ORIENTAÇÃO: Andrei dos Santos Cunha

RESUMO: Quando foi entregue à corte imperial, o Kojiki (712, ???) estava todo escrito em caracteres chineses. No século VIII, a nobreza redigia a maior parte dos seus documentos oficiais não só por meio de letras, mas da língua chinesa também. Com o propósito inicial de registrar a história genealógica da família imperial e da nobreza, a mitologia do Kojiki foi primeiramente lida como um exemplar de historiografia oficial (MIETTO, 1996, p. 43). Mesmo assim, Ô no Yasumaro (????) redigiu a obra na sua língua nativa. Para adaptar o sistema de escrita chinês à gramática japonesa, o autor usou as letras chinesas num misto de fonografia e logografia. Muitas das anotações paratextuais de Yasumaro no Kojiki parecem ter servido à sua necessidade de tornar esse sistema de escrita minimamente inteligível. A tradução estadunidense de Heldt (2014) fez essas notas desaparecerem; e a tradução brasileira de Mietto (1996) não agiu de outra forma. Quero investigar os possíveis efeitos dessas anotações se conservadas numa nova tradução do Kojiki. Levarei as reflexões de Genette (2009) em conta para pensar a tradução desses paratextos, e buscarei ajuda em Frellesvig (2010) para entender melhor o sistema de escrita em que o Kojiki foi escrito originalmente. Numa etapa inicial deste projeto, pretendo fazer um levantamento de todas as glosas interlineares escritas por Yasumaro no primeiro tomo da obra. Depois, pretendo classificar as notas encontradas de acordo com a sua função original, visto que nem todo paratexto do Kojiki serve ao esclarecimento do seu sistema de escrita. Por fim, pretendo experimentar com os resultados obtidos no meu projeto de tradução do texto.

PALAVRAS-CHAVE: Kojiki; tradução literária; paratexto.

REFERÊNCIAS: FRELLESVIG, Bjarke. A history of the Japanese language. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2010. GENETTE, Gérard. Paratextos editoriais. Tradução de Álvaro Faleiros. Cotia: Ateliê Editorial, 2009. MIETTO, L. F. M. R. Kojiki ou “Relatos de Fatos do Passado” – Apresentação com notas analíticas da mais antiga crônica histórica japonesa do século VIII. 1996. Dissertação (Mestrado em História Social) — Departamento de História Social, Universidade de São Paulo, São Paulo. Ô, Yasumaro. The Kojiki. Tradução para o inglês de Gustav Heldt. Nova Iorque: Columbia University Press, 2014.