ORIENTAÇÃO: Lorenza Reis Guimarães

RESUMO: "O labirinto do Fauno" é tecido artístico. É simbolismo poético. Conjunto arquitetônico que reúne em sua estética a Historiografia, Literatura, fantasia, tempo e Memória. Segundo Coutinho (1978), a Literatura em si, é um fenômeno estético. Ela é uma arte materializada na palavra. Não é objetivo das narrativas literárias informar, ensinar, registrar ou até quem sabe, doutrinar; ela o faz, em alguns casos, por refletir ou problematizar em sua grafia a história, a filosofia, a ciência, a religião e outros campos de saberes. É, pois, a partir dessa perspectiva que tomamos então a obra O labirinto do Fauno como o próprio produto artístico demonstrativo da Literatura enquanto reflexo do plano real, capaz de converter a História para o campo da ficção. Nesse sentido, a proposta da presente pesquisa é analisar a articulação estabelecida entre Literatura e cinema, apontando como os recursos próprios do plano visual fílmico, bem como sua inter-relação de linguagens e códigos refletidos na transmutação, contribuem para a construção de sentidos. A metodologia aqui utilizada é de caráter qualitativo, pautado no método de pesquisa bibliográfica. Como aporte teórico utilizamos, dentre alguns autores, as perspectivas teóricas da "Memoria de la represión", de Elizabeth Jelin (2002), e as articulações da escrita da história com suas particularidades literárias e memoriais na óptica de Jeanne Marie Gagnebin (2009). O labirinto do Fauno transfigura, tanto pelo campo sintático quanto semântico, a temática da resistência. A própria Memória enquanto método de pesquisa, e que se faz presente nas obras de del Toro, resiste à passagem do tempo e ao risco do esquecimento. A resistência, portanto, é sacra. Por proporcionar uma experiência única na composição gráfica e no plano visual, O labirinto do Fauno nos faz pensar o quanto nossa História é produto de uma "poiesis narrativa" e o quanto é tênue a linha entre a verdade e a Memória do passado.

PALAVRAS-CHAVE: literatura fantástica; cinema; passado; memória; o labirinto do fauno.

REFERÊNCIAS: COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Ed 34, 2009. JELIN, Elizabeth. Los trabajos de la memoria. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores 2002.