ORIENTAÇÃO: TATIANA FRANCA RODRIGUES ZANIRATO

RESUMO: O presente trabalho a ser apresentado é fruto da pesquisa de iniciação científica intitulada “Maldita ortodoxia!” ou Ridendo Castigat Mores: a moral em questão nas Bufólicas, de Hilda Hilst.” que tem o intuito de trabalhar a desconstrução da moral feita pelo narrador das fábula-poéticas, presente no livro “Bufólicas” (2014), de Hilda Hilst (1930-2004). A análise da obra foi relacionada com a abordagem de Bettelheim em “A Psicanálise dos Contos de Fadas”, Nietzsche em “A Genealogia da Moral”, Foucault em “A História da Sexualidade” e o conceito de poésis de Octavio Paz em “O Arco e Lira”. Com essa análise, buscou-se questionar o lugar da poesia na contemporaneidade, pois, o livro através das sátiras construídas por um jogo de conteúdos explícitos (cena) e implícitos (obscena), possibilita romper a moral judaico-cristã. Em seu livro, Hilda faz um engenhoso trabalho de construir cenas cheias de termos e imagens pornográficas que, em um primeiro momento, nos leva a pensar que toda sua obra serve para nos divertir ou fazer rir, entretanto, ela não se limita a isto. Por trás destas cenas, são construídas obscenas, que tem todo o trabalho de descaracterizar, deformar, desconstruir o universo dos contos de fadas presentes nas fábulas-poéticas de Bufólicas, e, com isso criando a possibilidade de um diálogo entre fábulas, moral e sexualidade, que nos permita um olhar mais crítico e liberto para nossa sociedade. Na (obs)cena, vemos, ao longo de seu livro, que Hilda desconstrói tudo que fomenta a moral nos contos de fadas, porque, em um discurso de liberdade, tudo que dissemina uma moral conservadora, ortodoxia, deve ser desconstruído. O emprego de termos sexuais e de baixos calões usados pelo narrador, quando visto pela obscena, é um ato de tirar o sexo das quatro paredes do casal paterno e jogar onde ele realmente deve existir: na linguagem poética, na mais pura e elevada linguagem poética que questione os valores sociais.

PALAVRAS-CHAVE: Hilda Hilst; Bufólicas; Moral; Fábulas; Lírica.

REFERÊNCIAS: BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fadas. Tradução Arlene Caetano. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ESOPO. A Galinha e os Ovos de Ouro. Disponível em: <https://www.sitededicas.com.br/fabula-a-galinha-e-os-ovos-de-ouro.htm#link1>. Acesso em: 23 jul. 2020. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade – a vontade de saber. Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. São Paulo: Graal, 2005. HILST, Hilda. Bufólicas. 2.ed. - São Paulo: Globo, 2009. NEY, Lilia da Silva. O riso em bufólicas: o incompossível se fez ordem. 2014. 102 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2014. NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. PAZ, Octavio. O arco e a lira. Tradução Ari Roitman e Paulina Wacht. São Paulo: Cosac Naify, 2012. QUATRO CINCO UM: A revista dos livros. São Paulo: Folha de São Paulo, 13 jan. 2020. Disponível em: <https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/i/verdades-vestidas-de-mentiras>. Acesso em:23 de fev. de 2020.