Resumo: O antigo adágio dos
navegadores, “Navegar é preciso, viver não é preciso”, poderia resumir-se
em outra divisa, “Viajar é preciso”, na qual também estaria incluído o
viver. Desde os tempos imemoriais, a viagem é a grande metáfora da vida. Viagem
em busca da paz, da imortalidade, das utopias, do paraíso perdido que se
recupera pela viagem ou pelo relato dela. O destino procurado, muitas vezes, é o
próprio livro. A busca do misterioso, do diferente, do outro, do próprio “eu”
refletido, por afirmação ou negação, no espelho dos olhos do outro. O relato de
viagem transmitido pelo livro. O livro que traz o relato. O escritor argentino
Ricardo Piglia, certa feita, reuniu os livros em duas categorias: os livros de
viagem e os livros policiais. Nesse contexto, o presente simpósio pretende
discutir viagens na literatura e/ou literaturas de viagem, preferencialmente no
âmbito das literaturas estrangeiras, em textos produzidos no último século,
período marcado pela dissolução dos gêneros clássicos e pelo surgimento de
formas cambiantes. Viajantes, enfim, como os próprios conceitos; como os seres
humanos.