Resumo: A literatura, segundo
Brunel (1997, p. XXV), é a fonte a partir da qual os mitos se fertilizam, brotam
e fluem. A função do mito, consoante Eliade (1991, p.128), consiste em revelar
uma significação ao mundo e à existência humana. Graças ao mito, o mundo pode
ser discernido como cosmo perfeitamente articulado por contar uma história
sagrada (ELIADE, 1991,p. 11), relatar um acontecimento ocorrido no tempo
primordial, pois graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade
passou a existir. No entanto, segundo Barthes (2003, p. 200), pode-se conceber
que haja mitos antiqüíssimos, mas não eternos; pois é a História que transforma
o real em discurso; é ela e só ela que comanda a vida e morte da linguagem
mítica longínqua ou não, a mitologia só pode ter fundamento histórico, visto que
o mito é uma fala escolhida pela História: não poderia de modo algum surgir da
"natureza das coisas". Desta forma, este simpósio visa a refletir sobre a
literatura, como vasto reservatório dos mitos, que recorre ao caráter vivo do
mito - reversível e recriador- um caráter de mobilidade tanto em aspectos
conservadores da tradição quanto em aspectos de confrontação de idéias. Em suma,
pretende-se a partir de um cunho comparatista, demonstrar como na obra
literária, por meio da leitura dos mitos, se estabelecem as relações dialógicas
intertextuais, instaurando uma percepção da realidade tanto do passado quanto do
presente.