Resumo: É inegável o fascínio que
a Idade Média exerce no imaginário do grande público. A divulgação do tema fora
da área acadêmica chegou à sociedade de consumo contemporânea, através do
cinema, dos quadrinhos, da música, dos best-sellers.Além disso,
estudiosos de vários saberes investigam a permanência e a atualização, em épocas
posteriores, de temas medievais. Sob o manto de romântica sedução, uma Idade
Média plena de barbárie ainda sofre, para o olhar não especializado, certo
preconceito, desacreditado por renovadoras pesquisas, em especial as da História
das Mentalidades, que colocaram os estudos medievais em reestruturada evidência.
O equívoco conceitual de uma lenda negra sobre a "idade das trevas" não anulou,
porém, o importante legado advindo do pensamento abstrato de mestres hábeis em
expressar o indizível e o metafísico próprios do conhecimento filosófico,
teológico, religioso e literário. Sem dúvida, a Idade Média atestou, na Europa,
o nascimento de várias literaturas com obras fundadoras da cultura ocidental,
compondo importante veículo de representação capaz de fazer emergir o mundo
exterior e interior do sujeito. Outras formas de arte, a saber, a pintura, a
arquitetura, a escultura associadas a investigações de teor científico ainda
restrito, sobre a ótica, o movimento dos astros, etc., desfazem a idéia de
ruptura e confirmam a continuidade história medieval. Este simpósio visa à
apresentação de trabalhos, em perspectiva comparada, cujo tema central está
voltado para o questionamento das Literaturas, das Artes e dos Saberes
medievais, a fim de propiciar discussões sobre esse período incontestavelmente
fundador da cultura ocidental.