ORIENTAÇÃO: lis yana de lima martinez

RESUMO: O livro "a cor púrpura”, de Alice Walker, é um romance epistolar onde a personagem Celie, uma garota negra e pobre que vive em uma pequena cidade do estado da Georgia nos Estados Unidos, relata sua vida desde os 14 anos de idade em cartas para Deus e para sua irmã Nettie. Através dessas cartas, o leitor pode acompanhar uma vida de dificuldades que se faz marcada pela opressão de gênero, de classe e pelo racismo, em seus diferentes desdobramentos, e, pela leitura crítica observar como a escrita se faz como a continuidade histórica que se estabelece no sujeito. Alguns trabalhos acadêmicos nacionais já analisaram diversos elementos da obra, como o endereçamento das cartas a Deus, a questão de gênero, a tradução e o discurso da protagonista. Destarte, neste trabalho, o romance é analisado à luz da intermediação entre discurso e memória proposta por Carvalhal (2003) com vistas a observar o movimento do esquema narrativo que emerge pela palavra, “centro irradiador” da subjetividade da personagem (BACCEGA, 2007), mas também pela memória como “constitutivo da própria identidade” (LACLAU, 2011) e como ambos estabelecem a continuidade da personagem como sujeito de sua história (CANDAU, 2011). Considerar-se-á que as epístolas como meio em que Celie “reflete” a si pela palavra, mas também “refrata” as agressões vividas no seu cotidiano (BAKHTIN, 1988), e espaço em que toma parte na partilha do sensível (RANCIÈRE, 2009). O objetivo é pensar a protagonista Celie como um fio condutor entre as histórias das personagens que compõem seu universo familiar ao mesmo tempo em que o próprio processo de reconhecimento e "libertação" da personagem também é desenvolvido.

PALAVRAS-CHAVE: memória; discurso; a cor púrpura.

REFERÊNCIAS: BACCEGA, Maria Aparecida. Palavra e discurso. São Paulo: Ática, 2007. CARVALHAL, Tania Franco. O Próprio e o Alheio. São Leopoldo: Editora da Universidade do Vale do Rio do Sinos, 2003. BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética. São Paulo: Hucitec, 1988. LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011. CANDAU, Joel. Memória e identidade. São Paulo: Contexto , 2011. RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. Tradução de Mônica Costa Netto. São Paulo: Editora 34, 2009.