa liberdade criativa com relação à utilização das potencialidades da linguagem, além da independência para a escolha da estrutura narrativa, como a disposição dos capítulos, o modo de construção do texto referente à sintaxe, o foco centralizado não mais na ação, mas na consciência do personagem. No caso de Clarice, o que se pretende mostrar é como aspectos constitutivos da infância estão impregnados na sua forma literária.
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