ORIENTAÇÃO: Anna Faedrich

RESUMO: Em território nacional, e mesmo antes de Virginia Woolf, havia mulheres escrevendo e defendendo a educação feminina, ainda que o campo literário fosse hostil para com elas. No entanto, a contestação do que podemos pensar enquanto território literário, nos pautando em Regina Dalcastagnè, se revela vã, na medida em que se observa a ausência dessas mulheres em nosso cânone literário. Já na contemporaneidade, se por um lado nos movimentamos pelo resgate dessas autoras apagadas, por outro lado, ainda não houve de fato a democratização da Literatura. Pesquisa coordenada por Dalcastagnè (2012) mostra que, de todos os romances publicados pelas principais editoras brasileiras entre 1990 e 2004, 120 em 165 autores eram homens. Pesquisa mais recente, de Regina Zilberman (2017), analisando indicações de prêmios literários entre 2010 e 2014, revela a perpetuação da desigualdade de gênero no campo literário, ainda que, mercadologicamente, nos últimos anos, possamos notar uma tendência à valorização de temas feministas. Cabe pensar a resistência feminina, portanto, não apenas por meio do que vem sendo desvelado e publicado, mas atentando-se para mecanismos socioeconômicos que, cooptando pautas de mulheres, retiram potência dessas vozes enquanto discursos autênticos e as comercializam, gerando a falsa sensação de liberdade. Neste trabalho, exponho alguns indícios de que por trás das aparentes transformações no cenário da Literatura Brasileira, ainda há mecanismos de dominação masculina que merecem ser analisados.

PALAVRAS-CHAVE: escritoras brasileiras; teoria feminista; teoria da literatura; cânone literário.

REFERÊNCIAS: DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Rio de Janeiro: Editora da Uerj, 2012. ZILBERMAN, Regina. O romance brasileiro contemporâneo conforme os prêmios literários (2010-2014). Estudos de literatura brasileira contemporânea, Porto Alegre, n. 50, p. 424-443, 2017.