Resumo: No Brasil, o momento
editorial da literatura russa é extremamente significativo. Se os estudos
universitários de eslavística já têm uma tradição relativamente consolidada
entre nós, ainda é necessário criar espaços de discussão acadêmica em congressos
representativos. Assim, o simpósio aqui proposto se propõe a acolher tanto
trabalhos específicos sobre autores russos quanto obras comparativas feitas por
pesquisadores de outras áreas (história, ciências sociais, lingüística,
semiótica, filosofia e artes), tendo a literatura russa como prisma, filtro ou
espelho. Tal abrangência é mais do que desejada: o enfoque comparativo é
especialmente adequado para se lidar com a literatura russa, que, como poucas
outras, é feita de um cruzamento dolorosamente auto-consciente e auto-reflexivo
de significados políticos, sociais, éticos, filosóficos e estéticos, em que os
limites entre ensaio, conhecimento e arte são a todo o tempo postos em xeque e
re-elaborados. Essa feição radicalmente híbrida transforma os textos de
Dostoiévski, Tolstói e outros em grandes pontos de interrogação acerca das
fronteiras, das cartografias e dos mapeamentos literários.