Resumo: O intercâmbio entre a
literatura e a imagem virtual iniciado com o cinema só fez aumentar, no Brasil,
desde o advento da televisão, haja vista o crescimento da teledramaturgia, que
tem na telenovela sua maior representante. Ismael Fernandes, em Memória da
telenovela brasileira,
aponta que entre 1963 e 1997, 457 novelas foram levadas ao ar, em oito
emissoras brasileiras. Desse total, segundo Leni Nobre de Oliveira, na
tese de doutorado defendida, em 2006, na UFMG, 178 telenovelas envolvem
textos literários de gêneros diversos, dentre as quais 149
de literatura brasileira. E soma número igualmente
impressionante de minisséries: 81 produções no
Brasil, entre 1965 e 2003, com a utilização de 94 fontes,
sendo 58 de obras brasileiras. A contar apenas os números, a
televisão brasileira estaria transformada num suporte promotor
da literatura veiculada pelos livros. Porém muito há para
se dizer sobre o papel da TV em relação ao conhecimento
geral da cultura literária, de autores e obras. Este
simpósio propõe refletir sobre a importância da
teledramaturgia brasileira na área dos estudos comparados.
Além de análises que apontem os elementos narrativos
presentes no processo das adaptações literárias
para a TV, a proposta pretende levar a discussão para o
âmbito da recepção e da tradução
intersemiótica e, considerando a linguagem da televisão
como um sistema de signos aberto a várias possibilidades,
refletir sobre a teledramaturgia como um fenômeno capaz de
redimensionar o sentido da cultura e sobre o papel do intelectual e das
mídias para o leitor.