Resumo: O presente simpósio
propõe discutir as relações intertextuais que se estabelecem tanto dentro do
campo literário, stricto sensu, como as relações que a literatura mantém com
outros sistemas artísticos, pois a linguagem literária surge, na história da
humanidade, apenas após a aquisição da escrita, tendo sido precedida por outros
sistemas semióticos. Portanto, ocorre como parte do trabalho mais amplo da
produção simbólica, na cultura, sendo regida por conflitos de poder e disputas
quanto à legitimação. Tal perspectiva representa um desafio para os estudos
comparativistas contemporâneos, na medida em que instiga a superação da mera
comparação ingênua entre obras, revelando que o campo literário está situado no
campo da cultura e do poder. Contemporaneamente, os embates intelectuais frente
à experiência clássico-moderna discorrem acerca de novos modos de enfrentamento
e de disseminação do campo literário, explorando novas perspectivas sobre o
conceito de texto (a literatura e a cultura enquanto textos), de um lado, e
apontando para a decorrente exploração de relações de caráter intersemiótico,
intercultural e interartístico, de outro. Nesse domínio, experimentos no âmbito
das novas tecnologias, da sinestesia-cinestesia, das relações intersemióticas
entre som-visualidade-corpo e das formas culturais ditas “pós-modernas” permitem
a investigação de formas híbridas, compreendidas, aqui, também como “processos
socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma
separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas”
(Canclini: 2006).